Superman: Força e Honra Capítulo 3
O Peso do S
Smallville, Kansas, 12 de agosto de 2016. O calor do verão dourava os campos de milho, o céu sem nuvens ardendo sobre a fazenda dos Kents. Clark Kent estava no celeiro, o uniforme azul escondido sob a camisa xadrez, o pulsar zumbindo no peito. Há cinco dias, ele lutara ao lado do Capitão Átomo contra um drone alienígena no Centennial Park, e há dois dias, a matéria de Lois Lane no Planeta Diário o transformara em “Superman.” Ele salvara vidas em segredo antes — um pedestre, um barco à deriva —, mas agora o “S” vermelho estava em capas, muros e camisetas, e o peso disso o trouxera de volta a Smallville, como 12 anos atrás, numa noite de primavera, quando ouvira o pulsar pela primeira vez
Clark desceu ao porão do celeiro, o cheiro de terra e metal subindo do alçapão escondido. A nave, um segredo guardado por Jonathan e Martha desde que ele era bebê, brilhava suavemente, sua luz pulsando como um coração. Ele tocou a superfície fria, e o pulsar cresceu, quente, como uma batida dupla — uma alienígena, outra grave, como o coração de Jonathan consertando a cerca em 2004. Uma fenda se abriu, revelando um cristal verde, pulsando como um coração. Ele o segurou, o zumbido mais claro, e então veio: uma voz, quebrada por estática.
“Kal-El.”
O nome o atingiu como um soco. Torres de cristal brilharam em sua mente, erguendo-se sob um céu vermelho, vozes fragmentadas ecoando como trovões distantes. Ele caiu de joelhos, suando, o cristal queimando na mão. O flash sumiu, deixando apenas perguntas. Kal-El. Sou eu? Ele guardou o cristal, tremendo, e subiu do porão, o céu de verão ardendo lá fora. Precisava falar com seus pais.
Na casa, o aroma de torta de maçã e café enchia a cozinha. Martha lavava pratos na pia, o avental amarrado, enquanto Jonathan lia o Planeta Diário, a capa gritando “Superman Salva Metropolis.” Clark entrou, a camisa xadrez suada, o olhar distante.
— Clark! — Martha secou as mãos, abraçando-o. — Você tá com aquele olhar, o mesmo de quando subia no telhado.
Jonathan dobrou o jornal, os olhos firmes, mas gentis.
— Lois Lane te deu um nome danado de grande, filho. Como tá lidando com isso?
Clark sentou à mesa, o cristal pulsando no bolso.
— Não sei, pai. No parque, eu só queria ajudar. Agora, sou “Superman” pelas ruas, mas… — Ele hesitou, a voz baixa. — O cristal disse um nome. Kal-El. É quem eu sou? Não sei, se sou mais o Clark de Smallville.
Martha segurou a mão dele, o toque quente.
— Você é nosso filho, Clark. Não importa o nome que o mundo te dá, ou o que aquela pedra diz. Você escolhe quem é.
Jonathan se inclinou, a voz grave.
— Ser forte não é só voar ou salvar pessoas. É carregar o que importa aqui dentro. — Tocou o peito. — Lá em 2004, quando você perguntou se pertencia, eu disse que você era nosso. Sempre será. Mas o mundo também precisa de você, filho.
Clark sorriu, mas o pulsar o inquietava.
— Vocês sempre souberam que isso ia acontecer? A nave, o cristal…
Martha trocou um olhar com Jonathan, os olhos brilhando com o peso de 15 anos.
— Sabíamos que você era especial — disse ela, baixo. — Mas o resto… é com você, agora.
Clark abraçou os dois, o cheiro de Smallville o ancorando. Saiu para o jardim, os campos dourados brilhando sob o sol de agosto. O peso de “Kal-El” e “Superman” crescia, mas os Kents o mantinham de pé. Ele olhou o céu, o cristal zumbindo, e decidiu voltar a Metropolis. Algo o chamava — algo vivo, que o esperava.
Em Metrópolis, Lois Lane ainda estava no laboratório da ARGUS, o calor de agosto infiltrando-se pelo concreto. Ao lado de Jimmy Olsen e John Henry Irons, ela examinava destroços do drone. Sua matéria, “Superman Salva Metropolis,” ainda ecoava, com o nome “Superman” nas bocas de todos.
— Como eu disse: Essa tecnologia não é nossa, Srta. Lane — disse Irons, engenheiro de 38 anos, apontando para os circuitos que pareciam pulsar. — O Superman sabia o que fazia.
Lois tirou fotos, pensando nos rumores do “homem do S” que citada na matéria: salvamentos discretos, vidas tocadas nas sombras.
— Por que ele apareceu agora, Dr. Irons? — perguntou, o instinto afiado. Sua matéria de junho, sobre um “homem de Atlântida” salvando navios, já desafiava a Lei Charlton. O Superman era mais um mistério.
Jimmy, estava suando de nervoso, enquanto segurava um fragmento.
Na prefeitura, Lex Luthor falava aos jornalistas sob o sol escaldante de verão, a matéria de Lois na mão de um dos repórteres.
— Metropolis sofreu, e a Lei Charlton falhou — disse, a voz firme. — O Capitão Átomo caiu, mas o Superman, um ‘vigilante,’ venceu. Ele é um símbolo de esperança e não símbolo de ameaça. Precisamos de heróis, não de correntes. — A multidão aplaudiu, e Lex sorriu, sabendo que o prefeito Harrison Wells era igual um fantoche, estava se deteriorando. A matéria de Lois lhe deu a ele a arma perfeita.
Num galpão na periferia, Ted Kord ajustava sensores, sinais piscando num monitor. John Henry Irons, chamado pra ajudar, analisava dados ao lado de Jakeem Thunder, que segurava a matéria de Lois. Yolanda Montez, tensa, verificava outro monitor ao fundo.
— Ted, esses sinais desse drone são idênticos aos de 12 anos atrás — disse Jakeem, se abanando para dissipar um pouco do calor.
Yolanda virou-se, o olhar duro.
— Se o Capitão Átomo tá com a ARGUS, não confio nele. Ele nos traiu antes.
Ted ergueu a mão, cortando-a.
— Foco, Yolanda. Nada de rancor. — Ele olhou para Irons, sério. — Esses sinais superaram Átomo, Irons.
— O tal Superman tá no meio de algo grande. — Disse John Irons.
Ted desligou o monitor, tenso.
— Os Renegados sabem, Irons. Mas precisamos de provas.
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