APAIXONADO PELA BABÁ DAS MINHAS SOBRINHAS Capítulo 7: A Rebeldia de Flávia
*Rafael narrando*
Ao amanhecer, estava olhando para fora do meu quarto, remoendo os acontecimentos da noite anterior.
Lembrava da rebeldia de Flávia — que pegara um vestido de seda, comprado em uma das lojas mais caras de Manhattan, e o transformara, junto das pequenas gêmeas, em uma tela de dragões chineses coloridos e brilhantes —, confesso que a atitude dela me surpreendeu. Pois percebi que Flávia não se deixava comprar por pedaços de seda, e isso tornava a conquista ainda mais interessante.
Ainda lembro daquela voz musical me desafiando: “Refletindo o padrão Hawthorne. Dragões são parte da herança familiar, não?”
Quando Bia depois de sujar meu sapato italiano de tinta falou: “Acabei de descobrir, tio Hawt a Flávia é uma fada disfarçada!”
Não pude discordar da minha pequena sombrinha, afinal ela realmente parecia uma fada. Pois deve ter alguma espécie de feitiço, afinal a imagem dela não me abandona: Cabelos desalinhados, mãos manchadas de tinta, aquele vestido de seda colado ao corpo, delineando cada curva. “Droga!” Até na rebeldia, ela parece uma obra de arte. Quase estraguei tudo demostrando satisfação na frente dela, mas me segurei—ela não podia saber que aquilo… me agradou. E nem podia deixá-la acreditar que suas provocações sairiam impunes.
Mas era quase impossível, esquecer o jeito que o tecido molhado de tinta grudava nos seios pequenos e firmes, o quadril estreito se movendo com determinação, e aquele narizinho empinado pra mim. Aliás, não era só o nariz que era empinado, não. “Que traseiro! E só Deus sabe o aperto na garganta, ao imaginar mordendo aquela nuca teimosa, enquanto encurralaria com gosto ela contra a parede para ver se a ironia nos olhos dela se transformava em outra coisa…
— Você tá ficando louco, Rafael. Ela é só uma babá.
— falei baixo, sozinho no quarto, enquanto apertava o nó na gravata. Nunca me importei com babás. Mas nenhuma delas me fez perder o fôlego ao ver tinta escorrer entre os dedos dela, imaginando como seria sentir essa mão suja agarrando minha nuca… Meu estômago apertou. Não era só desejo.
“Era… admiração? Merda. Quando foi a última vez que alguém me fez sentir isso?”
Quero vê-la de joelhos. Não por submissão, mas porque ela escolheu ceder. Quero arrancar cada camada de ironia até encontrar a verdadeira mulher que se esconde por baixo daquela camada de medo e rebeldia. E, Deus, como quero ouvir meu nome saindo daquela boquinha num gemido, não num sarcasmo.
Vou caçá-la. Vou provar que sou mais teimoso, mais esperto. E quando ela finalmente cair, vai entender que foi conquistada.
Sorri maliciosamente, quando acordei e lembrei do perfume dela quando devolveu ao iPod para as minhas mãos com delicadeza, e também do desafio na voz quando a repreendi e ela me respondeu:
“Mas é divertido fazer dragões sorrirem, senhor Hawthorne! — Aquela audácia dela foi… intrigante, principalmente porque demonstra medo no olhar toda vez que eu me aproximo, mas naquele momento parecia outra Flávia uma bem mais excitante: “Porra, que…atrevimento delicioso!”
Ontem a noite confesso que fui para festa, somente para tentar apagar o cheiro de Flávia da memória. Não funcionou… beijei uma loira insípida, pra tentar esquecê-la, mas… ”Droga! Até quando estou com outra, só penso nela…”
Ainda estava olhando para janela quando o meu iPad sujo de tinta brilhante que Flávia deixara ao tocá-lo deu um bip. Abri a tela e descobri mais sobre o passado dela no Texas graças ao relatório do investigador:
— Não pode ser! — falei entre os dentes — Agora entendo! Entendo porque ela foge quando me aproximo, por que não permite que eu sequer me sente perto dela se as gêmeas não estiverem por perto.
Franzindo a testa e apertando os punhos, resmunguei:
— Maldição. Isso torna as coisas muito mais difíceis!
Decidi: “preciso agir para protegê-la dessa situação e desse imbecil. “Mas quem a protegerá de mim?”
Saber do passado dela fez algo estranho brotar em mim — uma urgência de confrontar o homem que a machucara. Mas controlei-me. Precisava ajudá-la sem expor minhas intenções. Decidi manter distância, mas, ao mesmo tempo, mostrar-lhe que eu não era como os outros. Que podia confiar em mim.
“O desafio era… Fazer isso sem que ela soubesse”
Desci para o café da manhã determinado a fazer isso e encontrei mais uma surpresa. A sala de jantar estava um caos colorido. Até Rosalía, a governanta que nunca sorria, tinha um unicórnio desenhado no avental. “Até eles?” Quis gritar, ordenar que apagassem aquilo, mas... parei e apenas tranquei o rosto falando:
— Isso é inapropriado!
Porém não falei mais nada quando observei que Flávia estava no centro, olhando espantada para as gêmeas, que riam ainda com os dedos sujos de tinta. “Ela transformou tudo.” Havia vida ali. Vida que ela trouxera. Vida que eu não sabia que faltava.
Peguei minha xícara de café e quase a derrubei. No fundo branco, um dragão verde cuspia fogo em letras infantis: "Para o titio monstro, te amo, tio Hawt". Mel. Sabia que era Mel. Levei a xícara para o escritório como se fosse um troféu.
Ao descer e ver ela de costas e sozinha na sala de estudos, procurando os cadernos e canetas das meninas, me aproximei dela:
— Flávia! Prepare as meninas. Agora.
Minha voz foi mais áspera do que pretendia. Ela tremeu e quando ergueu o rosto, os olhos azuis faíscaram como sempre, mas dessa vez... Ela está com um olhar assustado? Percebi a tensão nos ombros dela, bem como, o jeito rápido demais que baixou a cabeça e se afastou de mim. Quis dizer algo, tocar seu braço, mas cerrei os punhos.
— Sim, senhor — ela respondeu, com a voz suave, mas as mãos tremiam levemente ao juntar os cadernos das crianças sem me encarar.
No carro, as gêmeas cantarolavam no banco de trás, e Flávia olhava fixamente pela janela. Eu a observava pelo retrovisor. Seus lábios estavam entreabertos, como se estivesse prestes a falar, mas ela os mordeu até ficarem vermelhos. “Pare!” Queria dizer. “Pare de ter medo. De mim e do mudo, mas que droga!”
No escritório, encarei o relatório novamente. Fotos dela no Texas: olhos fundos, cicatrizes no pulso que o investigador anotou como "acidentes". “Mentira.” Quebrei a caneta que estava segurando. “Eu vou matar ele. Mas primeiro... primeiro precisava consertar algo”. “Ela.”
Ao anoitecer, tive uma conversa com ela com respeito à proteção das meninas. Falei que contrataria seguranças para elas. Apesar do olhar relutante, ela nada disse, apenas aceitou. O que ela não sabia, na verdade, era que os seguranças não eram somente para as garotas, mas não diria isso a ela, pois sabia que Flávia poderia não entender.
Algumas horas depois, fui até o quarto das gêmeas. E coincidentemente ela estava lá, enrolada em um cobertor, dormindo no sofá ao lado das camas das crianças. Seus cabelos loiros cobriam parte do rosto, e pela primeira vez... parecia frágil. “Não. Ela não é frágil. Ela sobreviveu.” Ajoelhei-me sem fazer ruído, minha mão pairando perto do seu rosto. Quis limpar as lágrimas secas na bochecha, mas congelei quando ela murmurou:
"Não... por favor, não."
Levantei como se tivesse sido golpeado. “O que estou fazendo?” Voltei para o corredor escuro, o coração batendo descompassado. “Protegê-la.” Era isso que importava. Mas como proteger alguém de um monstro quando você mesmo é um?
No dia seguinte, comprei tintas. Caixas delas — as melhores, as mais brilhantes. Deixei na porta do quarto dela com um bilhete:
"Pinte o mundo inteiro, se quiser. Eu pago."
O dia todo ela não mencionou o presente. Mas, naquela noite, encontrei um pequeno dragão dourado desenhado na capa de um dos meu relatório de trabalho. Um leve resquício, de algo que havia esquecido como fazer surgiu em meu rosto. “Um sorriso.”
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