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Drácula

Capítulos 27

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Drácula Capítulo XI

DIÁRIO DO DR. SEWARD

 

13 de setembro — Chegamos, eu e Van Helsing, a Hillingliam às oito da manhã. Fomos recebidos pela Sra. Westenra, que nos disse:

-Lucy ainda está dormindo. Não quis acordá-la.

- Pelo que vejo, meu diagnóstico estava certo, uma vez que o tratamento está dando bom resultado — observou o professor.

- Não deve atribuir todo o crédito só a si mesmo, Doutor. O estado de Lucy esta manhã se deve, em parte, a mim.

- Que está querendo dizer, minha senhora? — perguntou o professor.

- Esta noite, fiquei um pouco nervosa, por causa de minha filha e fui vê-la. Ela estava dormindo a sono solto, mas havia um cheiro sufocante no quarto, que estava completamente fechado. Também, não era para menos, pois estava cheio daquelas flores horríveis por toda a parte e até em torno do pescoço dela. Achei que aquele cheiro lhe faria mal e não somente tirei as flores todas, como abri a janela para arejar o quarto. Vai ficar satisfeito com ela, tenho certeza.

Olhei o rosto dó professor e vi que se tornara lívido. Conseguiu dominar-se enquanto a velha senhora estava presente, pois sabia o seu estado, as logo que ela saiu, eu o vi desanimado pela primeira vez. Depois, segurou-me pelo braço, exclamando:

- Vamos vê-la. Temos de lutar!

Levantei a cortina, enquanto ele se aproximava do leito.

- Já esperava por isto — murmurou Van Helsing.

Dessa vez, foi apenas com infinita piedade e tristeza que ele olhou para o rosto lívido de Lucy.

Sem uma palavra, fechou a porta e começou os preparativos para a transfusão de sangue. Comecei a tirar o casaco, mas ele me deteve:

- Não. Hoje você faz a operação e eu dôo o sangue. Você já está enfraquecido.

De novo a transfusão e já volta às faces de Lucy alguma cor, da respiração regular e, de um sono saudável. Dessa vez, fiquei observando, enquanto Van Helsing ia se refazer.

Uma hora depois, Lucy acordou, bem disposta, depois da terrível provação.

Que significa tudo isto? Estou começando a imaginar se não estarei também ficando louco, e tanto viver entre loucos.

“THE PALL MALL GAZETTE” DE 18 DE SETEMBRO LOBO FUGIDO

 

Um lobo que conseguiu fugir do Jardim Zológico em circunstâncias bem misteriosas, foi recapturado depois de ter paralisado Londres um dia e meio, sem grande dificuldade, com a

cabeça toda cortada, o que é atribuído a ter tentado galgar algum muro em que o morador tenha colocado cacos de vidro. O animal, aliás, era muito manso e seu guarda não compreende a fuga e diz que o lobo continua de novo muito bem comportado.

TELEGRAMA DE VAN HELSING, EM ANTUÉRPIA, A SEWARD, CARFAX

(Enviado para Carfax, em Sussex, pois não fora mencionado o Condado; entrega retardada 24 horas)

 

17 de setembro — Não deixe de estar em Hillingliam esta noite. Se não vigiar a noite toda, visite com freqüência e veja se as flores estão no lugar; é muito importante; não falhe. Estarei com você o mais cedo possível, depois de chegar.

 

MEMORANDO DEIXADO POR LUCY WESTENRA

 

17 de setembro, à noite — Sinto-me morrer de fraqueza, e mal tenho força para escrever, mas quero escrever isto, para que ninguém se veja em dificuldade por minha causa.

Fui para a cama como de costume nestes últimos dias, depois de verificar se as flores estavam colocadas de acordo com as instruções do Dr. Van Helsing, e não tardei a dormir.

Fui acordada pelo barulho de bater de asas contra a vidraça, barulho esse que começou desde o dia em que caminhei dormindo até o rochedo de Whitby e fui salva por Mina.

Somente agora começo a conhecê-lo bem. Não tive medo, mas gostaria de saber se o Dr. Seward está no quarto próximo. Esforcei-me para dormir de novo, mas não consegui e fiquei dominada pelo medo. Abri a porta e gritei: “Tem alguém aí?” Ninguém respondeu e, receando acordar minha mãe, tornei a fechar a porta. Então, ouvi, vindo do mato, do lado de fora, um uivo como de um cão, porém mais alto e mais forte. Aproximei-me da janela e vi, do outro lado da vidraça, um grande morcego. Naturalmente é ele que bate de encontro a vidraça. Tornei a ir para a cama, mas disposta a não dormir. Logo depois, a porta se abriu e minha mãe apareceu.

- Estava preocupada com você, minha ha, e vim ver se está passando bem.

Com medo que ela se resfriasse, pedi-lhe que e deitasse junto de mim, o que fez sem tirar o peignoir, pois pretendia ficar só um pouco e depois voltar para o seu quarto.

As pancadas na janela recomeçaram e minha mãe perguntou o que era, trêmula. tranqüilizei-a e ela se aquietou, mas percebi que eu coração batia com muita força, Algum tempo depois, ouvi de novo o uivo e houve um barulho de vidros quebrados. edaços de vidro caíram no quarto e, através da vidraça partida, apareceu a cabeça de âm lobo. inha mãe deu um grito, horrorizada, garrando-se, instintivamente, ao queencontrou ais próximo e, na sua aflição, arrancou a guirlanda que o Dr. Van Helsing colocara em meu pescoço.

Seus olhos dilataram-se, denotando um pavor indescritível e, dando um gemido, ela caiu ara trás, batendo com a cabeça em minha esta, o que me fez estontear. Tive a impressão e que tudo estava girando. Fiquei olhando friamente para a janela, mas o lobo tinha retirado cabeça e uma miríade de pequenas manchas parecia entrar entre os vidros quadrados e rodopiar, como coluna de poeira que os viajantes escrevem quando ocorre num no deserto. Tentei mexer-me, mas parecia dominada por um encantamento e o corpo de minha mãe, já io, pois o coração cessara de bater, pesava sobre o meu; não me lembro mais do que aconteceu, durante algum tempo.

Não deve ter passado muito tempo, mas foi horrível, até eu recuperar a consciência. Um sino tocava nas vizinhanças; os cães uivavam e bem perto de nossa casa um rouxinol cantava. Sentia-me inteiramente confusa, dominada pelo sofrimento, pelo terror e pela fraqueza, mas o canto do rouxinol parecia a voz de minha mãe reconfortando-me. O barulho parecia ter acordado também as criadas, pois ouvi o ruído de seus passos do lado de fora de meu quarto. Chamei-as e elas viram o que acontecera e puseram-se a gritar.

Tiraram o corpo de minha mãe e colocaram-no na cama, recoberto com um lençol, depois que me levantei.

Depois, retiraram-se para a sala de jantar. Coloquei todas as flores que tinha, sobre o corpo de minha querida mãe. Como as criadas não voltassem, saí para a sala de jantar e encontrei as quatro caídas no chão, respirando com dificuldade. A garrafa de xerez estava aberta, mas tinha um cheiro esquisito. Percebi que era cheiro de láudano. E, de fato, encontrei vazio o vidro de láudano que o médico receitara para minha mãe. Que farei?

O ar parece cheio de manchas, flutuando e circulando e as luzes empalidecem. Minha mãe morreu. É tempo que eu vá também. Adeus, Arthur, e Deus que me ajude!

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