Noites Sangrentas Capítulo 3
Ecos do Inexplicável
A manhã parecia mais fria do que o normal quando Carlos acordou. Estava sentado no sofá da sala, ainda com as botas e a camisa amarrotada da noite anterior. O relógio na parede marcava 6h30, mas ele não lembrava exatamente como havia chegado em casa.
Passou a mão pelo rosto, tentando afastar a sensação de peso na cabeça. Flashbacks do que encontrara na mata voltavam em fragmentos: o cheiro de sangue, as pegadas e a cápsula metálica que agora guardava no bolso do casaco.
Olhou para as próprias mãos. Estavam limpas, mas sentia como se algo invisível as tivesse manchado. Balançou a cabeça, afastando o pensamento, e levantou-se com um suspiro pesado.
Na delegacia, Jonathan já o aguardava, mais energizado do que de costume. Tinha um café na mão, mas os olhos estavam fixos na prancheta.
— Você chegou tarde — comentou, sem tirar os olhos do papel.
— É? — respondeu Carlos, tentando soar casual. Sentou-se, ignorando o desconforto que latejava em sua mente.
Jonathan o observou por um momento antes de prosseguir:
— Recebemos outro relatório. Mais pegadas, perto da estrada que leva à Casa do Sapo. Parece que a coisa está se movendo.
Carlos assentiu, mas a mente estava distante. Pressionou discretamente as têmporas, tentando disfarçar a dor crescente.
— Está tudo bem com você? — Jonathan perguntou, cauteloso.
— Só uma dor de cabeça — respondeu Carlos, seco. — Vamos para o carro.
O trajeto até o local foi curto, mas o silêncio tornava a viagem mais longa. Jonathan lançava olhares rápidos ao parceiro, percebendo como ele apertava o volante com força excessiva.
— Essa coisa está mexendo com todo mundo, né? — arriscou Jonathan, tentando aliviar o clima.
Carlos lançou-lhe um olhar rápido, mas não respondeu. O ar parecia mais pesado, como se carregasse algo invisível.
A Casa do Sapo se erguia sombria mesmo sob a luz do dia. As paredes descascadas e as janelas quebradas transmitiam abandono, mas havia algo na atmosfera que arrepiava a pele.
Jonathan saiu primeiro, ajustando a arma no coldre.
— Da última vez você disse que isso era maior do que parecia. Ainda acha isso?
Carlos não respondeu de imediato. Avançou até a entrada, iluminando o interior com a lanterna, mesmo com o sol atravessando as frestas.
— Vamos ver o que encontramos.
Lá dentro, tudo era caos: móveis quebrados, marcas de garras e um vazio que parecia ter vida própria.
— Essas pegadas... são recentes — apontou Jonathan.
Carlos se aproximou, mas parou de repente. Sentiu algo — um déjà vu, tão intenso que o fez estremecer. Como se já tivesse estado ali, embora não soubesse quando ou por quê.
— Carlos? — chamou Jonathan.
— Estou bem — respondeu rápido, mas a tensão na voz o denunciava.
Enquanto Jonathan explorava, Carlos fixou-se nas marcas da parede. Ao tocá-las, flashes invadiram sua mente: uma floresta, a luz da lua, um grito sufocado que parecia o seu próprio.
Recueu, respirando fundo. Concentre-se… murmurou para si mesmo.
Mais ao fundo, Jonathan encontrou uma garrafa quebrada, o líquido escuro impregnado no chão.
— Parece químico. Não devia estar aqui, certo?
Carlos se inclinou, cheirando de leve. Um arrepio percorreu-lhe o corpo, mas não demonstrou.
— Guarde isso. Pode ser importante.
Jonathan assentiu, embora notasse o desconforto do parceiro.
Ao deixarem a casa, o sol já estava alto, mas a sensação de estarem sendo observados permanecia. Jonathan recostou-se no carro, os olhos em Carlos, que ainda encarava a entrada como se esperasse algo sair de dentro.
— Carlos?
Ele demorou um instante, antes de virar as costas.
— Vamos embora.
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Marco P. Santos
Tudo no Carlos é muito suspeito. Mas temo que seja uma manobra de ilusão para nos desviar dos culpados
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Marco P. Santos
A casa do Sapo. Só o nome não tem nada de sinistro.
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Marco P. Santos
Qual será a relação ou conexão de Carlos com tudo isso?
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Marco P. Santos
Mias um lugar de ataque da besta.
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Ana Júlia Victória Silva Melo
Sinto que Carlos deve ter uma história por traz desse jeito dele
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Ana Júlia Victória Silva Melo
Essa casa do sapo não me traz uma boa sensação
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Ana Júlia Victória Silva Melo
Esses atos e as ações do Carlos nesses lugares e nas investigações estão me deixando com teorias bem legais, porém eh me sinto tensa em saber se ele está envolvido ou nao
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lua
O Carlos parece eu quando chego da faculdade de noite e nem troco a roupa, pois no outro dia vou trabalhar kkkk
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lua
Aquela capsula não seria uma prova? Se sim, creio que não foi muito inteligente em a pegar de forma tão desleixada
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lua
Eu também, às vezes, detesto perguntas pessoais
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lua
Por que Casa do Sapo? Havia muitos sapos nela?
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lua
Tem algo de misterioso com o Carlos... me questiono o que poderia ser
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