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Noites Sangrentas - 2-1

Noites Sangrentas

Capítulos 15

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Noites Sangrentas Registro Extra I

A Dama do Cemitério

Arthur chegou à velha casa com passos trêmulos, apertando o pedaço de papel nas mãos. O endereço fora dado por Carol, a jovem com quem havia dançado na noite anterior. Os olhos dela ainda queimavam em sua memória, vivos, intensos… impossíveis de esquecer.

A porta se abriu lentamente. Uma senhora de rosto abatido o encarava, surpresa com a visita inesperada.

— Estou procurando Carol — disse Arthur, hesitante. — Ela me pediu para encontrá-la aqui.

O semblante da mulher mudou de imediato. O choque atravessou seu olhar, que logo se encheu de dor.

— Carol? — sua voz saiu como um sussurro quebrado. — Você deve estar enganado. Minha filha morreu há mais de trinta anos… tuberculose.

Arthur sentiu o chão sumir debaixo dos pés.
— Isso não é possível. Eu dancei com ela. Levei-a até o cemitério. Ela estava viva.

A senhora balançou a cabeça, amarga.
— Muitos dizem o mesmo. Que ainda a veem… Mas não é ela.

Arthur recuou um passo, a respiração presa. Antes que pudesse reagir, a mulher abriu mais a porta, revelando um corredor escuro e úmido, cheirando a mofo e abandono.

— Venha — disse, quase implorando. — Precisa ver com seus próprios olhos.

Os quadros nas paredes mostravam uma família engolida pelo tempo, rostos desbotados que pareciam observá-lo em silêncio. Arthur atravessou o corredor, o coração batendo descompassado.

No fim, sobre uma cômoda coberta de poeira, estava um retrato. Nele, a mesma jovem com quem dançara na noite anterior — o mesmo sorriso, o mesmo vestido. Só que a fotografia estava amarelada, gasta nas bordas, quase apagada pelo tempo, como se tivesse sido feita em outra vida.

Arthur deixou escapar um sussurro rouco:
— Então… com quem eu estive?

Um vento frio percorreu o corredor, fazendo a chama da lamparina tremer. A senhora fechou os olhos, como quem revive uma dor antiga.

— A maldição não descansa, rapaz. Quem vê Carol… já está marcado.

O som de passos leves ecoou atrás deles, vindo do vazio da casa. Arthur virou-se de súbito, mas o corredor estava deserto. Apenas o vento… e um leve rastro de perfume, doce e impossível de estar ali.

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Comentários (1)

  • Jandiara Fernanda Silva de Paiva

    • 31 Agosto 2025 às 17:05
    • #

    O capítulo está bem interessante. Curiosa sobre carlos e Carol.

    responder

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