Skip to main content

Noites Sangrentas

Capítulos 15

© Todos os direitos reservados.

Noites Sangrentas Capítulo 2

Ecos na Mata

O som do motor ressoava na estrada enquanto Carlos dirigia. A cidade se afastava rapidamente, e os postes de luz cederam lugar às sombras densas da mata. O ar parecia mais frio, mesmo com as janelas fechadas.

Jonathan estava no banco do passageiro, a prancheta equilibrada nos joelhos. Revisava as anotações da cena do crime, mas, de vez em quando, desviava o olhar para Carlos, como se tentasse decifrar seu silêncio.

— Você acha que estamos lidando com um animal? — perguntou, finalmente.

Carlos manteve os olhos na estrada.
— Talvez. Mas não um animal comum.

Jonathan recostou-se no banco, avaliando.
— As marcas eram largas, pressão irregular. Sem padrão de faca, sem borda limpa.

Carlos apertou o volante.
— Ainda não fecho uma teoria.

A fazenda parecia abandonada. Cercas caídas, mato crescido ocultando a entrada principal. Carlos estacionou perto da varanda, onde um homem magro, de cabelos grisalhos e rosto marcado pelo tempo, aguardava. O chapéu em suas mãos tremia junto com os dedos.

— Vocês chegaram rápido — disse ele, a voz baixa.

— Conte exatamente o que viu — pediu Carlos, direto.

O homem hesitou.
— Não sei o que era. Grande, rápido... e os olhos... eram como tochas no escuro.

Jonathan registrou, seco:
— Formato, altura aproximada?

— Não deu tempo. Alguns segundos só. Mas... parecia me encarar.

Carlos estreitou os olhos, mas não comentou. Virou-se para a entrada da mata, onde o rastro era visível: pegadas fundas, irregulares, desaparecendo entre as árvores.

— Vamos verificar.

Dentro da mata, a luz do sol mal atravessava as copas. O chão úmido exalava um leve cheiro metálico. Carlos caminhava à frente, passos firmes. Jonathan vinha logo atrás, lanterna em punho, mesmo sem precisar.

— Você sente isso? — perguntou ele, quebrando o silêncio.

Carlos parou, inalando fundo. O desconforto era real.
— Sim. Algo está errado.

O rastro se tornava mais evidente: galhos quebrados em ângulos estranhos, como se algo muito pesado tivesse passado por ali.

— Essas pegadas... — disse Jonathan, agachando-se. — Quase humanas, mas maiores. Peso distribuído na frente. Estranho.

Carlos tocou a marca no solo. Algo familiar o atingiu, mas não conseguiu nomear.
— Vamos.

Pouco depois, chegaram a uma clareira. No centro, um amontoado de galhos, folhas e ossos. Jonathan prendeu a respiração.

— Um ninho?

Carlos se abaixou, examinando. Pegou um osso limpo, descarnado.
— Não é ninho. É local de alimentação.

Jonathan recuou, apertando a lanterna.
— Está dizendo que... aquilo traz as presas até aqui?

Carlos assentiu, mas algo chamou sua atenção. Entre os ossos, um objeto metálico. Pegou-o, limpou com um pano.

Era uma cápsula.

— Reconhece isso? — perguntou Jonathan.

— Não ainda. — A resposta saiu tensa.

Uma pontada atravessou a cabeça de Carlos, acompanhada de vozes breves e distantes. Ele piscou, tentando afastar o impacto.

— Carlos?

— Estou bem. — Guardou a cápsula no bolso. — Vamos sair.

De volta ao carro, o silêncio dominou. Jonathan observava Carlos, os ombros pesados, como se a floresta tivesse drenado sua força.

— Está bem?

Carlos demorou a responder. Fixou-se no retrovisor, olhando a mata desaparecer.
— Sim.

A voz, curta e seca, não convenceu ninguém.

5.0/5 pontuação (3 votos)
Visualizações156


  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!

Comentários (16)

  • Marco P. Santos

    • 15 Junho 2025 às 11:01
    • #

    Continua a achar que Carlos sabe mais do que revela

    responder

  • Marco P. Santos

    • 15 Junho 2025 às 12:00
    • #

    Essa clareira é a sala de churrasco. kkkkk

    responder

    • Marco P. Santos

      • 15 Junho 2025 às 12:04
      • #

      Quem seria essa Carol, mesmo?

      responder

  • Marco P. Santos

    • 15 Junho 2025 às 12:06
    • #

    O mistério adensa-se cada vez mais

    responder

  • Ana Júlia Victória Silva Melo

    • 16 Junho 2025 às 14:01
    • #

    Eu realmente achei um plot incrível essa teoria da Carol,se tivesse mais detalhes super acharia legal. Porem acho que ela pode estar interligada ao monstro

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:22
    • #

    Hum! Curioso! O que Carlos está fazendo?

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:24
    • #

    Invejo essas pessoas que conseguem ler, mexer no celular e outras coisas sem ficar enjoado ou vomitar...

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:24
    • #

    Talvez Carlos tenha, porém pode parecer fantasiosa de mais?

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:26
    • #

    Hum, certamente não era uma espécie de animal comum... quem sabe seja uma criatura sobrenatural

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:28
    • #

    A volta de uma pessoa morta... será mesmo?

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:29
    • #

    Lembro-me de uma música que falava de uma história assim

    responder

  • lua

    • 30 Agosto 2025 às 16:59
    • #

    Legal, a criatura tem até sua sala de jantar

    responder

  • Jandiara Fernanda Silva de Paiva

    • 31 Agosto 2025 às 17:00
    • #

    O Carlos deve ser sonâmbulo e praticou os crimes.

    responder

  • Jandiara Fernanda Silva de Paiva

    • 31 Agosto 2025 às 17:01
    • #

    Gosto do seu estilo de escrita.

    responder

Deixe um comentário

Você está comentando como visitante.
  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!