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Another me CAPÍTULO 3
Depois que chegaram a um consenso na reunião, Arllow Blake deu o dia livre à equipe, permitindo que cada um se preparasse melhor para o encontro com Nemesis.
—Descansem e se organizem. Quero todos no seu melhor daqui a dois dias — Arllow declarou antes de sair da sala.
Os outros começaram a se dispersar, mas Matteo permaneceu sentado, apoiando os cotovelos nos joelhos. Uma leve tontura o fez esfregar a testa, na esperança de afastar o desconforto.
Genesis, que já estava a caminho da porta, notou o gesto dele e parou. Aproximou-se com passos leves, a preocupação evidente nos olhos.
—Ei, está tudo bem? — ela perguntou em voz baixa, abaixando-se ligeiramente para ficar na altura dele.
Antes que Matteo pudesse responder, Amber Cross se aproximou com um sorriso insinuante e o olhar frio.
—Para o bem da humanidade, vocês deviam dar um tempo - a voz dela gotejava sarcasmo. — Ou não repararam que quase todas as vezes que Nemesis atacou, vocês estavam juntos? Vai que ela não gosta da ideia de que sua querida irmãzinha esteja trepando com o homem que a caça há tempos.
O impacto das palavras caiu como um golpe seco. Amber deu as costas e saiu com a mesma leveza cruel com que falou, deixando a tensão suspensa no ar. Os outros membros que ainda estavam por perto trocaram olhares desconfortáveis, preferindo sair em silêncio.
Genesis apertou os punhos por um instante, mas logo voltou sua atenção para Matteo, que desviou o olhar, claramente desconfortável.
— Ei, não dê ouvidos ao que ela disse - a voz de Genesis era suave. — Sabemos que Amber sempre teve uma queda por você e não suporta o fato de não ter sido escolhida.
Matteo esboçou um pequeno sorriso para tranquilizá-la.
—Não se preocupe. Não ligo para o que ela disse. Só não estou me sentindo muito bem — ele passou a mão pelo pescoço, massageando a área com leveza.
Genesis se aproximou ainda mais, inclinando-se para observar o local que ele tocava. Ela notou que a pele estava levemente inchada e avermelhada.
—Parece uma picada de mosquito, — ela franziu a testa.
— Vou aproveitar o dia livre e passar no hospital. Quero estar pronto para o que vier daqui a dois dias, quando formos capturar a... — Matteo interrompeu a frase, hesitando em dizer o nome. Sabia que poderia ser delicado mencionar Nemesis desse jeito, afinal, era a irmã dela. Genesis percebeu a pausa e sorriu com suavidade.
— Pode dizer o nome dela. Eu estou bem. Na verdade, depois de tudo que ela fez comigo e com outras pessoas, o que eu mais quero é vê-la atrás das grades, e nada me daria mais prazer do que sermos nós a prendê-la.
Matteo sorriu levemente e assentiu.
—Quer que eu vá com você ao hospital? — Genesis ofereceu.
— Não precisa se incomodar. É só um check-up rápido, nada demais.
— Tudo bem. Nos vemos mais tarde, então.
Matteo apertou a mão dela e se levantou com um último sorriso discreto, embora seus movimentos ainda estivessem um pouco lentos. Genesis o observou sair e, por um momento, uma pontada de preocupação a atravessou. Havia algo naquele inchaço que não lhe parecia normal, mas ela balançou a cabeça, afastando a sensação.
*****
Matteo entrou no consultório sentindo a tontura persistente que o estava deixando inquieto, e ele mal podia esperar para descobrir o que estava errado. O médico, um homem de meia-idade com óculos redondos e expressão tranquila, gesticulou para que Matteo se sentasse.
— O que exatamente você está sentindo? — Perguntou o doutor, ajustando o estetoscópio no pescoço.
— Tontura leve desde hoje mais cedo, sonolência, e meu pescoço também ficou um pouco inchado
Matteo — disse inclinando a cabeça para mostrar a picada.
O médico analisou o local com cuidado, franzindo o cenho. Ele pegou uma pequena lanterna e examinou mais de perto.
— Está realmente inflamado. Você tomou algum medicamento nos últimos dias? Pode ser uma reação.
— Sim, tomei algumas coisas: um relaxante muscular e também um suplemento para o treino — o médico fez uma anotação rápida.
—Nenhum desses medicamentos deveria causar tontura ou sonolência. E essa inflamação não é comum para uma picada de mosquito.
Matteo sentiu um arrepio de inquietação subir pela espinha.
— Então o que pode ser? — ele perguntou.
— Vamos colher uma amostra do seu sangue para analisarmos. Preciso verificar se há alguma substância inesperada no seu organismo disse — o médico, pegando uma seringa e preparando os materiais para o exame. — Vou mandar para o laboratório logo em seguida.
— Pronto! — Disse o doutor, retirando a seringa e aplicando um curativo no braço de Matteo. - Agora é esperar os resultados. Faremos diversos exames, e alguns poderão sair mais cedo, enquanto outros podem tardar um a dois dias. Mas não se preocupe, eu vou avisar assim que souber dos resultados. Enquanto isso, fique atento a qualquer mudança no seu estado.
Matteo assentiu, tentando afastar a preocupação. — Tudo bem. Obrigado, doutor.
Algum tempo depois, quando Genesis se dirigia ao estacionamento, encontrou Amber encostada casualmente em um carro preto, com o mesmo olhar provocador de mais cedo.
—Você realmente deveria pensar no que eu disse, Genesis — ela comentou, cruzando os braços. — A proximidade de vocês é perigosa. Isso não é apenas sobre sentimentos, é sobre padrão de comportamento. Se Nemesis estiver mesmo observando, qualquer vínculo emocional seu pode ser sua ruína.
Genesis parou diante dela, mantendo a expressão firme, mas havia uma fagulha de irritação em seu olhar.
— Sabe, Amber, se você se concentrasse mais no trabalho e menos em espalhar veneno, talvez tivesse mais sucesso — Genesis rebateu, mas Amber apenas sorriu.
— Só não diga que eu não avisei quando começarem a chover cadáveres de pessoas que você gosta — com essas últimas palavras, Amber subiu no carro e partiu.
Genesis balançou a cabeça, tentando manter a calma. Ela sabia que Amber queria provocá-la, mas uma inquietação surgiu em sua cabeça.
"E se for verdade? E se Nemesis quiser atacar as pessoas com quem me importo? Não, isso não pode ser. Se esse fosse seu plano, ela já o teria feito faz tempo, não é?" ela pensou.
Genesis caminhou até seu carro, ligou o motor e partiu do local.
Enquanto conduzia, uma sensação ruim a fez parar no meio do caminho. Pegou o celular e hesitou por um segundo, mas acabou ligando para Matteo.
O telefone tocou várias vezes até ir para a caixa postal. Ela tentou mais uma vez, mas o resultado foi o mesmo. Um frio percorreu sua espinha e o medo tomou conta dela. Não era feitio de Matteo ignorar ligações, especialmente as dela.
— Eu só vou checar se ele está bem - disse para si mesma enquanto acelerava pelas ruas da cidade.
Ao chegar ao hospital que Matteo frequentemente ia para suas consultas, Genesis correu para a recepção, mas a atendente informou que Matteo não havia dado entrada.
A sensação de que algo estava terrivelmente errado ficou ainda mais forte. Ela saiu do hospital sentindo o coração bater mais rápido. Pegou o celular e tentou novamente ligar para Matteo, mas sem êxito.
Ela entrou no carro, olhou ao redor, apertando o volante com força. Partiu para a estrada com o propósito de chegar até a casa dele.
Seu celular vibrou no console do carro, e ao ver o nome "Matteo" aparecer na tela, um alívio imediato percorreu seu corpo. Sem hesitar, ela pegou o telefone.
— Matteo! — Disse rapidamente, colocando o aparelho no ouvido.
Mas ao desviar os olhos da estrada por uma fração de segundo, um farol surgiu na curva, acompanhado do som estridente de buzinas. Genesis tentou frear, mas o carro deslizou na pista molhada. O impacto veio como uma onda violenta amassando o metal, o vidro se estilhaçando, e o mundo girando em um caos.
Do outro lado da linha, Matteo ouviu o choque e seu coração disparou.
— Genesis? Baby, você está aí? Consegue me ouvir? Genesis! — Sua voz era um misto de pânico e desespero.
Os minutos se estenderam, mas para Matteo, pareceram horas. Tudo ficou quieto. Então, uma voz diferente atendeu.
— Senhor, aqui é da ambulância. A senhora envolvida no acidente está inconsciente e precisamos levá-la ao hospital imediatamente.
— Para que hospital a estão levando? — Matteo se apressou a perguntar.
— Estamos a caminho do Hospital Central.
—Estou indo para lá agora. Por favor, cuidem dela!
Matteo desligou e correu para a saída da clínica, sem se importar com a leve tontura que sentia. Seu único pensamento era chegar ao hospital onde Genesis estava sendo levada. Ele mal podia acreditar no que acabara de acontecer. O simples ato de atender sua ligação quase custou a vida de Genesis.
*****
Genesis abriu os olhos devagar, a luz branca do teto fazendo-os arder. A dor latejava em sua cabeça e em seus músculos, mas o alívio foi imediato quando seus olhos encontraram os olhos azuis de Matteo. Ele estava ao lado dela, o rosto marcado por uma mistura de preocupação e culpa.
—Você está bem? — Ela sussurrou, a voz rouca e fraca. Matteo segurou a mão dela com delicadeza, como se ela pudesse se partir a qualquer momento.
— Eu que devia estar te perguntando isso. Você quase morreu, Genesis — ela tentou sorrir, apesar da dor.
— Foi um acidente. Não tem culpa nenhuma nisso.
Ele passou a mão pelos cabelos escuros dela, tentando se manter calmo. Seus olhos azuis fitaram os olhos castanhos dela, fazendo sua pele corar levemente.
— Quando ouvi o som do impacto pelo telefone...
— ele engoliu em seco. — Eu achei que tinha te perdido.
Genesis apertou a mão dele com mais força. — Estou aqui. E você está aqui. Isso é o que importa.
O médico entrou no quarto, interrompendo o momento.
— Senhorita Rothwell, felizmente você teve sorte. Algumas contusões, mas nada grave. No entanto, precisa de repouso absoluto por alguns dias.
Assim que o médico saiu, ambos se entreolharam, a preocupação evidente em seus olhos.
— Não posso deixar que o resto do pessoal se aperceba desse repouso. Estamos a um passo de pegar minha irmã, e eu não posso me dar ao luxo de simplesmente não estar presente nesse dia — Matteo ouviu suas palavras e desviou o olhar. Tal como ela, ele também seria impedido de participar na captura de Nemesis por conta dos exames e das suas queixas recentes.
Assim, Matteo apertou a mão dela, e naquele toque silencioso, fizeram um pacto. Não importava o que viesse, eles enfrentariam tudo lado a lado e não contariam aos seus colegas sobre sua situação clínica.
Horas depois, Genesis finalmente recebeu alta do hospital. Apesar das recomendações médicas para repouso absoluto, ela insistiu que estava bem o suficiente para sair dali. Matteo, no entanto, não estava convencido.
— Não sei se te deixar andar por aí é uma boa ideia— ele comentou, segurando-a pela mão enquanto caminhavam até o carro.
— Eu estou bem, Matteo. Só um pouco dolorida — ela respondeu, tentando parecer mais firme do que realmente estava.
Ele suspirou, sabendo que não adiantaria discutir. Ainda assim, ao chegarem ao carro, abriu a porta para ela e esperou que se acomodasse antes de dar a volta e entrar no lado do motorista.
— Já que você se recusa a ficar no hospital, ao menos que deixe cuidar de você essa noite.
Ela bufou, cruzando os braços. — Hum, tá bom.
Matteo sorriu com o momento de birra de Genesis. Então ele ligou o carro e partiram.
O barulho da chuva fraca contra o vidro do carro criava um ritmo suave enquanto Matteo dirigia pelas ruas da cidade.
Genesis, recostada no banco do passageiro, observava a paisagem passando com um cansaço leve nos olhos. O acidente deixou seu corpo dolorido, mas estar ao lado de Matteo fazia a tensão diminuir aos poucos.
— Onde estamos indo? — Ela perguntou, notando que ele havia tomado um caminho diferente.
— Para minha casa ele — respondeu, lançando um breve olhar para ela. — Eu vou cozinhar pra você.
Genesis arqueou uma sobrancelha surpresa.
— Cozinhar? Desde quando você sabe cozinhar?
— Sempre soube - ele deu de ombros. — Só nunca tive a chance de cozinhar para você antes.
Ela o encarou por um momento, tentando imaginar Matteo, o homem calculista e de feições frias, com um avental na cozinha. A ideia a fez sorrir.
— Isso eu preciso ver.
*****
Quando chegaram ao apartamento de Matteo, ele a guiou para o sofá da sala e pegou um cobertor para ela.
— Fique aí e descanse. Eu cuido do resto.
— Você realmente vai cozinhar? — ela cruzou os braços, divertindo-se com o entusiasmo dele. — Claro. — ele disse, indo até a cozinha.
Genesis se acomodou no sofá, observando enquanto ele pegava os ingredientes e começava a preparar algo. O cheiro de alho e ervas logo preencheu o ambiente, despertando seu apetite.
— O que você está fazendo? — ela perguntou curiosa.
— Carbonara. E antes que você pergunte, sim, a versão original, sem creme de leite — ele respondeu com uma piscadela.
Genesis soltou uma risada baixa. — Então além de cozinheiro, você também é exigente com receitas clássicas?
— Você não tem ideia. — Matteo mexia a massa na panela com precisão, como se estivesse acostumado àquilo.
Genesis ficou em silêncio por um instante, apenas observando-o. Ele parecia diferente ali, em seu espaço, concentrado na tarefa simples de cozinhar para ela.
Não era o caçador de criminosos, o detetive,o homem sempre pronto para lutar. Era só Matteo cuidando dela.
Pouco depois, ele colocou os pratos na mesa e puxou uma cadeira para ela.
— Pronto. Agora vamos ver se você aprova. — Genesis pegou um garfo e experimentou um pouco. Seu rosto se iluminou imediatamente.
— Meu Deus. Isso está incrível! — Genesis exclamou, fazendo Matteo sorrir satisfeito.
— Eu sei. — Ele diz e Gensis revira os olhos rindo. —Convencido, — Genesis retrucou. — Apenas realista — Matteo respondeu.
Eles continuaram o jantar entre risadas e conversas leves.
Quando terminaram, Matteo insistiu para que ela tomasse um banho quente para relaxar.
— Você está toda dolorida. Vai ajudar. — Genesis concordou, mas antes que pudesse ir sozinha, ele segurou sua mão.
— Eu vou com você. — Suas palavras fizeram ela arquear a sobrancelha. — Está querendo se aproveitar da situação, senhor Sano? — Ele riu.
— Eu só quero garantir que você não desmaie de dor no chuveiro.
Lentamente ela se aproximou dele, depositando beijos em seu pescoço até chegar perto de seu ouvido.
— De que tipo de dor estamos falando? — Ela sussurrou no ouvido dele, fazendo-o fechar os olhos e travar a mandíbula.
— Não devia pensar nisso agora, você precisa de repouso.
Genesis fingiu considerar por um momento, mas então se afastou dele.
— Tudo bem. Você que manda! — Ela disse piscando o olho. Ele segurou a mão dela e a guiou até o banheiro. O vapor começou a preencher o ambiente conforme a água quente caía. Matteo ajudou Genesis a tirar a roupa com cuidado, especialmente onde havia ferimentos.
Sob a água, ele deslizou as mãos pelas costas dela, massageando levemente os músculos tensos. Genesis fechou os olhos, aproveitando o toque. Matteo lavou seus cabelos com calma, seus dedos percorrendo o couro cabeludo dela com suavidade.
— Isso está começando a parecer mais um mimo do que uma preocupação médica — ela murmurou com os olhos fechados.
— Talvez seja um pouco dos dois — ele respondeu com a voz baixa e próxim ao ouvido de Genesis.Ela sorriu, deixando-se relaxar completamente.
Quando saíram, Matteo deu uma toalha para que ela pudesse se secar e enrolou a outra em volta de sua cintura, cobrindo sua intimidade, mas deixando seu peitoral musculoso e definido à mostra.
Genesis o encarou por um momento, o desejo ardendo em seu olhar, mas ela admite para si mesma que seu corpo está cansado e dorido demais para dar vida às suas fantasias.
Genesis sentou na cama e Matteo fez o mesmo, ficando ao lado dela enquanto segurava um frasco de pomada e cotonetes.
— Vira — ele pediu e ela obedeceu, puxando os cabelos para o lado, expondo a nuca. Matteo passou os dedos pela pele, próximo à região machucada antes de aplicar a pomada.
— Você sempre foi tão cuidadoso assim? — ela murmurou.
— Só com você — ele respondeu com a voz baixa.
Genesis virou o rosto para encará-lo. Matteo deslizou a mão até o queixo dela, inclinando-se devagar até seus lábios tocarem os dela num beijo rápido.
— Você tá me tratando como se eu fosse feita de vidro — ela murmurou. — Não é isso. Só quero garantir que você fique bem.
Ele deslizou os dedos suavemente por sua nuca, depois para seu braço e sua perna espalhando a pomada com cuidado. O toque dele era quente e gentil.
Genesis sentiu um arrepio subir por sua espinha, mas permaneceu quieta, fechando os olhos por um instante.
— Pronto — Matteo sussurrou, e quando ela abriu os olhos, encontrou os dele fixos nos seus.
O silêncio que se instalou entre eles não era desconfortável, mas carregado de algo não dito. Ele ergueu a mão e acariciou o rosto dela com o polegar.
— Você me assustou hoje, sabia? — Ele confessou, a voz rouca.
— Eu estou bem, Matteo — ela sussurrou.
— Eu sei... Mas eu nunca quero sentir aquilo de novo.
Genesis não respondeu. Apenas se inclinou para frente e o beijou lenta e profundamente, como se aquele momento pudesse durar para sempre.
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