Uma Noite com o Mafioso Capítulo 3
Um Reencontro Inesperado
Alguns dias depois…
Gabriel ajustava os punhos do terno enquanto caminhava pelo salão iluminado do luxuoso hotel onde acontecia o evento beneficente. O ambiente exalava sofisticação: lustres de cristal pendiam do teto, e uma orquestra tocava suavemente ao fundo. Acompanhando um de seus clientes mais influentes, ele tentava manter a compostura. Era um grande momento em sua carreira, e estar ali significava um passo importante para consolidar seu nome no mundo jurídico.
— Impressionante, não? — comentou seu cliente, o empresário Álvaro Meirelles, enquanto analisava a decoração. — Este evento reúne pessoas extremamente poderosas. Um ótimo lugar para fazer conexões, Gabriel.
Gabriel sorriu educadamente, mas sua mente estava distante. Desde a noite no clube, ele não parava de pensar em Enzo Bellucci. O bilhete que havia recebido continuava guardado em sua gaveta, e as palavras nele escritas ainda ecoavam em sua mente. Ele havia tentado esquecer, mas a imagem de Enzo e o mistério que o cercava estavam gravados em sua memória.
Enquanto Gabriel conversava com outros convidados, um arrepio percorreu sua espinha. Era como se ele sentisse um par de olhos observando-o, algo intenso e inconfundível. Ele virou a cabeça, quase sem pensar, e o viu.
Enzo estava ali.
Ele estava do outro lado do salão, trajando um elegante terno preto que parecia feito sob medida para ele. Seus olhos escuros estavam fixos em Gabriel, e o leve sorriso em seus lábios apenas aumentava sua aura de mistério. Gabriel sentiu o coração acelerar, e sua respiração tornou-se irregular. Ele não sabia se era de nervosismo ou de algo mais profundo, algo que não conseguia nomear.
Enzo começou a caminhar em sua direção. O salão estava cheio, mas parecia que todos ao redor desapareciam enquanto ele avançava. Gabriel não conseguia desviar o olhar, mesmo sabendo que deveria.
— Gabriel, está tudo bem? — perguntou Álvaro, percebendo sua distração.
— Sim, está tudo bem. Com licença por um momento. — respondeu Gabriel, tentando soar casual enquanto se afastava.
Enzo estava mais próximo agora, e quando finalmente pararam frente a frente, o ar carregava uma tensão, uma eletricidade praticamente palpavel.
— Gabriel. — disse Enzo, sua voz baixa e rouca, mas cheia de intensidade. — Não esperava encontrá-lo aqui.
— Nem eu. — respondeu Gabriel, tentando manter a voz firme. — O que você está fazendo em um evento beneficente?
O sorriso de Enzo se alargou, mas não havia humor em seus olhos. — Assim como você, estou acompanhando alguém. Mas tenho a sensação de que o destino decidiu interferir esta noite.
Gabriel engoliu em seco, sentindo as palavras de Enzo penetrarem em sua mente como um sussurro proibido. Antes que pudesse responder, Enzo deu um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre eles.
— Precisamos conversar. Em particular. — disse Enzo, seus olhos nunca deixando os de Gabriel.
Gabriel hesitou. Tudo em sua lógica dizia para se afastar, recusar, mas algo nele cedia àquele homem. Ele apenas acenou com a cabeça, e Enzo o guiou discretamente para uma varanda do salão.
O ar noturno era fresco, oferecendo um contraste bem-vindo ao ambiente abafado do evento. Enzo fechou a porta de vidro atrás deles, garantindo a privacidade do momento. Gabriel, no entanto, não conseguia relaxar. Estar tão perto de Enzo novamente o deixava inquieto.
— Você está me seguindo? — perguntou Gabriel, tentando quebrar o silêncio.
Enzo soltou uma risada baixa, mas não respondeu de imediato. Em vez disso, ele se aproximou, os olhos fixos nos de Gabriel.
— Não estou te seguindo. — respondeu Enzo finalmente. — Mas confesso que, desde a noite no clube, não consegui tirar você da minha cabeça.
Gabriel sentiu o coração pular. Ele abriu a boca para responder, mas Enzo continuou.
— Mas você sabe quem eu sou agora, não sabe? — A voz de Enzo estava séria, e Gabriel notou a sombra de preocupação em seu olhar.
— Sei. — admitiu Gabriel, hesitante. — Sei quem você é, e sei que deveria ficar longe.
Enzo deu um pequeno sorriso, mas havia algo triste nele. — Sim, deveria. Mas ainda assim, está aqui.
Gabriel não soube o que responder. A proximidade entre eles era avassaladora, e a tensão no ar parecia crescer a cada segundo. Ele queria dizer algo, qualquer coisa, mas sua mente estava um caos.
— Escute, Gabriel. — começou Enzo, sua voz mais baixa agora. — Eu não posso te prometer nada além de problemas. Minha vida não é simples, e minha presença na sua só vai trazer complicações. Mas... — ele parou, como se estivesse lutando contra suas próprias palavras. — Mas tem algo em você que eu não consigo ignorar.
Gabriel sentiu o sangue ferver em suas veias. Ele sabia que deveria recuar, dizer que não queria nada com Enzo, mas as palavras não vinham. Em vez disso, ele apenas ficou ali, encarando-o.
Foi Enzo quem quebrou a distância. Lentamente, como se estivesse testando os limites, ele se inclinou, seus olhos escuros buscando permissão nos de Gabriel. Quando percebeu que Gabriel não se afastaria, ele avançou, seus lábios finalmente encontrando os de Gabriel.
O beijo foi intenso, as línguas se entrelaçando, tornando o momento carregado de desejo e algo mais profundo, algo que Gabriel não conseguia identificar. Ele sentiu as mãos de Enzo segurarem sua cintura com firmeza, puxando-o para mais perto, como se precisassem daquele momento mais do que o ar que respiravam. Gabriel se perdeu na sensação, permitindo-se esquecer o perigo, os avisos, tudo.
Mas foi Enzo quem interrompeu o momento. Ele recuou, embora relutante, seus olhos ainda fixos nos de Gabriel.
— É disso que estou falando. — disse ele, a voz rouca. — Você não deveria estar perto de mim, Gabriel. Eu não posso te oferecer segurança. Apenas riscos.
Gabriel respirou fundo, ainda tentando processar tudo. Ele sentia-se dividido, uma parte de si gritando para recuar e outra pedindo para avançar.
— Talvez eu esteja disposto a correr o risco. — disse Gabriel finalmente, sua voz baixa, mas firme.
Enzo olhou para ele por um longo momento, como se estivesse avaliando suas palavras. Ele abriu a boca para responder, mas a porta da varanda se abriu, interrompendo o momento. Era Lorenzo, o braço direito de Enzo.
— Precisamos ir. — disse Lorenzo, lançando um olhar discreto para Gabriel antes de voltar a Enzo. — Temos um problema.
Enzo assentiu, mas antes de partir, ele segurou o queixo de Gabriel com delicadeza, obrigando-o a olhar para ele.
— Pense bem antes de decidir, Gabriel. Porque uma vez que você entrar no meu mundo, não haverá como sair. — Com essas palavras, ele se afastou, deixando Gabriel sozinho na varanda, o coração ainda disparado.
Gabriel observou Enzo desaparecer pelo salão, sua mente uma confusão de emoções. Ele sabia que Enzo tinha razão. Entrar em sua vida significava entrar em um mundo perigoso, um mundo que poderia destruir tudo o que ele havia construído. Mas enquanto olhava para o horizonte da cidade, ele também sabia que algo o puxava irresistivelmente para aquele homem.
E ele não sabia se teria forças para resistir.
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