Noites Sangrentas Capítulo 11
Caça na Escuridão
A noite parecia mais espessa, como se a escuridão tivesse vida própria. A luz vacilante das lanternas mal arranhava o véu negro, e o silêncio, quebrado apenas pelos passos cautelosos, era sufocante. O vento trazia um cheiro metálico, obrigando Jonathan a prender a respiração.
Ele observava as sombras, nervoso, mas o que mais o inquietava era Carlos. Desde o encontro com o homem delirante, o parceiro parecia cada vez mais distante.
— Carlos — chamou em voz baixa. — Você percebe que estamos nos afastando cada vez mais? Nem conseguimos ver as estrelas daqui.
Carlos não parou. Olhava à frente como se seguisse um mapa invisível.
— Ela está por perto.
Jonathan franziu a testa.
— Você fala como se tivesse uma conexão com isso.
Carlos girou lentamente o rosto. Os olhos refletiram a lanterna. A voz saiu dura, fria:
— O que está insinuando?
Jonathan hesitou, recuando um passo.
— Nada. Só acho que precisamos de um plano. Se continuarmos assim, vamos ser nós os caçados.
Carlos respirou fundo, controlando a tensão.
— Então fique perto. E aponte essa arma pra frente.
O farfalhar das folhas aumentava. Cada passo soava como alerta. Jonathan sentia-se na mira.
Um ROSNADO grave rompeu o silêncio.
Jonathan ergueu a lanterna. O feixe morreu na escuridão.
— Você ouviu? — a voz tremeu.
— Ela está aqui — murmurou Carlos.
Jonathan se virou, irritado:
— Como você sabe disso?
Carlos fechou a mão em punho.
— Eu apenas sei.
Outro ROSNADO. Mais próximo. Mais pesado. As árvores vibraram.
Jonathan engatilhou a arma.
— Ela está vindo!
Do meio da mata, a criatura emergiu. Imensa. Híbrida. Olhos em brasa. Garras faiscando à luz da lua.
Jonathan congelou, engolindo em seco.
— Meu Deus…
Carlos não desviou o olhar. Algo nele reagiu. Não era medo. Era reconhecimento.
— Carlos, atira! — Jonathan gritou.
Carlos ergueu a arma. A mão tremia. O ROSNADO atravessava-o como calor visceral. Paralisava-o. Não conseguia apertar o gatilho.
BANG! BANG! BANG!
Jonathan disparou três vezes. O eco dos tiros rasgou a mata. A criatura recuou, mas não fugiu. Observou-os. Avaliava. Depois desapareceu com velocidade impossível.
Jonathan ofegava, ainda com a arma erguida.
— O que diabos foi isso? Por que você não atirou?
Carlos piscou, despertando como de um transe.
— Eu… eu não sei.
Jonathan encarou-o em silêncio. A desconfiança crescia.
De repente, sangue escorreu do nariz de Carlos. Ele limpou rápido na manga, tentando disfarçar. Jonathan viu.
— Você está sangrando. O que está acontecendo com você?
— Nada. Só estresse. — A voz saiu curta demais.
Jonathan não acreditou, mas não insistiu. Apenas ajustou a arma e passou a andar atrás dele, os olhos divididos entre a trilha e as costas do parceiro.
Carlos seguia à frente. A pressão na cabeça aumentava, como se fosse explodir.
O UIVO ecoou distante. Mas dentro dele… soou íntimo. Quase um chamado.
Pela primeira vez, Carlos não sabia se estava caçando… ou sendo chamado.
-
Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
-
Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
-
Obrigado por fazer parte dessa jornada!