A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 8
Revelações Sob o Céu Escuro
Os uivos dos lobos cortavam o silêncio da noite com uma intensidade crescente, como se ecoassem a tensão que dominava o ar. Tao olhava para Shen, o coração batendo rápido no peito, as palavras do velho viajante ainda reverberando em sua mente.
“O despertar.” O que isso significava? A noite parecia prestes a engolir o vilarejo inteiro, e a sensação de perigo iminente apertava como uma mão invisível ao redor de seu peito.
— O que é o despertar? — perguntou Tão, sua voz saindo mais tensa do que pretendia.
Ele precisava de respostas, precisava entender o que estava por vir.
Shen, com seus olhos sempre profundos e misteriosos, olhou para o horizonte por um instante, como se pesasse suas palavras antes de falar. O céu escuro, sem estrelas, parecia um presságio de algo sombrio, uma mudança no próprio tecido da realidade.
— O despertar, — começou ele, sua voz rouca e grave, — é um nome antigo. Muito antes de sua geração, muito antes da minha, já havia histórias sobre isso. Uma lenda que poucos acreditam, mas que se mantém viva nas sombras. O despertar é a libertação de algo que foi selado há muito tempo...
Algo que deveria permanecer adormecido.
Tao franziu o cenho, tentando entender o peso das palavras de Shen.
— Libertação? — perguntou ele, com a voz hesitante. — Do quê?
Shen virou-se para ele, seus olhos sérios, como se quisesse que Tao compreendesse a gravidade da situação.
— Não sabemos exatamente. Há rumores, fragmentos de antigas profecias que falam de uma entidade... uma força primordial. Uma entidade que foi aprisionada nas profundezas da terra. Dizem que essa entidade é a fonte do caos, do desequilíbrio. E quando ela desperta, traz consigo a destruição e a mudança. O equilíbrio do mundo é rompido, e tudo que conhecemos começa a desmoronar.
Wang sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Uma entidade aprisionada? Isso parecia algo saído de um pesadelo. No entanto, os tremores, o ar estranho, os uivos dos lobos... tudo apontava para uma verdade que ele ainda relutava em aceitar. Algo terrível estava vindo, e ele não podia fugir disso.
— Como sabemos que isso está acontecendo agora? — perguntou ele, tentando manter a calma.
— Como você tem certeza de que é o despertar?
Shen franziu o cenho, como se estivesse avaliando as palavras certas.
— Os sinais, Tao. Eles estão todos ao nosso redor. O ar mudou, os tremores... os lobos. Os animais sempre sabem antes de nós quando o equilíbrio está se rompendo. Eles sentem a aproximação do caos. Os lobos estão tentando avisar, mesmo que não possamos entender completamente.
Os uivos dos lobos aumentaram, mais longos, mais intensos, como se estivessem respondendo diretamente às palavras de Shen. Tao não pôde deixar de sentir que aqueles sons não eram apenas um aviso, mas um grito desesperado por algo inevitável.
— Então, o que fazemos? — Tao perguntou, seu corpo inteiro tenso. — Como impedimos isso?
Shen olhou para ele, seu semblante sombrio. Por um longo momento, o velho homem ficou em silêncio, seus olhos percorrendo o vilarejo ao redor, como se procurasse respostas nas sombras.
— Não sei se podemos impedir, — disse ele, com um tom de resignação que fez o coração de Tao afundar. — Talvez seja tarde demais para evitar o que está por vir. O despertar é algo além do controle de qualquer um de nós. Mas... — Shen fez uma pausa, seu olhar ficando mais determinado, como se estivesse lembrando de algo. — Há uma chance. Uma chance pequena, mas real.
Tao se inclinou para frente, atento a cada palavra.
— O que quer dizer?
Shen olhou diretamente nos olhos de Tao, sua expressão mais intensa do que nunca.
— Há um lugar... uma antiga caverna nas montanhas ao norte do vilarejo. Poucos conhecem sua localização exata, e menos ainda ousam se aventurar lá. Dizem que é onde o selo foi feito, onde a entidade foi aprisionada pela primeira vez. Se conseguirmos chegar lá antes que o despertar esteja completo, talvez, apenas talvez, possamos restaurar o equilíbrio.
As palavras de Shen deixaram Tao ainda mais ansioso. **Uma caverna? Uma entidade aprisionada?**
Era como se ele estivesse mergulhando em uma história de fantasia, mas as evidências ao seu redor tornavam tudo dolorosamente real. O chão tremeu novamente, desta vez com mais força, e as janelas de algumas casas próximas começaram a vibrar. O tempo estava se esgotando.
— Precisamos ir agora, — disse Tao, decidido. — Não podemos esperar mais. Se o despertar está realmente acontecendo, então devemos impedir antes que seja tarde demais.
Shen assentiu lentamente, mas seu olhar estava cheio de pesar.
— Não será fácil, Tao. A jornada até a caverna é traiçoeira, e as forças que protegem aquele lugar não são naturais. Se escolhermos esse caminho, estaremos nos arriscando. E mesmo que cheguemos lá... não há garantia de que poderemos parar o despertar.
Tao respirou fundo. **O que ele tinha a perder?** Já sentia que o mundo ao seu redor estava prestes a mudar para sempre. Não podia simplesmente ficar parado enquanto o caos se aproximava.
— Estou pronto, Shen. Se há uma chance, mesmo que pequena, de impedir isso, então eu preciso tentar.
Shen observou Tao por um momento, como se estivesse vendo o jovem sob uma nova luz. Finalmente, ele assentiu.
— Muito bem, rapaz. Se essa é a sua escolha, então que seja. Mas saiba que, a partir daqui, não há como voltar atrás.
Os uivos dos lobos, agora quase ensurdecedores, preenchiam o ar. Wang sentiu o peso das palavras de Shen e soube, naquele momento, que seu destino estava selado.
— Vamos, então, — disse ele, com firmeza. — Antes que seja tarde demais.
Shen pegou uma lanterna e uma bolsa com suprimentos. Com um último olhar para o vilarejo adormecido, eles partiram, indo em direção às montanhas ao norte, onde o selo da entidade aguardava seu destino.
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