Sussurros do Mar Prólogo
Quais são os maiores mistérios que atormentam a humanidade? O que, em segredo, desperta a dúvida nos corações das pessoas? Se você pensou nas sereias, bem... está prestes a se deparar com algo muito além do que imagina.
As sereias realmente existem? Elas são seres horrendos e tenebrosos ou gentis e belas? Uma dúvida recorrente, sem resposta definitiva. Talvez, depois de ouvir minha história, você consiga tirar suas próprias conclusões... ou talvez se veja mais perdido ainda. Deixe-me contar, e então você decidirá.
Por exatos vinte anos da minha vida, fui criada para viver entre dois mundos — o mar e a terra. Minha mãe, Água, sempre fez questão de me lembrar o quanto a maldade humana pode ser imensa. Mesmo entre a própria espécie, os humanos matam, roubam, abusam... mentem. O que, talvez, a faça entender o que eu nunca entenderia.
E como ela sabe disso?
Bem, deixe-me contar sua história, a história de como ela se tornou o que é hoje.
Água sempre foi solitária. No passado, ela vivia em seus domínios, onde os animais marinhos podiam conversar com ela, mas não com o coração. Ela queria mais, desejava se conectar com um ser que pensasse, que sentisse como ela. Sua solidão foi profunda. E em sua angústia, um milagre aconteceu. Ela fez um desejo, um pedido, um sonho que se tornou realidade: tornar-se humana, nem que fosse por sete dias e sete noites.
O que aconteceu em seguida? Água se materializou em uma forma humana. Mas não qualquer forma. A mais bela que se poderia imaginar. Sua pele era suave como seda, sem imperfeições, seus cabelos longos e macios como uma corrente de rios tranquilos. Seus olhos eram tão azuis quanto o mar que ela criava, e seu sorriso... ah, seu sorriso derretia corações.
Ela foi pura, inocente, incapaz de ver a maldade em qualquer pessoa. E foi isso que a fez ser enganada. Porque foi um humano quem roubou sua essência. Ele a seduziu, proporcionou a ela o maior prazer que ela poderia imaginar, uma noite inesquecível... mas na manhã seguinte, ela foi tratada como uma estranha. Abandonada.
Dor, raiva, e o choque de se sentir usada. Ela pediu aos céus para retornar ao que era, para voltar à sua essência. Mas o que ela não esperava foi que algo dentro dela cresceria, algo inesperado.
A semente de um ser foi gerada. Aquele pequeno ser que surgiu dentro dela trouxe mais dor, mas também alegria. A pequena vida dentro de sua barriga trouxe consolo à sua dor.
E assim, depois de um tempo, Água concebeu uma forma para mim. Algo novo. Um ser que pertencia tanto ao mar quanto à terra. Fui criada como a primeira sereia, mas com a promessa de ser capaz de decidir entre ambos os mundos a cada hora, sempre com um pé no mar e outro na terra.
Minha mãe, com todo seu carinho, desejava que eu fosse a mais pura das criaturas do oceano, esbanjando carisma e luz por onde passasse. Mas ela também me impôs uma regra. Uma regra que não devia ser quebrada de maneira alguma: "Nunca se envolva com humanos. Jamais."
E eu, mesmo sendo criada para ser pura e doce, sempre questionei isso. Talvez ela tenha um medo irracional, talvez eu devesse experimentar o que ela me impôs. Mas, no fundo, eu sabia que a advertência dela vinha do amor, do temor por mim. Não importava o quão livre eu fosse, ela sempre me protegeria.
E quem sou eu, você pergunta? Bem, eu sou Sirena. Metade humana, metade peixe. Mas uma coisa é certa... não importa o quanto eu queira ser livre, a maré sempre me levará de volta ao oceano.
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