E o destino quis assim... Capítulo 1
Destino
Em algum momento do tempo e espaço, em um local não definido…
As pessoas são tão frágeis, literalmente não sabem o que as cercam, sempre buscam a sua tão sonhada alma gêmea, contudo sem a minha ajuda eles, meros mortais nunca conseguiriam achá-la.
Não estou aqui para menosprezá-los, mas sim, para contar a história de um grupo de pessoas residentes no país Bestemming, nomeado em minha homenagem, estou agora acompanhando a vida de Alan Martins, um professor que vive em um casamento abusivo, no entanto não enxerga isso até o dia do aniversário de seu matrimônio.
Vamos parar de enrolar e contar essa história direito.
Em Bestemming…
Alan caminha em direção a saída da escola em que trabalha como professor, hoje é um dia especial para ele, um dia tão significativo que decidira não ir à pós- graduação, planejou preparar um jantar romântico para seu marido. Não tinha certeza se Cauã gostaria da surpresa mesmo que aquele dia fosse especial para eles, o famigerado aniversário de casamento deles.
Faziam quatro anos de matrimônio, para Alan esses anos tinham voado mesmo com todas as idas e vindas que o destino colocara em seus caminhos. Quando comemoraram um ano de casamento, a exatos dois dias depois da comemoração Cauã fora embora dizendo que poderia arrumar coisa melhor que Alan, o que o deixou com o coração em frangalhos, mas o que surpreendera Alan é que foi muito de repente, ele simplesmente acordou um dia dizendo que não o queria mais, indo embora.
Alan passou uma semana tentando aceitar que o seu casamento havia acabado sem nenhuma explicação plausível, mas sua ficha caiu mesmo quando sua amiga foi visitá-lo e ver como estava com tudo o que estava acontecendo e acabou abrindo seus olhos que provavelmente o seu casamento teria acabado mesmo.
Semanas depois seu até então ex-marido voltou dizendo que se arrependeu de tê-lo deixado e que ele nunca o largaria novamente, e como ainda acreditava em tudo que Cauã dizia, acreditou, assim dando-lhe mais uma chance, e como se fosse obra do destino a mesma situação se repetiu nos próximos dois anos, e como trouxa Alan acreditou nele todas as vezes, pelo menos no último ano que se passara Cauã não deu a louca de largá-lo sem motivo algum.
Contudo ele ainda acreditava no amor que os dois nutriam um pelo outro, que o amor deles poderia vencer qualquer barreira que o destino impusesse. Mas tudo estava por um fio, se Cauã desse mais uma fora com ele, sentia que não poderia mais perdoá-lo por tudo. No fundo Alan sabia que o amor deles não existia mais. O que fazia era permanecer no relacionamento por comodidade. Assim que passou pelo portão da entrada da escola viu o simpático porteiro.
– Até amanhã Alfredo − Alan disse assim que passou pelo senhor que estava ao lado do portão.
– Até Alan − Ele responde.
Alan liga o rádio do carro sintonizando em uma estação em que só toca músicas internacionais. Começa a tocar uma música que resume o que Alan estava sentindo no momento.
It's a beautiful life
É uma vida bonita
Nan neoui gyeote isseulge
Eu estarei ao seu lado
It's a beautiful life
É uma vida bonita
Neoui dwie seo isseulge
Eu estarei de pé atrás de você
Beautiful love
Bonito amor
Haneurarae neowa issdamyeon
Se você está embaixo do mesmo céu que eu
Sumswineun geosmaneurodo joha
Só respirar me faz feliz
It's a beautiful life
É uma vida bonita
Beautiful day
Dia bonito
Neoui gieogeseo naega saltende
Viverei em suas memórias
Beautiful life, beautiful day
Bonita vida, Bonito dia
Nae gyeoteseo meomulleojwo
Fique ao meu lado
Beautiful my love
Bonita, meu amor
Beautiful your heart
Bonito é o seu coração
Beautiful - Crush
A música mexeu com os sentimentos de Alan, acabando por ficar gravada em sua memória, ele cantarolou os versos da mesma por todo o caminho restante, percebera que demoraria a esquecer a melodia, o que até então para o jovem professor era uma simples música o fez se lembrar que nunca considerou sua vida bonita e nunca teve alguém realmente que o remetesse a felicidade, ele tinha Cauã, isso era um fato, mas não chegou a sentir que o amava de verdade, seus olhos até então concentrados no trânsito caótico da capital de Bestemming se encheram de lágrimas, naquele momento não entendia o porquê estava tão emotivo. Se perdera em seus devaneios que nem percebeu que o caminho a sua casa havia chegado ao fim.
Já vestido e de banho tomado foi a cozinha ver o que preparava para o jantar especial que pretendia fazer em comemoração ao aniversário de quatro anos de casamento, apesar de suas dúvidas em relação ao amor que nutria a seu marido não existisse mais, decidiu ignorá-las permanecendo na comodidade em que sua vida se encontrava.
Alan começa a preparar sua especialidade na cozinha, lasanha à bolonhesa, uma coisa que sempre o fazia sorrir era cozinhar, o que sempre amou fazer, aprendera na adolescência com sua avó a fazer a tão desejada lasanha.
Seu telefone começa a tocar o tirando da bolha de alegria em que se encontrava, ele passa o olho por cima da bancada da cozinha não o encontrando, com toda certeza o havia deixado em algum lugar da casa, sai a procura do gritador que não para.
– Alô − Diz assim que atende sendo ríspido.
– Nossa, isso é jeito de me atender Al? − Jo Ann disse fingindo estar irritada.
– Você sabe muito bem que eu tenho a mania de atender sem ver quem é − Alan diz fingindo estar magoado − Mas me diga a que devo a honra da ligação de vossa magnífica majestade?
Jo cai na risada do outro lado pelo modo que ele a chamou, o que o contagia também fazendo os dois caírem em gargalhadas.
– Vou colocar no viva voz, pois senão a digníssima não me deixa terminar o jantar − Alan diz.
Alan sem esperar que Jo Ann diga algo contrário à afirmação, coloca a ligação no viva-voz voltando sua atenção ao molho à bolonhesa que preparava. Ele a conhecera na época em que cursava Pedagogia na Faculdade Angelinny Fonturna, Jo Ann com sua personalidade um tanto sem noção, e com um punhado de parafusos soltos, logo que avistou Alan, aquele ser tímido e certinho teve a certeza de que devia se aproximar dele, o corromper.
Alan vendo que a garota que na sua cabeça era a “louca do curso” tentava se aproximar dele, ele entrara em pânico, durante meses ele repelira a aproximação de Jo Ann, em algum momento em que não conseguia se lembrar ele enfim dera uma brecha deixando a “louca do curso” se aproximar, o que não se arrependia, pois assim pode ver que Jo Ann usava a casca de “louca do curso” para espantar as pessoas e encobrir sua verdadeira personalidade, ela é na verdade uma pessoa maravilhosa e que sempre fora incompreendida por seu modo de ser.
Alan desperta de sua viagem ao passado com o cheiro de queimado que empesteia toda a cozinha.
– Que merda! − Alan grita frustrado.
– Assim você me surda seu louco − Jo Ann reclama do outro lado da linha - O que foi Al? O que aconteceu?
– Queimei o molho que estava fazendo. Bosta! merda! Vou ter que começar do zero.
– No que o senhor estava pensando pra queimar comida? − Jo questiona sarcástica.
– Em como te conheci e em como você me corrompeu − Diz já sabendo que ela iria praguejar.
– Mas foi você que me corrompeu, seu sem- vergonha, colocando a culpa em mim − Ela disparou como ele sabia que ia fazer.
– Mas o que a senhorita estava falando enquanto eu viajava na maionese? −Alan começa o preparo de um novo molho contra sua vontade.
– Nada demais não.
– Hummm sei − Alan finge acreditar − Quem não te conhece que te compre Jo Ann. Desembucha.
– Eu falei… que estava vendo o novo drama da Netflix que não me recordo o nome, o do mafioso… e tô gostando bastante, você devia ver − Ela disse mais gaguejando e escolhendo palavras do que tudo, ele sabia que ela não tinha dito aquilo, mas decide fingir que foi.
– Vou adicioná-lo à minha lista.
– Mas você vai ver né?! − perguntou duvidosa.
– Lógico que vou. Até parece que não me conhece, amo um asiático, ainda mais mafioso − ele quase não consegue segurar a risada.
– Deixe Cauã te ouvir, tá senhor Alan − Jo Ann disse o fazendo cair na gargalhada.
– Ele que não se cuide − Diz provocando uma crise de risadas do outro lado da linha − Acha que tô brincando né? Ninguém me leva a sério.
– Hmmm tá. Para de drama − Ela o repreende.
– Vamos falar da senhorita, como vai a vida desde a última vez que me ligou? − Ele a questiona, não a dando escapatória.
– Vai indo − Ela respondeu tentando ludibriá-lo
– Para de tentar me enganar dona Jo Ann − Ele a repreende.
– Você sabe, tô trabalhando, vivendo a vida − Ela disse por fim.
– E esse coração já tem dono?
– Você está cansado de saber que nunca vou me apaixonar de novo − Ela me responde convicta.
– Mas já faz mais de um ano, amiga
– Eu sei Alan, mas não acredito mais no amor − Ela disse já cansada. - Agora vou te deixar terminar o jantar pro seu bem, vê se aproveita a noite por mim, até mais!
– Pode deixar minha doida preferida. Até! Se cuida viu!
Assim que a ligação encerra Alan termina o jantar, sua tão desejada lasanha à bolonhesa está quase pronta, ele pode enfim respirar aliviado, conseguiria terminar o jantar para a comemoração antes que Cauã chegue.
Ao se sentar no sofá, respira fundo com a cabeça deitada no encosto, olha para o teto suspirando, pensava naquele momento em como sua vida estava, ele realmente se encontrava feliz? Por que ele permanecera tanto tempo em um relacionamento que não o agrada mais? O que ele via “nele” que o faz aturar tanta coisa?
Esses pensamentos não saiam da cabeça dele, tentava a todo custo arrumar uma resposta para aqueles pensamentos que há dias tanto o atormentavam, mas não achou nenhuma resposta plausível.
Ele por achar que está pensando demais balança a cabeça tentando espantar esses questionamentos, para se distrair ele busca o controle da televisão a ligando, decide assistir a série que Jo Ann o indicara agora a pouco, que acaba por distrai-lo, o fazendo não ver o tempo passar, e quando assusta ele já viu dois episódios de uma hora cada. O que lhe causa certo estranhamento é que é consideravelmente tarde e Cauã ainda não havia chegado, preocupado, decide ligar.
“O número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura”
Aquela voz robótica da caixa postal eleva sua preocupação o fazendo se questionar o porquê da demora de seu marido, Alan continua a ligar incessantemente, e a voz daquele maldito robô já o havia estressado. Como uma última medida manda uma mensagem.
Oi, amor
Você está chegando?
Estou preocupado. 23:45
A mensagem foi, mas não chegou, deixando Alan mais encucado e por vez desconfiado de que Cauã estaria aprontando.
“Sempre que ele apronta ele desliga o celular.” Pensou.
Já era quase meia noite e Cauã ainda não havia dado notícia, agora Alan tinha a certeza de que ele estava aprontando, o que não deixaria barato para seu marido. Cabisbaixo, já ciente do que o aguardava no dia seguinte, caminhou lentamente em direção a cozinha. Cauã poderia ter esquecido do aniversário de casamento? O que ele tinha de tão importante para não voltar para casa? Ele não sente falta de voltar para casa? O que eu significo para ele? Essas e tantas outras perguntas rondavam sua cabeça, contudo ele só tinha uma certeza de que teria todas as suas respostas assim que amanhecesse, e dependendo destas respostas ele tomaria medidas drásticas doa a quem doer.
Ao chegar na cozinha pôde constatar que sua fome fora embora, embora sua vontade de se embebedar amentara exponencialmente, pegara no freezer o vinho que havia separado para a tão aguardada comemoração que porventura viera a não acontecer, colocara uma dose em uma das taças que descansavam à mesa, já posta.
Enquanto seguia de volta a sala seus pensamentos não o deixavam em paz, inúmeras situações e possibilidades passavam por sua cabeça, às vezes odiava ter tanta imaginação, mas pior do que tê-la é não conseguir controlar a velocidade que esses pensamentos surgiam em sua mente.
Na pura teimosia que tomava as ações dele, tentará ligar para seu marido, sua ira tomou conta de seu ser assim que escutou o sinal da caixa postal e a seguinte mensagem.
“O número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura”
Ao compreender que Cauã não voltaria para casa naquela noite, Alan decide ir dormir e resolver o que faria na manhã seguinte.
***
Alan acorda de uma noite mal dormida às 04:00 da manhã, se ele dormiu duas horas foi muito. Abre os olhos assustado ao ouvir barulho do tilintar das chaves, então se lembrou da noite anterior e o motivo de ter dormido tão pouco, o filho de uma quenga do seu marido teve a coragem de passar a noite fora e ainda por cima no dia do aniversário de casamento deles.
Levanta-se nas pontas dos pés, caminhando lentamente em direção a porta de entrada, se escora na pilastra entre a sala e a cozinha lhe dando visão total da entrada de sua casa.
Alan viu o cambaleante Cauã entrar, não havia como negar que ele passara uma noite de bebedeira e curtição.
Naquele momento Alan se viu tendo que tomar uma decisão que mudaria sua vida por completo. Não podia ficar mais na situação em que se encontrava.
Continuou ali, observando o que Cauã faria, vendo que o filho da puta desmontou no sofá, Alan voltou para a cozinha pegando uma garrafa de água na geladeira.
Cauã se remexia no sofá em um sono bêbado, ele ainda vestia a roupa com que saiu de casa no dia anterior, um terno preto, uma camisa social branca, a mesma estando com perfume adocicado barato que provocou ânsia em Alan e ao ver as marcas de batom que se espalhavam em toda a região do pescoço dele, a decisão que ainda não tinha tomado por completo foi tomada verdadeiramente.
Alan observava aquilo com incredulidade, aquele filho de uma boa senhora havia passado a noite fora curtindo a vida como se não houvesse amanhã, segurou a garrafa que estava em sua mão com tanta força que os nós de seus dedos esbranquiçaram.
Tomando coragem que não sabia ter, jogou a água toda da garrafa na cara dele, que fez com que Cauã acordasse assustado, sem entender o que estava acontecendo, olhando incrédulo e sem saber o motivo de Alan ter feito aquilo.
O olhar de cachorro que caiu da mudança que Cauã lança em direção a Alan, causa ansiedade e repulsa em Alan fazendo o ver no que seu até então marido é capaz de fazer. Não aguentando mais explode.
– O que você pensa que está fazendo? − Alan pergunta alterando a voz, ele o olha como se aquilo fosse matá-lo − Ahh minha vontade é essa mesma que você está pensando, mas eu prefiro GRITAAARRR!!!
– Para pelo amor de Deus Amor − Ele pede quase implorando, a vontade que Alan nutre naquele momento era de rir da cara dele que estava quase implorando para que parassem de falar alto.
– O QUE? EU NÃO OUVI DIREITO SABE, PRINCIPALMENTE A PARTE QUE ME TOCA − Falou
mais alto ainda, mas não chegando a gritar como queria
– O QUE ME FAZ LEMBRAR QUE VOCÊ NÃO ME RESPONDEU.
– Dormindo. Não é óbvio? − Ele disse com um certo receio.
– Agora levanta daí e vá juntar suas coisas, seu desgraçado.
Cauã se levanta não entendendo nada do que estava acontecendo, e para ajudar sua cabeça latejava de ressaca, ele mais parecia uma lesma em corpo de humano.
– Vamos ande logo que não tenho o dia todo não belo adormecido − Alan dá uma pausa umedecendo seus lábios − Isso é pra ontem.
Cauã se levantou do sofá caindo nas próprias pernas pela noitada.
– Vamos meu filho acorda pra vida − Alan diz perdendo a paciência com a lentidão do filho de uma boa senhora.
Ele se vira para Alan e diz.
– Por que você está agindo assim comigo? − O corajoso espera que o outro diga algo como não ocorre ele continua − Não estou te entendendo amor.
– Nunca mais me chame de amor − Ele aumentou exponencialmente o tom de sua voz.
– M-mas meu bem não estou entendendo.
– Quer que eu desenhe? − Fez uma pausa esperando por uma resposta do desgraçado que estava a sua frente, como não houve continuou − Já que não quer levar porra nenhuma SAIA DA MINHA CASA AGORA SEU FILHO DA PUTA! DESGRAÇADO! VOCÊ VAI DESAPARECER DA MINHA CASA E DA MINHA VIDA AGORA.
– O que deu em você? − Cauã o pergunta franzindo a testa tentando se lembrar do que ele poderia fazer para ter deixado Alan naquele estado.
– O que deu em mim? Ora… Ora… Ora, mas o princeso não sabe o que deu em mim. ADIVINHA?
Ele olhou Alan sem entender ainda.
"Mas vai ser lerdo assim lá em Marte.” Pensou estressado e com raiva, o misto de sentimentos que o Alan sentia naquele momento turvavam sua visão o cegando de raiva.
Só conseguia ter repulsa da cara daquele desgraçado, não entendia como conseguiu ficar com ele por tanto tempo, é tirado de seus pensamentos com ele falando. − Eu não fiz nada amor − Não pôde acreditar na barbaridade que ele acabara de dizer.
– Só olhe pra você − Alan falou indo à cozinha guardar a jarra de água que ainda segurava, só naquele momento que percebera que a segurava com tanta força que os nós de seus dedos estavam esbranquiçados.
– Mas o que tem de errado em mim? − Perguntou o seguindo.
– Sabe de uma coisa, não vou perder mais meu tempo com quem não merece, quando você for embora aproveita e vê se me esquece − Diz fingindo indiferença, acho que o filho da puta acaba acreditando, ele foi muito seguro e convicto do que disse.
– Mas amor… − Cauã o interrompeu.
– Mais nada e eu não sou mais seu amor, eu já disse isso e pelo visto nunca fui − Diz com tanta raiva que teve que se segurar para não voar nele.
– Eu não estou entendendo nada do que está acontecendo − Ele fala com aquela cara que causa repulsa e ânsia de vômito em Alan, mas o que ele faz tem mais efeito que muito escândalo, começa a rir da cara daquele imbecil.
O rosto de Cauã, sonolento, aparentando alguém que passara a noite em claro, os olhos vermelhos de tanto beber ficam da cor de tomate, a raiva transparecia em sua expressão.
Alan sentiu medo ali, não iria abaixar a cabeça para ninguém ainda mais para a porra de homem que não merece.
– Jura que não sabe − faz uma pausa esperando que ele diga algo, mas resto de paciência que tinha se esvai, começando a jogar as verdades na cara dele − Você passou a noite fora me traindo, mas essa só é a ponta do iceberg, você fez isso no nosso aniversário de casamento, foi aí que as cortinas que cobriam a verdade se foram revelando o seu verdadeiro eu.
Assim que Alan vomitou tudo que estava entalado em sua garganta a tempo suficiente, mesmo sendo somente uma madrugada, ele sentia que algo o incomodava, mas não sabia qual era a fonte de seu incômodo, que por consequência o causou certo sofrimento. Alan sentira que poderia desabar a qualquer momento, contido se forçou a aguentar até pelo menos Cauã ir, não queria que o visse fragilizado, pois tinha a certeza de que o humilharia, e já estava farto dele, das suas humilhações, piadinhas e menosprezos.
Naquela manhã havia motivos de se livrar de um encosto que o atormentou e estava enganado pensando que se tratava de amor, mas que na verdade era comodidade, uma situação doentia, Alan se achava inferior.
Ali ele teve a certeza de que Cauã que era o inferior e o que nunca o dera valor suficiente, estava enganado pensando em mudá-lo, mas descobriu da pior maneira que pessoas nunca mudam.
Cauã o fez crer que não valia nada, ninguém iria o querer a não ser ele próprio, mas teve a concretização de seus argumentos quando ouviu uma voz distante. − Já que você quer que eu vá embora eu vou, mas você ficará sozinho − Ele estava tão distraído que não havia percebido que aquele indigente tinha ido pra saída, e que não perdera a oportunidade de dar a sua última alfinetada, mas ele não contava que aquilo não o atingia mais. Ele fez uma pausa, então tomou coragem e disse:
– Eu não estou sozinho.
– Então você vai ligar pra quem te expulsou? − O desgraçado me perguntou.
– Não, eu não preciso deles, eu tenho amigos que são tudo pra mim − Rebate e escuta sua risada.
– Ninguém se importa com você, você não é nada e nunca vai ser − Assim que ele termina de jogar a praga dele Alan se sente fragilizado, mas então percebe que na verdade tudo o que ele disse todos esses anos, se referia a ele, não a Alan.
– Não − Diz firme.
– Não o que? − Cauã pergunta.
– Tudo o que você fala é mentira, pelo menos de certo ponto − Alan afirma dando uma pausa, respira fundo tomando coragem para continuar − Você sempre fala que sou sozinho, que não tenho ninguém, mas a verdade é que você que não tem nada, que ninguém se importa com um traste filho de uma puta que você é, agora eu vejo e você não poderá mudar isso, então saía da minha casa e da minha vida.
Ele acaba se dando por vencido, sai batendo a porta, foi nesse momento que Alan vê seu mundo "perfeito" ruir a sua frente, durante os quatro anos nunca achou que viveria este momento, a solidão que tomou conta de seu ser o fez desabar ali mesmo no chão em meio a mesa de centro e o sofá, as lágrimas escorriam abundantemente, mesmo sem Alan querer, não entendia o porquê de estar chorando.
Ele estava sofrendo, doía tanto que ele não saberia denominar tamanha a dor que sentia. Uma pergunta pertinente veio à sua mente.
" Estava sofrendo por alguém que não merecia porra nenhuma?" Isso o encucou fazendo crer que era um fraco, mesmo tentando inutilmente fazer com que as lágrimas parassem, não teve sucesso, elas continuavam a cair como se fossem para cair verdadeiramente.
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