Uma Noite com o Mafioso Capítulo 1
O Encontro no Clube
A noite começava a ganhar vida nas ruas de São Paulo, com as luzes da cidade refletindo nos carros que cruzavam as avenidas movimentadas. Gabriel ajustou a gravata em frente ao espelho retrovisor do táxi, respirando fundo. Ele não gostava muito da ideia de sair para clubes, mas Lucas, seu amigo e colega de faculdade, tinha sido insistente.
— Você precisa sair um pouco desse casulo de advogado certinho. — Lucas disse, ainda no escritório, horas antes. — Esse lugar que eu vou te levar é exclusivo. Gente poderosa, festas incríveis. Confia em mim.
Agora, parado em frente a uma fachada discreta, mas sofisticada, Gabriel começava a questionar sua decisão. A entrada do clube era marcada apenas por uma porta de ferro e um pequeno letreiro em neon com o nome: Noir. Um segurança grande e mal-encarado vigiava a entrada, liberando apenas aqueles que constavam na lista. Lucas, com seu sorriso fácil e autoconfiança, entregou os nomes aos seguranças, que os deixaram passar sem questionamentos.
Assim que entraram, Gabriel sentiu o impacto do ambiente. O interior do clube parecia um cenário de filme. As paredes em tons escuros eram iluminadas por luzes de néon estrategicamente posicionadas, refletindo em espelhos que ampliavam o espaço. Um grande lustre de cristal pendia sobre o centro da pista de dança, onde casais dançavam ao som de uma música sensual e ritmada. O aroma de drinks caros misturado ao leve cheiro de tabaco impregnava o ar.
— Bem-vindo ao mundo dos poderosos, meu amigo. — Lucas disse, cutucando Gabriel com o cotovelo. — Vou pegar algo para beber. Fique à vontade.
Antes que Gabriel pudesse protestar, Lucas já havia desaparecido no meio da multidão. Ele respirou fundo, tentando se sentir à vontade. Aproximou-se do bar, onde o bartender, vestindo um uniforme impecável, estava finalizando um drink. Gabriel pediu um whisky com gelo e olhou ao redor enquanto esperava. Era evidente que aquele lugar não era para pessoas comuns. Tudo ali exalava exclusividade e mistério.
Foi então que ele sentiu. Um olhar. Intenso, quase palpável. Gabriel virou o rosto instintivamente e viu o homem que o observava do outro lado do salão. Alto, com um terno preto perfeitamente ajustado ao corpo, ele tinha uma presença quase magnética. O rosto bem esculpido, com uma barba aparada na medida certa, era iluminado pelas luzes que dançavam no ambiente. Seus olhos escuros pareciam perfurá-lo, como se estivessem desvendando todos os segredos de Gabriel sem que uma palavra fosse dita.
Gabriel sentiu o coração acelerar. Ele tentou desviar o olhar, mas algo o impediu. Era como se aquele homem o tivesse prendido em uma espécie de armadilha silenciosa, e Gabriel não sabia se queria se libertar. Após alguns segundos que pareceram uma eternidade, o homem sorriu de canto e começou a caminhar em sua direção.
— Isso é surreal... — Gabriel murmurou para si mesmo, tomando um gole rápido do whisky para disfarçar o nervosismo.
Quando o homem finalmente chegou ao seu lado, a proximidade fez Gabriel perceber a aura de poder que ele emanava. Não era apenas o terno caro ou a postura impecável; havia algo nele que fazia o ambiente ao redor parecer insignificante.
— Primeira vez aqui? — a voz dele era grave, mas suave, com um sotaque italiano sutil que tornava tudo ainda mais intrigante.
Gabriel piscou, demorando um pouco para responder. — Sim. Meu amigo me trouxe. — Ele gesticulou vagamente para a pista de dança, mas Lucas estava em algum lugar, provavelmente flertando com alguém.
— Ele tem bom gosto. — O homem inclinou levemente a cabeça, avaliando Gabriel. — Sou Enzo Bellucci. — Ele estendeu a mão.
Gabriel hesitou por um momento antes de apertá-la. A mão de Enzo era firme e quente, enviando uma corrente elétrica pelo braço de Gabriel.
— Gabriel Costa. — Ele disse, tentando manter a compostura.
— Gabriel... — Enzo repetiu o nome como se estivesse saboreando cada sílaba. — Então, o que um advogado faz em um lugar como este?
Gabriel arregalou os olhos, surpreso.
— Como você sabe que sou advogado?
Enzo deu de ombros, um sorriso divertido brincando em seus lábios.
— Eu tenho um bom olho para isso. Suas roupas, a maneira como você se comporta... tudo grita advogado. E... — Ele se inclinou ligeiramente, aproximando-se do ouvido de Gabriel.
— Advogados raramente sabem esconder sua curiosidade em ambientes fora do comum. Gabriel sentiu o rosto esquentar, mas riu.
— E o que traz você aqui, Enzo?
Enzo se afastou apenas o suficiente para olhar diretamente em seus olhos.
— Negócios. Sempre negócios.
A resposta foi vaga, mas Gabriel percebeu que tentar buscar mais detalhes seria inútil. Enzo era o tipo de homem que oferecia apenas o que queria revelar. O mistério fazia parte de sua essência, e Gabriel não podia negar o quanto isso o atraía.
A conversa continuou, cada troca de palavras carregada de tensão e faíscas. Gabriel percebeu que estava sendo estudado, cada gesto, cada palavra avaliada por Enzo, como se ele fosse uma peça em um tabuleiro de xadrez. Ao mesmo tempo, Gabriel se via cada vez mais curioso sobre o homem à sua frente. Quem era ele? O que fazia? E por que parecia tão interessado em alguém como Gabriel?
De repente, Enzo se endireitou, sua expressão mudando ligeiramente. Ele estendeu a mão para Gabriel, mas desta vez o gesto era um convite.
— Dance comigo. Gabriel piscou, confuso.
— O quê? Eu... não sei se...
— Não estou pedindo que você seja um dançarino profissional. Apenas confie em mim. — A voz de Enzo era um comando disfarçado de convite, e Gabriel percebeu que era impossível recusar.
Ele pegou a mão de Enzo, sentindo o calor e a firmeza de seu toque novamente. Enzo o conduziu até a pista de dança, onde a música lenta e ritmada criava o clima perfeito. Gabriel sentiu o mundo ao seu redor desaparecer enquanto Enzo o guiava, sua mão firme na cintura de Gabriel, mantendo-o próximo.
— Você se sente fora do seu elemento, não é? — Enzo perguntou, o tom quase provocativo.
— Talvez. — Gabriel admitiu, olhando diretamente nos olhos de Enzo. — Mas não acho que isso seja ruim.
O canto da boca de Enzo se curvou em um sorriso satisfeito.
— Não, não é.
Enquanto dançavam, Gabriel sentiu uma conexão crescer entre eles, algo que ia além da atração física. Enzo parecia ser um homem de muitos segredos, mas também alguém que carregava um peso invisível. Gabriel, mesmo sem entender o motivo, queria saber mais. Queria desvendá-lo.
A música terminou, mas Gabriel sentiu que algo mais havia começado. Enzo o soltou lentamente, mas antes de se afastar, murmurou perto de seu ouvido:
— Espero que esta noite seja apenas o começo.
E então, assim como apareceu, Enzo desapareceu entre a multidão, deixando Gabriel com o coração disparado e uma sensação de que nada mais em sua vida seria igual.
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Obrigado por fazer parte dessa jornada!
Josélia Ribeiro
Maravilhoso ?? e envolvente amo os livros desse autor já vi que vou ficar viciada nesse também ?
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