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Stories - Parte 1

Capítulos 4

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Stories - Parte 1: Rainy Days [4]

"Não desista de mim ainda Não esqueça quem eu sou. Sei que ainda não cheguei lá, Mas não me deixe aqui sozinha"

20 de Julho - Fim de tarde de Domingo 

Durante a tarde, Lis vasculhou o guarda roupa, hesitante, sem saber o que vestir, afinal nunca participou de um acampamento. Pegou a jardineira saia de veludo vinho na gaveta e tentou ver com o que combinava. Montes de blusas foram amarfanhadas e empilhadas na cama antes dela se decidir por uma camiseta de listras horizontais. Calçou um par de tênis macios e desceu animada com a ideia de que estariam todos à sua espera.

Marcelle e Olga conversavam na sala.

— Pois é, né mulhé! Mas quem somos nós pra julgar! — Olga disse e riu. Estava sentada na poltrona deformada que Marcelle tinha tentado reformar, porém não deu muito certo e acabou parecendo que tem menos tecido do que poltrona. Lis tinha certeza de que qualquer dia o tecido iria ceder e formar um buraco.

A mãe vira o pescoço para encará-la. 

— Que linda! — fez um gesto para Lis se aproximar. 

— Uma princesa! — disse Olga. Seus cabelos pretos e cacheados emolduravam o rosto cinzelado deixando-a ainda mais bonita.

A garota abriu um sorriso, adorava receber elogios dos adultos, por isso se empenhava tanto em ser perfeita desde muito novinha.

— Vamos, mamãe? — Lis perguntou. Viu uma expressão de desconforto aparecer no rosto da mãe.

— Ah não, meu amor. Olga conseguiu outro ajudante — Marcelle riu, e Olga colocou a língua para fora numa careta divertida. — Essa noite, Adele e eu vamos tentar nos entender. — a mãe falou. 

Lis até entendia os motivos dela, mas adoraria tê-la por perto como um apoio moral.

— Qualquer coisa a tia defende você! — Olga deu um sorriso contagiante. 

Sentindo-se um pouco mais confiante, Lis seguiu com a mulher mais velha até o portão. Os garotos já estavam lá esperando numa kombi azul e branca de bancos forrados e cortinas nas janelas. 

A julgar pelas caras dos meninos, eles estavam muito animados. Nathan encostado do lado de fora carregava uma bolsa transversal, e seus cabelos pretos, sempre desordenados, caíam sobre os olhos verdes. A julgar por sua aparência, parecia ter dormido completamente vestido sem se dar ao trabalho de tomar banho para sair.

— Olha quem finalmente decidiu sair com a gente — recebeu Lis com um sorriso, segurando um gatorade azul. — Tome o seu lugar a bordo, senhora. — Nathan inclinou a cabeça para frente em um gesto cordial.

Lis sorriu, adorava como o colega sempre era gentil e educado. Se Daniel fosse um pouquinho mais cordial, como esse garoto, seria um verdadeiro príncipe encantado, mas não ele preferia agir feito um selvagem. Dentro da Kombi, Dimas batucava nos bancos.

— Daora que cê veio — Dimas diz. Sempre falava usando gírias, o que dificultava a compreensão quando conversavam. Sorri. — O mano vai gostar de saber que cê tá aqui.

— Queria ter tanta certeza assim — admitiu Lis. E viu Dimas franzir as sobrancelhas, deixando subentendido que não sabia do fiasco da noite passada. Ela sempre imaginou que os garotos conversavam sobre esse tipo de coisa.

— Dimas, cadê teu pai? — Olga interrompeu a conversa — Ele me encheu a paciência pra vir e agora some! — uma coisa que Lis tinha percebido sobre Olga é que ela sempre parecia nervosa quando o assunto é pai do filho dela. O que levava a crer que talvez ainda tivesse sentimentos por ele.

— Entrou na casa do padrinho. Acho que foram beber água. — Dimas respondeu colocando as mãos nos bolsos do casaco de capuz e descansando a cabeça cacheada no encosto do assento.

— Ô homem do meu abuso! — ela entrou na Kombi e buzinou várias vezes em seguida.

— Tamo indo! — o negro enorme com tatuagens e dreads aparece erguendo o braço. Bismarck se despede de seus amigos de juventude e vem para o portão com quatro meninas e o pai de Lis, mas o foco dela está em Daniel no meio daquela mulherada toda.

Está completamente à vontade conversando com uma garota de pele cor de chocolate. A jovem de cabelos castanhos, alisados na chapinha, presos num rabo de cabelo que ela joga de um lado para o outro como se estivesse com alguma coisa naquele pescoço longe. Lis sabe muito bem quem é essa menina: Emily, uma das patricinhas metidas da escola.

— Dá pra você se apressar? Quero chegar lá antes do anoitecer! — Olga falou, metendo a cabeça para fora da janela.

— Calma, meu amor! Tô voltando pra você! — o sorriso atrevido do Bismarck nunca sai do rosto.

— Nem vem com essa de meu amor! Maldido dia que você cruzou o meu caminho! — então ela pareceu perceber o que disse. Olhou para trás pelo retrovisor. — Dimas, mamãe te ama, tá bom! Isso não tem nada haver com você!

— Tô ligado! — o garoto de 15 anos diz, acostumado com essas briguinhas de cão e rato. Bismarck senta na frente e Samuel vem para trás para organizar os adolescentes.

— Você é da nossa escola! — Emily diz quando vê Lis, e a abraça como grandes amigas fariam, embora nunca tivessem se falado na vida. — Você convidou todo mundo, né Dani? É isso que adoro em você! Você fala com qualquer um, não importa quem seja!

— Isso era pra ser um elogio? — é Nathan quem pergunta. Ele senta com sua namorada, Helô, uma mocinha de bochechas proeminentes e macacão, no banco do meio. Lis fica com a mesma dúvida.

— Ela mora aqui do lado. — Daniel diz, após uma troca de olhares com sua vizinha. Então vai para o banco de trás.

— Você sabia que também me dou bem com todo mundo? Nunca me meti em nenhuma discussão em toda a minha vida! — Emily o seguiu como um cachorrinho carente de atenção. — Estou acostumada a lidar com pessoas. Meu pai é político, né! — tagarela sem parar, pois adora ouvir o som da própria voz.

Por um momento, Lis cogitou sentar com Nathan e Helô, mas Sarah foi mais rápida ao pegar o lugar ao lado do casal. Assim ficaram os três e Dimas no banco do meio. Uma garota loira que Lis não conhecia foi para o banco de trás. 

— Só falta você — Samuel falou para a filha, segurando a porta. Lis balançou a cabeça e colocou o pé no degrau. Daniel se afastou para o lado abrindo espaço para ela na janela.

Lis hesitou um pouco, mas entrou. Acena quando o pai fecha a porta e se despede. Afundada no banco de couro, insiste em olhar para fora da janela enquanto o coração, desobediente, bate acelerado. Tem vontade de fugir. Não tem como competir com Emily, que obviamente também gosta do Daniel. Nem nos seus melhores dias Lis se compara com a beleza de modelo dessa menina, com sua sobrancelha desenhada, as roupas bonitas e as unhas das mãos e dos pés bem manicuradas. Tudo nela é perfeito.

Morrendo de vergonha, Lis esconde suas unhas roídas na palma da mão fechada.

Ali ao lado a patricinha continua a tagarelar sobre si mesma. Como vem fazendo desde que entrou no carro. Emily empina o peito, joga o cabelo, usa de todas as suas armas para chamar atenção de Daniel, porém ele está distraído demais para notar suas investidas. O garoto de olhos azuis se mexe tentando encontrar uma posição mais confortável. Tenta de tudo, porém nada é capaz de tirar sua atenção da vizinha de cabelos ondulados só que ela, como sempre, distraída nem nota. Daniel avalia seu perfil. Seu coração esmorece ao pensar nos motivos dela participar dessa aventura no mato. Seria uma tentativa de atormentá-lo com sua presença? Já não basta tê-lo rejeitado noite passada!

— Ei, você quer? — Helô estende a mão com um pacotinho de trident. Tinham se falado poucas vezes e ela sempre foi simpática. 

Lis moveu a cabeça para responder, e acabou flagrando o olhar de Daniel. Ele não demonstra se intimidar ao ser descoberto e continua com os olhos fixos nela. Sentados a diferença de altura não parecia tão gritante. Estão perigosamente próximos. Se Lis não fosse insegura e tão assustada poderia pegar sua mão e reivindicar diante de todos que quer esse garoto para si, porém seu instinto de auto sabotagem é maior que qualquer outra coisa. Diante da pressão da presença de uma rival, se encolhe e treme dos pés à cabeça.

— Por que você tá vermelha? — Emily perguntou com petulância. Sentada do lado oposto de Daniel, ela parece pronta para atacar.

— Não sei — Lis responde, libertando-se do olhar do amigo de infância. Pega o chiclete que Helô ofereceu.

— Ah tá bom! Não sabe né! — a patricinha de pele cor de chocolate lança um olhar de puro ódio. 

Lis enfia o chiclete na boca, zangada, pela outra estar chamando uma atenção exagerada sobre a situação. “Ela já tem o Daniel o que quer mais?”, pensa, mas não verbaliza.

— Deixa ela em paz! — Daniel fala irritado. E pega o celular para se distrair durante o percurso. 

Felizmente Emily resolveu se calar, mas a cada movimento tanto de Daniel quanto de Lis, se vira atenta, seus instintos dizem que algo está acontecendo. 

A Kombi foi deixada no acostamento da rodovia para a turma se aventurar pela trilha de mata nativa de grande porte. Caíam algumas gotas de chuva quando Lis pisou no terreno molhado, sujando seus tênis brancos, que levava a tal campina que Olga havia preparado. Esfregando os braços, tremia um pouco. Nem podia enfiar as mãozinhas nos bolsos, pois eram de mentira. As pernas também estavam arrepiadas de frio. Se fosse realmente esperta como dizem, teria vestido jeans ou meia calça grossa.

— Minha nossa! Você é tãããão alto! — Emily gritou jogando os braços acima da cabeça.

— Se você continuar se balançando assim, a gente vai encontrar o chão — Daniel avisou. Logo que adentraram na trilha o salto fino de Emily quebrou, e após bater o pé e ficar emburrada, Daniel concordou em carregá-la. 

— Confio que você nunca deixaria eu me machucar — então Emily o agarrou pelo pescoço. Virou o rosto encarando Lis com um sorriso triunfante. 

Lis olha para frente com a cara amarrada. Nem lembrava mais porque sentia tanta urgência essa manhã em vir nesse passeio. Estava morrendo de frio e tinha que suportar ver essa garota se esfregar em Daniel como uma gata no cio. 

— Vamos fingir que você é meu guia turístico? — ouviu a loirinha desconhecida perguntando ao Dimas. — Pra onde estamos indo? — ela colocou a mão diante do rosto dele como se segurasse um microfone.

— Conhecendo minha mãe deve ser um canto lá no fundo da floresta — ele respondeu enfiando as mãos no fundo do bolso do casaco apesar da garota aparentar querer andar de mãos dadas. 

— Você não é daqui? — Lis perguntou. Os dois a encararam. — Desculpa, ouvi vocês falando…

— Num precisa ficar com vergonha! — Dimas a trouxe para perto passando o braço nos ombros de Lis. — A Kaylane é minha vizinha — falou, depois olhou para a menina de cabelo crespo — E essa é a Lis. O pai dela conhece o meu pai a mó cota então nóis cresceu junto.

— Como o seu amigo Daniel! — observou a menina, cujo nome é Kaylane.

— É. Mas o Daniel sempre foi mais chegado da Lis porque eles são vizinhos. Tipo namoradinhos, tá ligado! — Dimas disse e riu.

— Não é assim! — um olhar de pânico cruzou a cara de Lis.

— Tô de zuera. Relaxa.

Uma brisa fria soprou gelando o rosto de Lis. O resto do grupo andava a frente juntos numa comitiva para se aquecer. Dentre todos os rostos ela o viu, Daniel, ainda com Emily nas costas como se fosse uma mochila de lona. O cabelo dourado dele tinha bagunçado por causa do vento e da chuva e da irritante garota que aparentemente desaprendeu a andar. Daniel estava totalmente lindo, de um jeito bagunçado. Deu um sorriso eletrizante quando seus olhares se cruzaram e o estômago de Lis se revirou. 

Foi por isso que veio. Para se resolver com ele.

Lis começou a se preocupar com a volta para casa quando a trilha estreita se abriu numa clareira. O mato rasteiro se abriu diante deles como um tapete verde perfeito e intocado. No centro havia pedaços grandes de madeira empilhados.

— É aqui! — Olga falou pegando no braço do ex que se virou para ela e sorriu. Ao perceber o que estava fazendo a mulher afastou-se. — Seja útil e me ajude a acender!

— Você quem manda, minha deusa! — Bismarck falou com sua voz de trovão. 

— Cala a boca!

— Os seus pais são fofos — Helô disse para o Dimas.

Dimas foi para o tronco na beira da campina. Passou a mão limpando a superfície cheia de folhas e sujeiras.

— O padrinho só quer manter ela emocionalmente presa a ele. — era a primeira vez que Sarah falava desde que saíram de casa, por isso todos os adolescentes a encararam. Surpresos.

— Num deixa de ser verdade — Dimas falou, e depois riu. — Sempre que ela tá namorando, meu pai fica com ciúme. 

— Será que ele ainda gosta dela? — Kaylane abriu a bolsa que tinha trazido e tirou de lá uma garrafa térmica de inox. Dimas e Daniel trocaram um olhar e riram. — O que é tão engraçado? — ela fez biquinho.

Ninguém respondeu.

— Por quê o namorado dela não veio? — Nathan comentou jogando uma manta grossa de lã sobre o tronco.

— Mano — Dimas quis falar mais alguma coisa, mas engasgou com a risada.

— Ele tem rusga com o Dimas — Daniel contou.

— Pior que eu curto o cara. De rocha mesmo. — falou Dimas de um jeito que não dava para saber se estava brincando ou não. 

— Tem certeza? — o olhar do Nathan era interrogativo — Tu fica chamando o cara de Apaga Luz.

— Mas vey, é o apelido dele. Todo mundo chama o cara assim e eu num posso! — disse o moreno. Os três garotos estavam em seu próprio mundinho, rindo e falando, esquecendo de incluir as meninas na conversa. 

— Deve ter sido engraçado quando ele correu atrás de você na rua — Lis se arriscou a dizer. Agitou os dedos gelados esperando recuperar a sensibilidade. 

Olhou em volta esperando não ser taxada de intrometida.

— O Daniel me contou… — justificou quando percebeu que todos a encaravam. 

— Você lembra — Daniel falou, surpreso. 

— Lembro de tudo que você me diz. — falou assentindo. Lis podia jurar que viu Dimas se virar pro Nathan e murmurar alguma coisa sobre amor. Ela sentiu o estômago gelar. 

— A gente vai ficar aqui só olhando pra essa fogueira idiota? — Emily perguntou emburrada. Estava acostumada a ter atenção em todo lugar que ia, então para ela era estranho o fato de ninguém aqui bajulá-la. — Odeio esses mosquitos!

No meio da clareira Olga tinha parado de implicar com Bismarck e agora eles dançavam ao redor da grande fogueira, girando, parecendo muito alegres.

— Que merda cê veio fazer aqui se não tem nada que cê gosta? — normalmente Dimas não gostava de ser desagradável com as pessoas, ele evitava conflitos e ficava na dele em brigas, mas esse passeio é importante para a mãe dele. 

Tinha visto o tempo que ela gastou planejando essa aventura ao ar livre e não vai deixar essa patricinha estragar tudo com seu despeito.

Emily lançou um olhar venenoso para ele, mas Dimas nem pestanejou.

— Querem chocolate quente? — Kaylane ergueu a garrafa brilhante.

— Nossa, por um segundo me assustei achando que você ia oferecer bebida alcoólica pra gente — Helô falou. A noite tinha esfriado tanto que dava para ver sua respiração virar vapor. Ela e Nathan sentaram lado a lado, aninhados em um cobertor de lã, eles eram tão fofos e pareciam muito à vontade assim próximos.

— Isso nem passou pela minha cabeça. — respondeu Kaylane com um sorriso. 

Lis viu quando Sarah movimentou os lábios imitando às outras garotas, parecia não gostar delas. Enquanto isso, Daniel e Dimas sentaram no chão, em cima de outra manta, diante das meninas e do Nathan no tronco no meio do bosque. Distante das luzes da cidade e de suas casas. Lis pensou em sua família perguntando-se o que estariam fazendo.

— E aí… — Helô voltou a falar. Dava para ver os pés dela se mexendo embaixo do cobertor. — O que vamos fazer? 

— Que tal um jogo da verdade? — sugeriu Emily. O sorriso dela era pura malícia. Esperava pegar Lis no pulo, antes sentia-se totalmente indiferente com relação a essa nerd, só que agora tinha certeza que ela se infiltrou nesse passeio para tentar roubar seu futuro namorado.

Ninguém fez objeção. Com as canecas cheias esperaram alguém começar. Às vozes risonhas e felizes de Olga e Bismarck voavam até eles.

— Eu começo! — Emily tamborilou as unhas enormes na lateral da caneca dando uma pausa dramática. Sabia exatamente o que perguntar, mas queria saborear mais um pouco a sensação de ser o centro das atenções. — Quem aqui já se apaixonou?

— Dãããã. Pergunta idiota! — Dimas fez, erguendo a caneca aos lábios e dando um gole gigante.

Lis sentiu aqueles olhos perfurantes olhando para ela de lado, a patricinha tinha feito essa pergunta diretamente para ela. Se ocupou dando um gole no chocolate quente fumegante.

— Eu — Nathan respondeu sem hesitar. Lis achava incrível como ele conseguia ter boas notas na escola, namorar e ainda aprontar por aí com Daniel e Dimas. Claro que Nathan era alguém resolvido sobre seus próprios sentimentos.

A namorada dele sorriu e disse que também estava apaixonada. 

— Você zombou da minha pergunta. Agora responda! — Emily esticou a perna e cutucou o pé do Dimas.

— Ih, a lá! A mina achando que eu tenho alguma coisa pra esconder! — ele riu.

— Responda!

— Eu nunca me apaixonei por ninguém — respondeu calmamente. 

— Peraí. Nunca, nunca? — Kaylane pareceu chocada enquanto o encarava.

— É. — Dimas não estava tentando bancar o insensível só era burro demais para perceber que a garota tinha sentimentos ele.

— E você? — Helô ajeitou a alça do macacão quando fez a pergunta para Kaylane. Em seguida pegou a caneca que deixou no chão.

— Meu primeiro amor foi aos oito anos. Fernando Meirelles da Silva era o nome dele. - Kaylane tirou uma mecha de cabelo da testa.

— Caraca, ela sabe o nome completo do cara! — Nathan ergueu a sobrancelha, admirado.

— Você era criança não conta! — Emily implicou.

— Conta sim! — rebateu Kaylane — Eu era completamente apaixonada por ele. Fui mil vezes ao jogo de futebol só pra ver o Fernando!

— Nóis já entendeu, gata. Num precisa contar a história toda — Dimas pegou um galho e cutucou a areia. 

Ela o olhou ressentida para por sua falta de ciúmes.

— E você, minha linda, já se apaixonou? — Kaylane devolveu a pergunta para Emily.

— Sim, minha linda — Emily imitou a forma dela de falar — Na verdade, estou apaixonada por um garoto que está aqui. Não é você! — ela fez careta para o Dimas.

— Fico triste com essa notícia. Nunca vou me recuperar. — Dimas foi irônico, fingindo arrancar uma flecha do coração. Nathan soltou vento pelo nariz prendendo a risada.

— Você não acha ela linda? — Kaylane quis saber.

— Acho ela um pé no saco! Na moral! — foi a resposta do garoto. Dimas voltou sua atenção para o chocolate quente.

— É perceptível a sua falta de bom gosto — Emily empinou o nariz.

— Ei! — falou Kaylane, ofendida.

— Sem querer ofender, tá — a patricinha disse para ela. — Mas você me chama de minha linda porque me acha linda, eu te chamo de minha linda porque não sei o seu nome. — e deu um sorriso de político.

— Nunca me apaixonei — Sarah estava entediada. Esperava por mais confusões e tretas, esse papo de amor é tedioso. Ela encheu a caneca pela segunda vez.

Daniel segurou o braço dela. 

— Vai com calma, tem gente que ainda não pegou — pediu.

— Que se foda! — aparentemente a irritação ajudava Sarah a soltar a língua. — É a sua vez Lis. Você gosta do meu irmão? — o dedo dela parou diante do rosto da garota.

De repente Lis começou a suar. E uma sensação de vertigem tomou conta dela. Todo mundo a encarava esperando uma resposta.

— A pergunta nem é essa! — foi Nathan quem a salvou — Você só quer constranger a garota. — ele e Sarah trocaram um olhar longo, foi estranho pois Lis sequer lembrava de tê-los visto conversar alguma vez. Então a menina levantou chutando a manta e foi para a fogueira parecendo emburrada.

Lis ficou grata por Nathan ter falado, embora não entendesse direito o que foi aquele olhar entre ele e Sarah. Ficou um silêncio estranho. 

— Acho que tenho que responder, né? — falou levantando a cabeça. Observou Daniel que a encarava pensativamente. Nunca viu olhos tão lindos quanto os dele, azuis como o oceano. Estava consciente da paixão que sente por esse garoto. Só que confessar isso na frente de todo mundo, só deixaria tudo ainda mais complicado. Então o melhor agora é manter segredo. — Não. Nunca me apaixonei.

— Como é? — Emily ficou de pé, encarando Lis de um jeito irritado

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