Uma Noite com o Mafioso Capítulo 2
Segredos e Perigos
Gabriel acordou na manhã seguinte com a luz do sol invadindo seu quarto. Ele piscou lentamente, tentando relembrar os eventos da noite anterior. As imagens de Enzo Bellucci, com seu olhar penetrante e aquele sorriso carregado de mistério, ainda dançavam em sua mente. Sentado na beirada da cama, ele esfregou o rosto com as mãos, tentando afastar a sensação inquietante que permanecia com ele.
— Foi só uma dança. — murmurou para si mesmo, mas sabia que não era tão simples assim. Algo em Enzo havia deixado uma marca nele, algo que ele não conseguia explicar.
Enquanto preparava o café da manhã, Gabriel ouviu seu celular vibrar na mesa. Era Lucas. Ele atendeu, ainda meio sonolento.
— Bom dia, senhor "estrela da pista"! — brincou Lucas do outro lado da linha. — Você foi embora cedo ontem à noite. O que aconteceu? Alguma aventura secreta que não quis compartilhar?
— Não aconteceu nada de mais. — respondeu Gabriel, pegando sua xícara de café. — Só dancei com alguém... e fui embora.
Lucas soltou uma risada.
— Dançou com alguém? Você sabe com quem dançou, Gabriel? Gabriel franziu a testa, confuso.
— Não faço ideia. Só sei o nome dele. Enzo Bellucci.
Houve um silêncio momentâneo do outro lado da linha, e quando Lucas finalmente falou, seu tom era mais sério.
— Gabriel, você está brincando comigo?
— Não, por quê?
— Porque Enzo Bellucci não é qualquer um. Ele é... perigoso. Muito perigoso. Ele é um dos nomes mais conhecidos no submundo. Dizem que ele é um dos chefes da máfia italiana em São Paulo.
Gabriel congelou. Sua mente lutava para processar as palavras de Lucas. Um mafioso? Ele dançou com um mafioso? Era impossível. Ou melhor, parecia impossível. Mas, ao mesmo tempo, tudo fazia sentido: a aura de poder, os olhares furtivos que Enzo recebia no clube, a maneira como ele carregava o ambiente como se fosse seu domínio.
— Você está falando sério? — perguntou Gabriel, embora soubesse que Lucas não brincaria com algo assim.
— Absolutamente sério. — respondeu Lucas. — Gabriel, você precisa tomar cuidado. Esses caras não são como nós. Eles têm suas próprias regras, e qualquer envolvimento com eles pode te colocar em perigo.
Gabriel desligou o telefone pouco depois, mas a conversa ainda ecoava em sua mente. Ele se sentia dividido. Uma parte dele queria se afastar, esquecer completamente Enzo e o que havia acontecido na noite anterior. Mas outra parte, a que ele não queria admitir, estava intrigada. Fascinada. Havia algo em Enzo que o atraía de forma inexplicável.
Enquanto Gabriel passava o dia mergulhado em seus pensamentos, do outro lado da cidade, Enzo também enfrentava seus próprios questionamentos internos. Sentado em uma cadeira de couro em seu escritório luxuoso, ele tamborilava os dedos na mesa, sua mente repetindo a imagem de Gabriel.
Havia algo diferente naquele jovem advogado, algo que mexera com ele de uma maneira que não acontecia há anos.
Lorenzo, seu braço direito e amigo de longa data, entrou na sala, trazendo uma pasta com documentos.
— Você está estranho hoje. — comentou Lorenzo, colocando a pasta na mesa. — O que aconteceu no clube ontem?
Enzo levantou os olhos para ele, mas não respondeu imediatamente. Lorenzo era uma das poucas pessoas em quem ele confiava, mas até mesmo ele não saberia como descrever o que estava sentindo.
— Nada de importante. — respondeu Enzo finalmente, mas Lorenzo arqueou uma sobrancelha, cético.
— Nada? Então por que você está com essa cara de quem viu um fantasma? Enzo bufou, inclinando-se para trás na cadeira.
— Não é nada que importe. Apenas alguém... diferente. Lorenzo riu, cruzando os braços.
— Alguém diferente? Isso é raro vindo de você.
— Não importa. — cortou Enzo, seu tom mais firme agora. — Não posso me dar ao luxo de... distrações.
Lorenzo, percebendo que o assunto havia terminado, mudou de tópico. — Temos problemas. Paolo está tramando algo. Recebemos informações de que ele quer usar suas conexões com um juiz para fechar alguns dos nossos negócios.
— Paolo nunca sabe a hora de parar. — disse Enzo, sua expressão escurecendo. — Quero que mantenha os homens de olho nele. Não podemos arriscar.
Gabriel tentava continuar com sua rotina, mas não conseguia. À noite, ele se viu voltando mentalmente ao clube, lembrando da intensidade de Enzo e da maneira como ele o fazia sentir. A razão dizia para ele esquecer, mas seu coração parecia não concordar.
Gabriel pegou o telefone e começou a digitar uma mensagem para Lucas. Você acha que seria perigoso se eu... Ele parou. Apagou a mensagem. O que estava pensando? Ele não podia arriscar. Lucas estava certo: aquele mundo não era para ele.
Mas antes que pudesse se convencer a seguir em frente, uma batida leve na porta do seu apartamento o fez sobressaltar. Ele abriu a porta, apenas para encontrar um envelope preto no chão. Nenhum sinal de quem o entregara. Com as mãos trêmulas, Gabriel pegou o envelope e o abriu.
Dentro, havia um único bilhete. Uma caligrafia firme e elegante dizia: "Espero que nossa noite no clube não tenha sido a última. — Enzo."
Gabriel sentiu o coração disparar. Ele sabia que estava entrando em um território perigoso, mas a verdade era que uma parte dele não queria mais recuar. Enzo Bellucci era um enigma, um risco que ele talvez estivesse disposto a correr.
Enquanto isso, Enzo olhava pela janela de seu escritório, o horizonte de São Paulo se estendendo diante dele. Ele sabia que havia quebrado uma regra que estabelecera para si mesmo: nunca deixar o coração interferir. Mas com Gabriel, algo estava diferente. Ele sentia uma necessidade de protegê-lo, mesmo sabendo que trazê-lo para seu mundo significava colocá-lo em perigo.
A noite caía sobre a cidade, carregada de segredos e promessas. Para Gabriel e Enzo, aquela dança havia sido apenas o início de algo muito maior. Algo que poderia mudar suas vidas para sempre.
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