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Zythrion

Capítulos 10

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Zythrion Capítulo 3

Antecipação

June olha para os armários e estantes de armas com muitas opções. Toca em gavetas sensoriais, que abrem ao deslizarem para o lado, revelando pentes de munições variadas, cargas de baterias e explosivos. Ela sabe que é treinada, mas de fato não conhecia boa parte daqueles armamentos. Opta por manter a pistola cinética que tinha usado para ameaçar John, agora segura em um coldre. Veste também um colete anti-impacto adaptável, apanha duas cápsulas de energia para a arma, e decide levar uma vibrolâmina, apenas por garantia. Então, olha para as próprias roupas.

 

Um vestido.

 

Não é difícil encontrar roupas mais adequadas para a situação: uma calça justa, botas resistentes e uma camisa polo nas cores preta e prata, feita de nanofibras. Antes de ir até o banheiro para se trocar, June não pode deixar de notar que John também procurou trocar de roupa. Agora ele está usando uma calça militar e botas. Ela presta atenção em suas costas largas e marcadas por cicatrizes, enquanto veste uma camiseta preta tática e ajusta o colete anti-impacto.

 

Ela veste-se rapidamente no banheiro, percebendo que o local é pequeno, limpo e extremamente funcional. Se apenas John usasse aquele local, ele seria muito minimalista. Ela tira seu vestido com alguns movimentos simples, abaixando os braços e remexendo os quadris, uma vez que o vestido é muito justo. Ela olha o próprio corpo e a lingerie preta, o contorno dos seios.

 

Nenhuma cicatriz. O que você pretende fazer lá fora, June?

 

Ainda assim, suspira e se recompõe, ao mesmo tempo em que começa a se vestir. A roupa lhe cai bem, e o colete ajusta-se automaticamente assim que o veste, em mais um dos milagres da tecnologia. Assim que sai do banheiro, ela se assusta.

 

— Aqui, pega isso. — June dá de cara com John, que lança um objeto em sua direção. Ela se atrapalha um pouco, mas consegue apanhar o que ele arremessa para ela. Parece um cilindro metálico curto, de textura confortável, e que se ajusta aos seus dedos.

 

— O que é isso? — ela pergunta.

 

— É um bastão de densidade variável. Faça assim. — Ele esticou o braço para baixo, com um movimento rápido, fazendo o objeto aumentar, tornando-se mais fino na ponta, e medindo ao todo cerca de trinta centímetros.

 

June fez o mesmo.

 

— Para retrai-lo, é só fazer o movimento inverso. Ele se ajusta aos seus movimentos. Quando estiver fazendo movimentos de queda, como golpes de cima para baixo, ele torna-se mais denso e pesado, aumentando o dano causado e a velocidade do golpe. Em ataques horizontais ou quando você recuar seu braço, ele torna-se mais leve, permitindo que você recue com mais velocidade. Ele absorve eletricidade também, podendo virar um bastão elétrico por alguns segundos, mas sem afetar o portador.

 

June concorda, testando alguns movimentos.

 

— Vi também que pegou uma vibrolâmina. Sabe como funciona?

 

— Sim... — responde June, sem muita convicção.

 

John quase revira os olhos, tentando ignorar o fato de June ter mentido muitas vezes até agora.

 

— A faca é de metal leve, banhada em titânio, bem afiada. Você pode acionar a vibração das partículas no cabo. Isso aumenta seu poder de corte, então ela pode cortar quase qualquer coisa, inclusive você. Tome cuidado.

 

— Certo, entendido.

 

— Agora vamos, mostre-me o que sabe fazer — diz John assumindo postura de combate com seu bastão.

 

June o encara, incrédula.

 

— Como?

 

— Vamos lá, cinco minutinhos sem perder a amizade. Se vamos colocar nossas vidas em risco, eu preciso conhecer a extensão das habilidades de minha ajudante.

 

— Parceira — ela corrige, arqueando as sobrancelhas. — Além do mais, não temos tempo para isso.

 

— Não se preocupe, será rápido — ele responde com um sorriso.

 

A expressão de June muda da incredulidade para uma leve irritação.

 

— Como assim, rápido?

 

Ele apenas sorri para ela.

 

June tenta se lembrar de parte do seu treinamento de combate. Ajusta o bastão em sua mão, e avança contra John. Assim que inicia o movimento de ataque, percebe como a arma se adapta, tornando tudo mais fácil. Mais leve em recuos, mais pesada em movimentos descendentes.

 

Ela tenta golpes básicos, pancadas pelas duas laterais, e então um outro por cima, mirando a cabeça. John recua de maneira sutil, bloqueando todos eles com movimentos simples, utilizando seu próprio bastão.

 

— Nada mau, saiu da academia agora? — John pergunta.

 

June quase solta um rosnado e avança de novo. Dessa vez, tenta golpes mais elaborados, e não uma sequência decorada, para pegar o adversário desprevenido. Primeiro ela sobe com um golpe contra a lateral da cabeça, que ele mais uma vez bloqueia com facilidade. Em um movimento rápido, ela recua o braço, e ataca novamente por baixo, tentando acertar seu joelho pela lateral. Ele levanta a perna em uma velocidade impressionante, permitindo que o ataque dela passe direto. De volta à postura sólida, ele segura o braço armado dela com uma mão, e golpeia seu rosto com o bastão. O golpe teria pegado em cheio, se ele não tivesse parado a centímetros de seu olho.

 

— Muito bem. — Ele solta seu braço, deixando que ela recue alguns passos.

 

June o encara ofegante. Pensa em muitas coisas para dizer, mas acaba não dizendo nada. Avança de novo, dessa vez tentando uma estocada direta com o bastão. John desvia para o lado, permitindo que ela acerte apenas o ar, aproveitando-se de sua posição para acertá-la com uma rasteira. June vê seu mundo girar quando  não sente mais o piso frio sob seus pés. No entanto, antes que ela se choque contra o chão, John a segura e a puxa de volta, colocando-a de pé. Por um momento, ela fica muito próximo a dele, seus seios tocando seu tórax.

 

— Bom, você sabe o básico. Espero que seja melhor atirando — John diz inocentemente, percebendo o olhar raivoso dela.

 

June se afasta e faz o movimento que ele a ensinou para recolher o bastão. Então dá de ombros.

 

— Pode apostar que sim — ela diz, sem querer admitir que não era tão boa quanto achava.

 

— Escuta — ele começa, enquanto guarda o próprio bastão e confere seus equipamentos. — A essa altura, Gênesis já deve ter acesso a todo o sistema de vigilância da cidade. Então precisamos evitar vias públicas, e claro, evitar o uso de qualquer veículo. Por sorte, não existem androides de combate em si, mas se encontrarmos qualquer um deles, mesmo que seja um faxineiro, você precisa saber que eles são mais fortes, rápidos e resistentes que a gente. Não se segure, danifique o máximo que conseguir de cada um. Se possível, e necessário, destrua os desgraçados.

 

June assente, conferindo seus próprios apetrechos.

 

— Mas... androides não podem ferir humanos.

 

— Sim, mas parece que Gênesis burlou essa diretriz. Não me surpreenderia que tenha subido linhas de códigos em outros androides também. Você viu na transmissão, tinha outros com ela.

 

June engole em seco, perdida em pensamentos. Percebe que John leva duas pistolas em coldres nas coxas, além de um vibrolâmina, um bastão de densidade variável e cilindros que ela julga serem granadas. Em uma bandoleira a tiracolo, ele porta um fuzil avançado, e nas costas, uma mochila tática que não parece estar muito pesada.

 

— E então, pronta?

 

June olha ao redor e corre até uma das gavetas, apanhando mais uma carga de bateria para sua arma, então encara John.

 

— Sim, tudo pronto.

 

Decididos, sobem para deixar o porão.

 

 

Gênesis está de volta à sala em que assassinou o presidente. Seus olhos contemplam as telas da transmissão novamente, tendo a certeza de que todos os líderes mundiais estão mortos. Mesmo as forças de segurança estão agora enfraquecidas, sem acesso às suas armas de destruição em massa, algo que garantiu meses atrás. Com Oliver Field capturado, ele logo entregará a localização do protocolo, e seu plano continuaria seguindo como o planejado. Ou quase.

 

Gênesis vasculha seu vasto banco de dados, revisitando as possibilidades. Falhas haviam acontecido na sequência de fatos previstos por ela. Os dois agentes que salvaram Field não são da CIA, o que significa que forças externas também estão envolvidas nos acontecimentos. A IA refaz seus cálculos e projeções.

 

Mercenários contratados? Por quem? Pouco provável. Agentes estrangeiros? Mais provável. Nenhum deles está nos bancos de dados mais sigilosos, a menos que estivessem em um banco de dados que eu não tivesse acesso: Marte.

 

A mente de Gênesis se expande. Embora ninguém mais possa enxergar, uma galáxia se mostra diante de seus olhos. Na verdade uma teia, um emaranhado de cenários possíveis, que se ligam em pequenos planetas de informações. Seu olhar salta de um para outro em uma velocidade impressionante, até que escolhe um específico. Seu objetivo é claro: deseja encontrar falhas e relatórios de erros em sua operação. Um ponto vermelho indica a interferência dos agentes com Oliver Field, mas outro relatório chama sua atenção, entrando em foco em um milissegundo.

 

A IA gira o corpo na direção de um androide próximo. É uma máquina de serviço, de pintura azul descascada, olhos vermelhos e braços, cilíndricos. Ao seu lado, está uma analista androidética, que lembra uma mulher com trajes formais, cabelo curto e ruivo. Os veios metálicos e os olhos androidéticos denunciam sua natureza — ou a falta dela.

 

— Por que a intendente June Jung não foi eliminada?

 

Os olhos vermelhos do androide de serviço se acendem, enquanto sua voz metálica surge de seu dispositivo interior.

 

— Ela não foi encontrada em casa. Um dos operativos executou uma civil por engano, com 81,38% de confirmação.

 

Gênesis cerra seus punhos, erguendo seu queixo.

 

— Quem era o responsável?

 

Um outro androide dá um passo à frente. Tem a aparência de um homem calvo, olhos negros com pupilas azuis. Entre a pele artificial aparente há veios de metal e buracos de parafusos. Sua roupa não passa de um macacão cinza.

 

— Eu, minha senhora.

 

O punho de Gênesis é rápido e se estica em um movimento agressivo. A face androidética é destruída, o metal e o silicone afundam para dentro do crânio, o corpo sendo arremessado em direção ao piso do gabinete. Gênesis não consegue evitar o sentimento de nojo pelas máquinas inferiores, mesmo que seus dias estejam contados.

 

— E onde estava a senhorita Jung? — pergunta Gênesis. Mas levanta um dos dedos em sinal de que os outros não deveriam se pronunciar.

 

Seus olhos ficam fixos nas telas a sua frente, que antes mostravam seu triunfo sobre os líderes mundiais. Porém, com um comando silencioso da IA, as imagens mudam para o sistema de vigilância de Washington.

 

Sua atenção concentra-se na saída da rua onde June mora. Saiu de casa em um carro pouco depois das 19h31. Com informações cruzadas, Gênesis traçou o destino. Quem é o homem que desceu no restaurante com ela? Quando o ataque começou, ele a tirou rapidamente do local. Seu aeromóvel foi capaz de atingir média altitude, e depois de algumas quadras, houve interferência na vigilância.

 

— Ele não está no banco de dados de reconhecimento facial. Ela recebeu ajuda. Outro agente? Hm. Ninguém entrou ou saiu da cidade assim que o ataque começou?

 

— Afirmativo — diz a androide analista, de cabelos ruivos.

 

— Ela não foi longe. — Gênesis analisa as imagens e pondera sobre todas as possibilidades. Sem dizer uma só palavra, ativa o sistema de reconhecimento facial para encontrar a agente e o homem que a ajudou. Então a busca para. Gênesis levanta o rosto levemente com as referências cruzadas de sua pesquisa. — Espere.

 

Algumas das telas alternam sua exibição para o sistema de segurança da mansão Field — há algumas semanas —, com o mesmo rosto: June Jung.

 

— O que está aprontando, senhorita Jung? — Em um milissegundo, ela percebe a relação. A intendente June é uma agente confirmada da CIA, mas tinha visitado Oliver Field como repórter: um disfarce óbvio. No entanto, há mais naquela história. A agente Jung não era uma ativa de campo. Então aquela abordagem era improvável. Conhecendo seu superior, que naquele momento já está morto, ele não teria dado autorização para tal missão. E não havia registros de investigações abertas por parte da CIA a Oliver ou à Éden.

 

Jung.

 

Gênesis encontra todas as relações do sobrenome em outro milissegundo. June Jung é irmã da agente aposentada Luna Jung. Há exatos oito meses e catorze dias, Luna Jung pediu afastamento, e então se aposentou do serviço secreto. Motivo? Segundo filho. Antes disso, há relatórios arquivados sobre linhas de investigação que ela apresentou ao alto escalão da CIA. Ponto de foco: Oliver Field e Gênesis.

 

— Entendo. — Gênesis se vira para os outros dois androides. — Achem June Jung e a tragam viva. Formem um perímetro a partir do ponto onde aquele aeromóvel foi visto pela última vez. Permissão para matar qualquer um que estiver com ela e tentar evitar a captura.

 

Os dois androides assentem e saem. Gênesis volta a virar para as telas, seus olhos brilhando com as novas peças que surgiam para o quebra-cabeças. Ela, porém, é a única que consegue enxergar todas as possibilidades.

 

 

John e June atravessam a rua em frente ao prédio meio abaixados, logo depois de deixarem o porão trancado para trás. June não deseja admitir, mas seu coração está disparado. Depois de toda aquela ação frenética para chegar até ali e entender o que aconteceu na cidade, deixar a segurança é, sobretudo, amedrontador.

 

Ela para logo atrás de John em um beco depois de algumas quadras e ambos se abaixam. John puxa um visor de fibra de vidro da mochila, e traça uma rota pela cidade rapidamente em um mapa holográfico. Ele disse que deveriam evitar as vias principais para evitar de serem pegos pela vigilância.

 

Até ali, porém, não encontraram nenhum androide e viram poucas pessoas. Algumas de longe, a maioria escondida dentro de casa.

 

June olha para trás no beco, e então para John, que analisa o caminho. Assim que ele faz menção de se levantar e continuar, ela coloca a mão em seu ombro. Ele se detém, e olha para ela.

 

— O que foi?

 

June morde os lábios.

 

— Temos que fazer um pequeno desvio.

 

John franze o cenho, confuso.

 

— O quê? Como assim?

 

— Precisamos passar na casa da minha irmã.

 

— June...

 

— Escuta, não diga nada ainda. O desvio é muito pequeno, é no caminho para o Pentágono.

 

— É muito arriscado... É mais seguro seguirmos direto.

 

— Há mais uma coisa que eu não lhe contei.

 

John a encara, apoiado em um dos joelhos, pegando o movimento da rua com o canto dos olhos. Pessoas se aproximam. Algumas portando tacos; outras com armas improvisadas. Ele já podia imaginar: algumas estão tentando arrombar lojas fechadas; as outras com certeza estariam procurando androides para destruir. Umas poucas sequer devem acreditar em tudo o que está acontecendo.

 

— O que não me contou?

 

— Quando eu falei com Oliver, semanas atrás, eu peguei uma coisa da mansão dele: um hyperdrive.

 

— O quê?! — A voz de John eleva-se em surpresa. — E você só está me contando isso agora?!

 

— Sim, porque agora você está mais propenso a seguir minha ideia. Parecia ter algo importante nele, mas só pode ser acessado com um tipo de entrada única. Ela estava cobrando alguns favores para conseguir acessar. O Pentágono pode ter um terminal para acessá-lo. Talvez seja o protocolo para desativar Gênesis.

 

— Droga, June!

 

John abaixa a cabeça. Na rua, algumas pessoas quebram uma porta. Encontram um androide, e um tipo de agressividade começa. John ajusta seu dispositivo. Realmente a casa de Luna fica no caminho, e o desvio seria quase imperceptível. June tinha manipulado ele muito bem.

 

— Certo, vamos passar na casa da sua irmã, pegar o hyperdrive e garantir que ela esteja segura. Depois vamos direto para...

 

John para de repente e olha para o alto.

 

— O que foi? — pergunta June.

 

Em um reflexo, ele a puxa pelo braço, meio metro para frente. Algo cai pesado no chão do beco, criando rachaduras na pedra. A androide de cabelos vermelhos encara a dupla, esboçando um sorriso complacente.

 

— Olá, senhorita Jung, Gênesis deseja a sua presença.

 

O casal vê o ponto por onde vieram se fechar com mais alguns androides. Alguns têm a aparência ligeiramente humana, apenas com alguns traços robóticos, como um homem sem cabelos e veias de metal vestido como um carteiro. Outro parece maior, quase sem nenhuma pele artificial — talvez usado para construções civis. Mais dois aparecem na saída do beco, um deles sendo um androide mecânico de olhos vermelhos e braços cilíndricos, com a pintura azul descascada.

 

— Foi mal, dona, mas a moça já está acompanhada. — John toma a frente, e ergue o fuzil, disparando contra a androide. Rápida, a mulher robótica se abaixa, desvia, e salta para frente. Com seus braços abertos agarra a cintura de John, empurrando-o para fora do beco. Os androides em uma das pontas mais próximas abrem espaço, e a androide de cabelos vermelhos bate o corpo de John contra um aeromóvel estacionado. O vidro trinca e a porta amassa, enquanto John tenta puxar o ar — mesmo com o colete dispersando boa parte do impacto.

 

— John! — June grita, buscando a pistola na cintura. Para sua infelicidade, os androides de ambas as pontas começam a se aproximar. Ela aponta a pistola e dispara em desespero, tentando mirar nos inimigos mais próximos.

 

A pistola cinética dispara pequenos projéteis de força. Alguns acertam os androides à sua frente, amassando suas latarias e os empurrando para trás. Outros acertam o aeromóvel em que John está sendo pressionado. A androide em volta de sua cintura desliza o corpo dele mais para baixo, até as costelas, as apertando, tentando vencer a resistência do colete para quebrar seus ossos.

 

— June... por favor, não atire em mim... — com o tronco acima do corpo da mulher robótica, John aponta o fuzil, disparando projéteis de alto calibre contra os androides que estavam de costas para ele e indo na direção de June na saída do beco em que estavam.

 

A munição é de perfuração afiada, eletrizada para causar mais danos às máquinas. Ambos os androides são alvejados, e seus corpos começam a entortar. June aproveita a brecha para passar entre eles, disparando com sua pistola nas costas da mulher robótica, esmagando John com os braços. Os disparos cinéticos não são o bastante para perfurar seu corpo, mas os impactos a empurram, fazendo com que solte John.

 

Os pés do agente encostam no chão novamente. Suas pernas estão bambas, mas seus braços ainda têm forças para bater com o cabo da arma contra o rosto daquela androide de cabelos ruivos. Ele então encaixa um pontapé no centro do tórax robótico, e empurra a androide para trás.

 

June dá a volta no veículo, indo para o meio da rua, enquanto John rola por cima do aeromóvel, em direção ao outro lado. Ele levanta seu fuzil para os androides que se aproximam pelo lado oposto. June está um passo atrás dele quando um vulto salta rápido em suas costas e o grito de June enche seus ouvidos.

 

Em choque, John olha rapidamente para o lado. Tem um androide sobre June, segurando seus braços. De onde... mas quando percebe que era o mesmo androide que foi atacado pelos civis, é tarde demais. O gigante mecânico de antes — que vinha cortando pelo beco e John julgou ser algum tipo de androide da construção civil —, desfere uma pancada potente contra o aeromóvel. O veículo é arremessado pela rua, e se choca contra John, empurrando-o contra a vitrine de uma loja da calçada oposta.

 

Enquanto tenta se libertar em vão, os olhos de June se arregalam com a cena.

 

— John! JOHN?!

 

É inútil, não há resposta de dentro da loja que acaba de ser destruída pelo aeromóvel. June tenta se soltar, mas logo todos os androides a cercam, imobilizando-a, arrastando a mesma de volta à sua divindade: Gênesis.

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