Skip to main content

Noites Sangrentas

Capítulos 15

© Todos os direitos reservados.

Noites Sangrentas Capítulo 8

Os Ecos da Verdade

A lua estava alta quando Carlos e Jonathan decidiram pausar. Haviam avançado por horas, mas o tempo parecia suspenso dentro da mata. O ar era úmido, denso, como se a floresta respirasse junto deles.

Jonathan sentou-se em um tronco caído, a arma no colo. As mãos tremiam levemente, e ele apertava o cabo como quem tenta provar a si mesmo que ainda estava no controle.

— Isso não faz sentido. Por que ela recuou? Podia ter acabado com a gente ali mesmo.

Carlos permaneceu em pé, encostado a uma árvore, olhos fixos na escuridão.
— Não foi medo. O círculo a afastou. É isso que precisamos entender.

Jonathan balançou a cabeça.
— Não sei o que é pior: ser um monstro… ou alguém estar controlando essa coisa.

Carlos finalmente o olhou. Os olhos pareciam distantes, carregando uma estranha convicção.
— Pode ser ambos.

Um estalo de galhos interrompeu a conversa. Jonathan ergueu a arma, dedo já no gatilho, mas Carlos levantou a mão, firme.
— Não dispare ainda.

A figura que surgiu não era a criatura. Era um homem. Sujo, roupas rasgadas, olhar esvaziado de razão.

— Ajude… ajude-me… — murmurou, antes de desabar no chão.

Jonathan correu, verificando o pulso.
— Vivo, mas exausto. Parece que fugiu de algo.

Carlos se ajoelhou.
— O que você viu? Quem te persegue?

O homem balbuciava, os lábios secos:
— Luz… olhos… sangue… eles observam…

Então ergueu os olhos, fixando-os em Carlos.
— Você…

Jonathan gelou. O dedo se moveu sozinho no gatilho. Por um instante, ele pensou em atirar.

— Está delirando — disse Carlos, desviando o olhar. — Vamos deixá-lo em segurança e seguir.

Jonathan hesitou. A arma pesava. Baixou lentamente, mas o olhar de desconfiança não saiu do parceiro.

Mais tarde, avançaram novamente. A sensação de estarem sendo seguidos era constante.

— Ela está nos testando — murmurou Carlos.

— Testando? — Jonathan o encarou.

— Não quer nos matar… ainda. Quer ver até onde conseguimos ir.

Jonathan segurou a resposta. O que o incomodava não era apenas a criatura, mas o tom de Carlos. Era como se ele falasse com conhecimento de causa.

Chegaram a uma clareira menor. Galhos quebrados, marcas de garras, pegadas fundas. Jonathan iluminou uma delas.
— São humanas?

Carlos passou os dedos pelo tronco arranhado. O padrão irregular parecia quase familiar.
— Não sei.

Mas por dentro, algo nele sabia.

Jonathan afastou-se, esfregando os cabelos.
— Isso não tem lógica. Nada disso.

Carlos respondeu com calma perturbadora:
— Talvez não seja lógica. Talvez seja outra coisa. Algo que você precisa aceitar para entender.

Jonathan o encarou por alguns segundos. E se ele não estiver só caçando o monstro?

Um suspiro profundo ecoou da mata, como uma respiração invisível. Jonathan ergueu a lanterna, mas nada se revelou.

— Você ouviu?

— Sim. Estamos próximos.

— Próximos do quê? — Jonathan insistiu.

Carlos não respondeu. Seguiu em frente, como se soubesse exatamente para onde estava indo. Jonathan o acompanhou, mas agora carregava um medo novo: talvez não da criatura, mas de quem caminhava à sua frente.

0.0/5 pontuação (0 votos)
Visualizações101


  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!

Deixe um comentário

Você está comentando como visitante.
  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!