Superman: Força e Honra Capítulo 4: Eco de Outono
Metropolis, 3 de outubro de 2016. O outono chegará, o ar frio carregando folhas douradas pelas ruas de concreto. Metropolis pulsava com tensão, o “S” vermelho estampado em muros, camisetas, e hashtags, um símbolo de esperança que Lois Lane dera ao mundo dois meses antes. Mas a Lei Charlton, já cambaleante, estava à beira do colapso, desafiada pela matéria de Lois e pela popularidade de Superman. Sob o céu cinzento, a cidade parecia segurar o fôlego, enquanto ecos de um drone destruído no verão ainda assombravam a ARGUS. Clark Kent, voltava ao Planeta Diário dia após dia, com o cristal verde no bolso zumbindo cada vez mais forte, como se soubesse algo que ele não sabia. O nome “Kal-El” ainda ecoava em sua mente, um mistério que o puxava para um destino que ele temia enfrentar.
Na prefeitura, Lex Luthor manipulava as sombras, usando a falha de Capitão Átomo e a ascensão de Superman para enfraquecer o prefeito Harrison Wells. Nas periferias, os Renegados — Ted Kord, Jakeem Thunder, Yolanda Montez, Questão, e o imprevisível Bandoleiro (Cole Cash) — cavavam verdades que a ARGUS escondia, rastreando sinais alienígenas idênticos aos de 2004. Clark, dividido entre o garoto do Kansas e o herói que Metropolis abraçava, estava prestes a cruzar o caminho de aliados sombrios e segredos que mudariam tudo.
Clark Kent entrou no Planeta Diário, o terno amarrotado, os óculos tortos, o pulsar do cristal como um tambor baixo no peito. O saguão era um caos de telefones tocando e teclados frenéticos, o frio do outono infiltrando-se pelas janelas altas. Perry White gritava da sala de reuniões, a voz cortando o barulho.
— Lane! Kent! Quero uma matéria sobre esses vigilantes até sexta! A Lei Charlton tá caindo, e Metropolis tá virando um circo de heróis! — Ele bateu um jornal na mesa, a capa mostrando o “S” vermelho em grafite num muro do Suicide Slum.
Lois Lane, sentada em sua mesa, digitava com fúria, um café frio ao lado. Ela ergueu os olhos, notando Clark hesitante na porta.
— Clark, não fica aí parado como um espantalho do Kansas. Perry tá com fome de manchetes, e o Superman é o prato principal. — Ela sorriu com uma provocação leve. — Você viu as camisetas do “S” em Gotham? Até lá tão falando dele.
Clark ajustou os óculos, forçando um sorriso.
— É… Lois, ele tá… em todo canto. — Ele sentou na mesa ao lado, o cristal quente no bolso. Desde Smallville, o pulsar ficou mais insistente, como se apontasse para algo em Metropolis. A conversa com Jonathan e Martha ainda ecoava: “Você escolhe quem é.” Mas escolher era mais fácil no milharal do que sob os holofotes da cidade.
Jimmy chegou correndo, a câmera pendurada no pescoço, segurando um tablet.
— Lois, olha isso! — Ele mostrou uma postagem viral: um vídeo granuloso de um porto em Coast City, onde um homem com tridente e escamas verdes resgata um navio pesqueiro em setembro. — O “homem de Atlântida” de novo! A ARGUS tá louca, dizendo que é outro vigilante ilegal.
Lois pegou o tablet, os olhos brilhando.
— Aquaman, Superman… a Lei Charlton tá virando piada. Perry, precisamos conectar esses pontos! — Ela olhou para Clark. — Kent, você tá quieto demais. Alguma fonte de Smallville sobre vigilantes?
Clark hesitou, o pulsar zumbindo.
— Não, Lois. Só… fazendas e tortas. — Ele desviou o olhar, sentindo o peso de “Superman” crescer.
Perry interrompeu, apontando para a TV na redação. Uma coletiva na prefeitura começou, com Lex Luthor ao microfone.
— Silêncio, todos! Vamos ver o que o vice-prefeito tem a dizer sobre esse circo!
Num porão escondido na periferia de Metrópolis, o cheiro de óleo e metal pairava no ar. Ted Kord ajustava um monitor, sinais verdes piscando como estrelas. Jakeem Thunder, sentado numa cadeira quebrada, segurava um refrigerante quente, o calor do verão estava sendo substituído pelo frio úmido do outono. Yolanda Montez verificava um tablet, o rosto tenso, enquanto Questão, sem rosto sob a máscara, folheava relatórios roubados da ARGUS. Uma mesa improvisada exibia destroços do drone do Centennial Park, seus circuitos ainda pulsando faintly.
Ted apontou para o monitor, onde sinais idênticos aos de 2004 dançavam.
— Esses padrões são os mesmos de 12 anos atrás, Jakeem. E de 2005, quando Rip Hunter nos alertou. — Ele ajustou os óculos, sério. — O drone não era um ataque isolado. Algo tá acordando.
Jakeem franziu a testa, o trovão em sua voz baixa.
— E o Superman? Ele sentiu o drone, Ted. Não é coincidência.
Yolanda largou o tablet, o olhar duro.
— Não confio em heróis que aparecem do nada. Capitão Átomo também era “aliado” em 2005, e olha onde estamos. — Ela cruzou os braços, a cicatriz no antebraço visível, um eco da traição no Pentágono.
Questão ergueu a cabeça, a voz fria.
— Superman é uma variável. Pode ser aliado ou isca. A ARGUS esconde mais do que destroços. — Ele jogou um relatório na mesa, marcado “Projeto 2252: Reabilitação de Super Seres.”
Antes que Ted respondesse, a porta do porão rangeu. Bandoleiro (Cole Cash) entrou, o casaco sujo de sangue, um pendrive na mão. Seus olhos brilhavam com uma intensidade perigosa.
— Depósito da ARGUS no porto. Dois guardas mortos, mas consegui isso. — Ele jogou o pendrive na mesa. — Dados criptografados, Ted. Tecnologia alienígena, testes de 2005. Eles sabiam do drone.
Jakeem se levantou, furioso.
— Você matou os guardas, Cole? Isso não é o plano!
Bandoleiro sorriu, frio.
— O plano é sobreviver, garoto. A ARGUS não joga limpo. — Ele acendeu um cigarro, ignorando o olhar de Yolanda.
Ted pegou o pendrive, conectando-o ao sistema.
— Cole, você tá nos expondo. Mas… isso pode ser o que precisamos. — O monitor piscou, mostrando esquemas de tecnologia alienígena, ecos do cristal de Clark.
Questão se aproximou, a máscara sem expressão.
— A ARGUS armou uma armadilha. Eles sabem que estamos cavando. E Superman é o próximo alvo.
Na Steelworks, sob o céu cinzento do outono, Lois Lane e John Henry Irons examinavam relatórios confidenciais da ARGUS, obtidos por uma fonte anônima. Ao lado, Lana Lang, engenheira química e esposa de Irons, analisava um fragmento do drone sob um microscópio, seus cabelos ruivos presos num coque prático. O laboratório era um labirinto de máquinas e circuitos, o frio do chão contrastando com o calor dos servidores. Lois, com um casaco leve, anotava furiosamente, enquanto Irons, com mãos calejadas, segurava um tablet.
— Esses relatórios de 2005, Srta. Lane… são sobre experimentos com tecnologia alienígena. — Irons apontou para um gráfico no tablet. — O drone do parque usava a mesma energia. E o Superman… ele parecia saber como destruí-lo.
Lana ergueu os olhos do microscópio, a voz firme, mas calma.
— Essa energia tem compostos que não existem na Terra, Lois. Encontrei traços parecidos em amostras de 2004, de uma anomalia em Smallville. — Ela trocou um olhar com Irons, pensando em Clark Kent, seu amigo de infância, sem mencionar seu nome.
Lois parou de escrever, os olhos afiados.
— Smallville? Você não é de lá, Lana? Como conhece essa anomalia?
Lana sorriu, nostálgica.
— Sim, eu cresci lá. Era uma cidadezinha quieta, mas… coisas estranhas aconteciam. — Ela voltou ao fragmento, escondendo o quanto sabia sobre Clark.
Irons completou, sério.
— Não sei se o Superman é alienígena, Srta. Lane, mas ele tá conectado a isso.
Antes que Lois respondesse, uma sombra surgiu na porta. Questão, sem rosto, entrou sem aviso, a voz baixa.
— Srta. Lane, você tá cavando fundo. Os Renegados sabem da ARGUS, mas você tá perto demais. — Ele jogou um pen drive na mesa. — Dados de 2005. Leia, mas tenha cuidado. Eles tão te observando.
Lois pegou o pen drive, sem recuar.
— Quem são vocês, Renegados? E por que me ajudar?
Questão virou-se, já saindo.
— Porque o Superman não é o único que a ARGUS quer. — Ele sumiu na penumbra, deixando Lois com mais perguntas.
Lana olhou para Irons, preocupada.
— John, isso tá maior do que imaginávamos.
Lois, sem hesitar, guardou o pen drive.
— Então vamos abrir isso. A próxima matéria vai explodir a Lei Charlton de vez.
Na prefeitura, sob lustres dourados, Lex Luthor falava aos jornalistas, o tablet com imagens do roubo de Bandoleiro na mão. O Prefeito Harrison Wells, ao lado, com a voz trêmula.
— O ataque ao depósito da ARGUS prova que vigilantes são uma ameaça! — disse Wells, apontando para a tela. — Superman, o “homem de Atlântida”… eles desafiam a Lei Charlton!
Lex ergueu a mão, a voz calma, mas afiada.
— Senhor prefeito, a Lei Charlton falhou no Centennial Park. Capitão Átomo caiu, mas Superman venceu. — Ele sorriu, frio. — E esse “Aquaman” salvou vidas em Coast City. O povo quer heróis, não prisões. Mas vigilantes como o que atacou a ARGUS… esses precisam de correntes.
A multidão irrompeu em aplausos, entretanto Lex já tramava nos bastidores. Ele sabia do roubo de Bandoleiro, orquestrado por aliados seus na ARGUS para culpar vigilantes. Em particular, ele analisava dados roubados do drone, sua mente brilhante decifrando fragmentos alienígenas. Superman é a chave, pensou, mas não o controlei ainda.
Wells, acuado, cedeu.
— Autorizo a ARGUS a caçar esses Renegados. Mas, Lex, e o Superman?
Lex sorriu, os olhos brilhando.
— Deixe o Superman comigo, Harrison. Ele é… útil, por enquanto.
Sob o céu nublado do outono, uma explosão rasgou o porto de Metropolis, fumaça subindo como um grito. A ARGUS armou uma armadilha, detonando um depósito para culpar os Renegados e justificar a Lei Charlton. Superman voou do Planeta Diário, o uniforme azul brilhando, a super-audição captando gritos de trabalhadores presos. Ele mergulhou, arrancando vigas de aço e salvando civis, o “S” vermelho um farol na fumaça.
No caos, ele viu Bandoleiro, casaco sujo, fugindo com outro pendrive. Clark aterrissou, bloqueando o caminho.
— Você causou isso? — perguntou, a voz firme.
Bandoleiro riu, os olhos faiscando.
— Não. A ARGUS causou. Eu só peguei o que eles escondem. — Ele ergueu o pendrive. — Quer saber do seu drone? Ou tá só posando pro jornal da Lois?
Clark deu um passo, o cristal pulsando.
— Ninguém precisava morrer. Me dê isso, por favor.
Bandoleiro sacou uma faca, movida por telecinese, e atacou. Superman desviou com super velocidade, o vento assobiando, e segurou o pulso de Cole, sem machucar.
— Última chance — disse Clark, com os seus olhos azuis firmes.
Bandoleiro sorriu, jogando o pendrive no ar. Um campo telecinético o puxou, e ele correu, sumindo na fumaça. Clark pegou o pendrive antes que caísse, mas notou um dispositivo preso a ele — um transmissor com o símbolo do Besouro Azul, de Ted Kord. O cristal zumbiu, apontando para o norte, onde os Renegados se escondiam.
Na base dos Renegados, Ted Kord conectou o pendrive de Bandoleiro, o monitor mostrando uma anomalia temporal em Herald Square — um eco dos sinais de 2004, mais forte agora. Jakeem franziu a testa.
— Ted, isso é maior que o drone. Rip Hunter avisou sobre essas rupturas.
Yolanda cerrou os punhos.
— E o Superman? Ele tá com o transmissor. Vai nos achar.
Questão olhou o monitor, a voz fria.
— Ele já tá vindo. A questão é: de que lado ele tá?
Em Metropolis, Clark voava sobre Herald Square, o cristal pulsando como um coração. O outono parecia vivo, as folhas girando como se guiadas por algo além do vento. Ele não sabia que o pulsar o levava a um confronto maior — uma anomalia que conectava 2004, 2005, e o destino que “Kal-El” não podia mais evitar.
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