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Meu Tritão

Capítulos 10

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Meu Tritão Capítulo 4

A caverna estava envolta em um silêncio sereno, apenas o som suave das ondas quebrando na entrada ecoava nas paredes de pedra. Athos estava deitado na areia úmida, seu corpo ainda quente e levemente trêmulo, enquanto Carbius permanecia ao seu lado, agora com sua cauda novamente visível, brilhando suavemente sob a luz tênue que entrava na caverna.
 
O humano olhou para o tritão, seus pensamentos ainda turvos pela intensidade do que haviam compartilhado. Ele sentia-se vulnerável, mas de uma forma que não o assustava. Havia algo profundamente reconfortante na presença de Carbius, algo que o fazia sentir-se seguro, mesmo em meio a tantas incertezas.
 
— Isso… isso foi real? — Athos perguntou, sua voz suave, quase um sussurro, como se temesse quebrar o encanto daquele momento.
 
Carbius virou-se para ele, seus olhos escuros refletindo uma mistura de ternura e algo mais profundo, algo que Athos ainda não conseguia nomear.
 
— Foi real — respondeu o tritão, sua voz grave e carregada de uma sinceridade que fez o coração de Athos acelerar. — Tão real quanto o oceano que nos trouxe até aqui.
 
Athos sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele olhou para as mãos de Carbius, que agora repousavam sobre a areia, e notou como elas pareciam tão humanas, mas ao mesmo tempo tão diferentes.
 
— Eu nunca senti algo assim antes — admitiu Athos, sua voz trêmula. — Nem mesmo perto disso.
Carbius inclinou-se para frente, seus dedos tocando levemente o rosto de Athos.
 
— Eu também não — confessou o tritão, sua voz suave, quase um murmúrio. — Há algo em você, Athos, algo que me atrai de uma maneira que não consigo explicar.
 
O humano sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele queria entender, queria saber o que aquilo significava, mas ao mesmo tempo, sentia-se assustado com a intensidade daquela conexão.
 
— O que isso significa? — perguntou Athos, seus olhos buscando os de Carbius em busca de respostas.
 
Carbius suspirou, seus dedos ainda acariciando o rosto de Athos.
 
— Eu não sei — admitiu o tritão. — Mas sei que o oceano não nos trouxe juntos por acaso. Há algo maior em jogo aqui, algo que nem eu nem você entendemos completamente.
 
Athos sentiu um frio percorrer seu corpo. Ele sabia que Carbius estava certo. Havia algo estranho acontecendo, algo que ia além de sua compreensão.
 
— E agora? — perguntou o humano, sua voz cheia de incerteza.
 
Carbius olhou para ele, seus olhos escuros brilhando com uma determinação que fez Athos sentir-se um pouco mais seguro.
 
— Agora, descobrimos juntos — respondeu o tritão. — O oceano nos uniu por um motivo, e não descansarei até descobrir o que é.
 
Athos sentiu um peso ser tirado de seus ombros. Ele não estava sozinho nisso. Carbius estava com ele, e juntos, eles poderiam enfrentar o que quer que estivesse por vir.
 
— Eu confio em você — disse Athos, sua voz firme, apesar da emoção que transbordava em seu peito.
 
Carbius sorriu, um sorriso suave e cheio de promessas.
 
— E eu em você — respondeu o tritão.
 
Eles ficaram em silêncio por um momento, apenas olhando um para o outro, enquanto o som das ondas preenchia o espaço entre eles. Athos sentiu-se estranhamente em paz, como se finalmente tivesse encontrado algo que ele nem sabia que estava procurando.
 
— O que você sente? — perguntou Athos, sua voz suave, quase um sussurro.
 
Carbius olhou para ele, seus olhos escuros refletindo uma mistura de emoções que Athos não conseguia decifrar completamente.
 
— Sinto que você é parte de mim agora — respondeu o tritão, sua voz grave e carregada de uma sinceridade que fez o coração de Athos acelerar. — E não importa o que aconteça, eu não vou deixar você ir.
 
Athos sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ele sabia que aquelas palavras eram verdadeiras, e que Carbius faria de tudo para protegê-lo.
 
— Eu também não vou deixar você ir — respondeu o humano, sua voz firme, apesar da emoção que transbordava em seu peito.
 
Carbius sorriu, um sorriso suave e cheio de promessas.
 
— Então, estamos juntos nisso — disse o tritão.
 
Athos assentiu, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.
 
— Estamos juntos.
 
***
 
A manhã chegou suavemente à caverna, a luz do sol penetrando as fendas nas rochas e iluminando o interior com tons dourados. Athos ainda dormia, envolto em um manto feito de algas secas que Carbius havia providenciado. O tritão observava o humano, seu rosto impassível, mas seus olhos revelavam uma tempestade de emoções. Ele sabia que não poderia esconder Athos por muito mais tempo. O oceano tinha olhos e ouvidos em todos os lugares, e os segredos das profundezas raramente permaneciam ocultos.
 
Antes que pudesse decidir seu próximo passo, um som grave ecoou na caverna, como o toque de um coral ancestral. Carbius reconheceu imediatamente o chamado: era o Conselho dos Anciões. Seu coração apertou-se. Eles sabiam.
 
Sem hesitar, Carbius mergulhou nas águas da caverna, sua cauda brilhando à medida que ele nadava em direção às profundezas. Ele não poderia ignorar o chamado, mas sabia que o que o aguardava não seria fácil.
 
No fundo do oceano, em uma grande câmara cercada por colunas de coral e estátuas de tritões ancestrais, o Conselho dos Anciões aguardava. Eram cinco figuras imponentes, cada uma com barbas longas e escamas que brilhavam com a sabedoria de séculos. Seus olhos, frios e calculistas, fixaram-se em Carbius assim que ele entrou na câmara.
 
O mais velho dos anciões, Thalassor, ergueu-se de seu trono de conchas e começou a falar, sua voz ecoando como um trovão subaquático.
 
— Carbius, filho das marés, você sabe por que foi convocado?
 
Carbius manteve-se ereto, seus olhos enfrentando os dos anciões sem hesitação.
 
— Suponho que seja por causa do humano — respondeu ele, sua voz firme, mas respeitosa.
 
Thalassor inclinou-se para frente, suas escamas brilhando sob a luz fraca que penetrava as águas.
 
— Você o esconde em uma caverna, longe dos olhos do oceano — disse ele, sua voz carregada de desaprovação. — Você sabe que isso é uma afronta às nossas leis.
 
Carbius apertou os punhos, mas manteve a calma.
 
— Ele não é uma ameaça — argumentou. — Ele está conectado ao oceano de uma maneira que nem eu nem vocês entendemos.
 
Uma anciã chamada Nereia interrompeu, sua voz afiada como uma lâmina.
 
— Conectado? Humanos são criaturas da terra, Carbius. Eles não pertencem ao nosso mundo.
 
— E se ele for diferente? — Carbius contra-atacou, sua voz elevando-se um pouco. — E se ele for a chave para algo maior?
 
O silêncio que se seguiu foi pesado, como se o próprio oceano estivesse segurando a respiração. Thalassor ergueu uma mão, silenciando qualquer resposta que os outros anciões pudessem ter.
 
— Sua devoção a esse humano é perigosa — disse ele, sua voz grave. — Se continuar com ele, você pode trazer guerra entre nosso povo e os humanos. Você está disposto a arriscar isso?
 
Carbius sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele sabia que as palavras de Thalassor eram verdadeiras, mas não poderia simplesmente abandonar Athos.
 
— Eu não vou deixá-lo — respondeu Carbius, sua voz firme e cheia de determinação. — Ele é parte de mim agora.
 
Os anciões trocaram olhares, suas expressões impenetráveis. Thalassor suspirou, sua voz carregada de tristeza.
 
— Então você nos deixa sem escolha. Se continuar com esse humano, você será exilado. Banido para sempre das profundezas do oceano.
 
Carbius sentiu um frio percorrer seu corpo. O exílio era a punição mais severa que um tritão poderia receber. Significava ser cortado de sua própria essência, do oceano que fluía em suas veias.
 
— Eu entendo — respondeu Carbius, sua voz firme, apesar do peso das palavras. Nereia olhou para ele, sua voz agora mais suave, quase compassiva.
 
— Você está disposto a perder tudo por ele?
 
Carbius olhou para cada um dos anciões, seus olhos brilhando com uma determinação que não poderia ser abalada.
 
— Sim — respondeu ele, sem hesitar.
 
O silêncio que se seguiu foi quase insuportável. Thalassor finalmente suspirou, sua expressão carregada de pesar.
 
— Então que seja. Você tem até o pôr do sol para decidir. Se ao cair da noite o humano ainda estiver sob sua proteção, você será banido.
 
Carbius assentiu, seu coração pesado, mas sua resolução inabalável.
 
— Eu entendi — disse ele, antes de se virar e nadar de volta para a superfície.
 
Quando Carbius retornou à caverna, Athos já estava acordado, sentado na areia e olhando para o mar. Ele virou-se quando ouviu o tritão entrar, seus olhos cheios de preocupação.
 
— Onde você estava? — perguntou Athos, sua voz suave, mas carregada de ansiedade.
 
Carbius nadou até a margem, sua cauda brilhando sob a luz do sol. Ele olhou para Athos, seus olhos refletindo a tempestade de emoções que sentia.
 
— Fui convocado pelo Conselho dos Anciões — respondeu ele, sua voz grave. Athos sentiu um frio percorrer seu corpo.
 
— E o que eles disseram?
 
Carbius hesitou por um momento, mas sabia que não poderia esconder a verdade de Athos.
 
— Eles sabem sobre você — disse ele. — E me deram um ultimato.
 
— Um ultimato? — perguntou Athos, sua voz trêmula. Carbius assentiu, seus olhos fixos nos de Athos.
 
— Se eu continuar com você, serei exilado. Banido para sempre das profundezas do oceano.
 
Athos sentiu o coração parar por um momento. Ele sabia o que o oceano significava para Carbius, sabia que era parte de quem ele era.
 
— Você não pode fazer isso — disse Athos, sua voz cheia de angústia. — Eu não posso deixar você perder tudo por minha causa.
 
Carbius aproximou-se, suas mãos tocando o rosto de Athos com uma suavidade que contrastava com a gravidade da situação.
 
— Eu já tomei minha decisão — respondeu ele, sua voz firme. — Você é mais importante para mim do que qualquer coisa.
 
Athos sentiu lágrimas queimarem em seus olhos.
 
— Mas o que vamos fazer? — perguntou ele, sua voz quase um sussurro.
 
Carbius olhou para o mar, seus olhos brilhando com uma determinação que não poderia ser abalada.
 
— Vamos descobrir juntos — respondeu ele. — O oceano nos uniu por um motivo, e não descansarei até descobrir o que é.
 
Athos sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas também sabia que, com Carbius ao seu lado, ele poderia enfrentar qualquer coisa.
 
— Estamos juntos nisso — disse Athos, sua voz firme, apesar da emoção que transbordava em seu peito.
 
Carbius sorriu, um sorriso suave e cheio de promessas.
 
— Estamos juntos.
 
E assim, sob a luz do sol que se refletia nas águas, Athos e Carbius prepararam-se para enfrentar o que quer que o destino lhes reservasse.
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