Skip to main content

Noites Sangrentas

Capítulos 15

© Todos os direitos reservados.

Noites Sangrentas Capítulo 14

O Monstro Interior

Carlos ajoelhava-se no chão da cabana.
Os dedos cravados na cabeça.
A respiração entrecortada.
Cada músculo pulsava, prestes a rasgar de dentro para fora.

O ar vibrava ao redor dele, pesado, sufocante. As paredes rangiam, como se também sofressem.

Encostado na parede, Jonathan observava. O horror estampado no rosto.
— Carlos… o que está acontecendo com você?

Carlos ergueu o rosto devagar, cada movimento um esforço. A expressão oscilava entre dor e algo inumano. Os olhos brilharam amarelados, predatórios.

Um calafrio percorreu Jonathan. O terror lhe secou a garganta.
— Eu… não sei — murmurou Carlos, a voz rouca, quase irreconhecível.

A criatura rosnou. O SOM vibrou nos ossos de Jonathan.

Ele tentou levantar-se. O corpo não obedeceu. A arma pesava como chumbo.
— Carlos! Essa coisa vai te matar! Sai daí!

Carlos não respondeu. Fixava os olhos na criatura. Um vínculo invisível. Dois passos de uma mesma dança.

— Carlos! Para! — Jonathan gritou. Mas parecia distante, como num sonho.

A fera avançou. Carlos reagiu.
Um salto para trás.
Caiu.
O corpo se contorceu.
As mãos tremiam.
A pele latejava.

Um GRITO saiu — mas não era humano.
Primal. Gutural.

Jonathan congelou. — Não… não pode ser…

Os olhos de Carlos ardiam como brasas. Os dedos alongaram-se. Unhas viraram garras.
— Jonathan… — arfou, a voz carregada de dor. — Eu… não consigo parar…

Jonathan sentiu o coração despencar. O parceiro se deformava diante dele.

A criatura rugiu ALTO. Carlos respondeu.
Um rosnado profundo, selvagem, que fez a cabana tremer.

De repente, a dor cessou.

Carlos se ergueu.
Fluido. Animal.

Jonathan o olhou, incrédulo. — Carlos… você é…
— Não! — Carlos gritou. A voz era duas vozes — humano e fera juntos. — Eu não sou isso!

Ele avançou.
Rápido.
Mais rápido do que Jonathan já o vira.

Colidiu contra a criatura.
Agarrou-a pelos ombros.
Empurrou-a para fora da cabana.

Sob a lua cheia, a luta explodiu.

A fera golpeou. As garras rasgaram a pele de Carlos. Marcas fundas.
Ele não recuou.
Atacou de volta, cada golpe mais feroz.

Jonathan se arrastou até a porta. O coração disparado. Os olhos fixos na cena impossível.

Carlos já não era só humano.
Os músculos expandiam.
As garras reluziam.
Os dentes brilhavam sob a lua.

Homem e monstro colidiam. Indistintos.

— Carlos! — Jonathan gritou.

Não houve resposta.

A criatura tentou rasgá-lo. Carlos desviou. Golpeou. Empurrou.
O tronco de uma árvore RACHOU com o impacto.

A fera caiu. Ofegante. Submissa.

Carlos ficou sobre ela, peito arfando. Suor e sangue no rosto.
Ergueu a garra. Preparou o golpe final.

— Carlos, pare! — Jonathan correu até ele.

Carlos hesitou.
Olhou para Jonathan.
Algo humano brilhou nos olhos.

A criatura o encarava. Não com raiva. Mas com submissão.

— Carlos… — Jonathan se aproximou, a voz trêmula.

Carlos abaixou a mão. Dois passos para trás. Caiu de joelhos.

Jonathan correu até ele. Não tão perto. Ainda cauteloso.
— Você está bem? Consegue me ouvir?

Carlos escondeu o rosto entre as mãos.
— Eu… não sei o que sou.

Jonathan pousou a mão em seu ombro. Hesitante. Mas firme.
— Você ainda é Carlos. Ainda é meu parceiro. Vamos descobrir como resolver isso.

Carlos ergueu os olhos. Normais outra vez, mas marejados.
— Não sei se posso voltar a ser quem era.

Jonathan apertou o ombro dele.
— Você não precisa fazer isso sozinho.

0.0/5 pontuação (0 votos)
Visualizações115


  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!

Deixe um comentário

Você está comentando como visitante.
  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!