Noites Sangrentas Capítulo 2
Ecos na Mata
O som do motor ressoava na estrada enquanto Carlos dirigia. A cidade se afastava rapidamente, e os postes de luz cederam lugar às sombras densas da mata. O ar parecia mais frio, mesmo com as janelas fechadas.
Jonathan estava no banco do passageiro, a prancheta equilibrada nos joelhos. Revisava as anotações da cena do crime, mas, de vez em quando, desviava o olhar para Carlos, como se tentasse decifrar seu silêncio.
— Você acha que estamos lidando com um animal? — perguntou, finalmente.
Carlos manteve os olhos na estrada.
— Talvez. Mas não um animal comum.
Jonathan recostou-se no banco, avaliando.
— As marcas eram largas, pressão irregular. Sem padrão de faca, sem borda limpa.
Carlos apertou o volante.
— Ainda não fecho uma teoria.
A fazenda parecia abandonada. Cercas caídas, mato crescido ocultando a entrada principal. Carlos estacionou perto da varanda, onde um homem magro, de cabelos grisalhos e rosto marcado pelo tempo, aguardava. O chapéu em suas mãos tremia junto com os dedos.
— Vocês chegaram rápido — disse ele, a voz baixa.
— Conte exatamente o que viu — pediu Carlos, direto.
O homem hesitou.
— Não sei o que era. Grande, rápido... e os olhos... eram como tochas no escuro.
Jonathan registrou, seco:
— Formato, altura aproximada?
— Não deu tempo. Alguns segundos só. Mas... parecia me encarar.
Carlos estreitou os olhos, mas não comentou. Virou-se para a entrada da mata, onde o rastro era visível: pegadas fundas, irregulares, desaparecendo entre as árvores.
— Vamos verificar.
Dentro da mata, a luz do sol mal atravessava as copas. O chão úmido exalava um leve cheiro metálico. Carlos caminhava à frente, passos firmes. Jonathan vinha logo atrás, lanterna em punho, mesmo sem precisar.
— Você sente isso? — perguntou ele, quebrando o silêncio.
Carlos parou, inalando fundo. O desconforto era real.
— Sim. Algo está errado.
O rastro se tornava mais evidente: galhos quebrados em ângulos estranhos, como se algo muito pesado tivesse passado por ali.
— Essas pegadas... — disse Jonathan, agachando-se. — Quase humanas, mas maiores. Peso distribuído na frente. Estranho.
Carlos tocou a marca no solo. Algo familiar o atingiu, mas não conseguiu nomear.
— Vamos.
Pouco depois, chegaram a uma clareira. No centro, um amontoado de galhos, folhas e ossos. Jonathan prendeu a respiração.
— Um ninho?
Carlos se abaixou, examinando. Pegou um osso limpo, descarnado.
— Não é ninho. É local de alimentação.
Jonathan recuou, apertando a lanterna.
— Está dizendo que... aquilo traz as presas até aqui?
Carlos assentiu, mas algo chamou sua atenção. Entre os ossos, um objeto metálico. Pegou-o, limpou com um pano.
Era uma cápsula.
— Reconhece isso? — perguntou Jonathan.
— Não ainda. — A resposta saiu tensa.
Uma pontada atravessou a cabeça de Carlos, acompanhada de vozes breves e distantes. Ele piscou, tentando afastar o impacto.
— Carlos?
— Estou bem. — Guardou a cápsula no bolso. — Vamos sair.
De volta ao carro, o silêncio dominou. Jonathan observava Carlos, os ombros pesados, como se a floresta tivesse drenado sua força.
— Está bem?
Carlos demorou a responder. Fixou-se no retrovisor, olhando a mata desaparecer.
— Sim.
A voz, curta e seca, não convenceu ninguém.
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Obrigado por fazer parte dessa jornada!
Marco P. Santos
Continua a achar que Carlos sabe mais do que revela
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Marco P. Santos
Essa clareira é a sala de churrasco. kkkkk
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Marco P. Santos
Quem seria essa Carol, mesmo?
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Marco P. Santos
O mistério adensa-se cada vez mais
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Ana Júlia Victória Silva Melo
Eu acredito que as vezes possa não ser um animal,acho que pode ser um outro tipo de ser,um monstro tipo lobisomen
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Ana Júlia Victória Silva Melo
Eu realmente achei um plot incrível essa teoria da Carol,se tivesse mais detalhes super acharia legal. Porem acho que ela pode estar interligada ao monstro
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Ana Júlia Victória Silva Melo
A cena do ninho realmente traz uma tensão real
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lua
Hum! Curioso! O que Carlos está fazendo?
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lua
Invejo essas pessoas que conseguem ler, mexer no celular e outras coisas sem ficar enjoado ou vomitar...
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lua
Talvez Carlos tenha, porém pode parecer fantasiosa de mais?
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lua
Hum, certamente não era uma espécie de animal comum... quem sabe seja uma criatura sobrenatural
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lua
A volta de uma pessoa morta... será mesmo?
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lua
Lembro-me de uma música que falava de uma história assim
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lua
Legal, a criatura tem até sua sala de jantar
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Jandiara Fernanda Silva de Paiva
O Carlos deve ser sonâmbulo e praticou os crimes.
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Jandiara Fernanda Silva de Paiva
Gosto do seu estilo de escrita.
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