Emergência do Amor Capítulo 4
SENTIMENTOS EXPOSTOS.
Depois do almoço, eles passaram mais tempo conversando entre intervalos do trabalho, era sempre uma nova surpresa e a equipe toda se juntava com eles.
Cristina que costumava estar sozinha agora se via cercada de amigos, mas ninguém no trabalho sabia dos passeios que os dois davam de vez em quando na folga deles.
***
Em uma certa noite depois de um plantão agitado, Cristina ficou até bem mais tarde do que esperava, saindo quase uma hora da manhã do hospital.
Ai droga, e agora como vou conseguir ir para casa?
Ela retira seu telefone do bolso e entra no aplicativo de transporte, quando está esperando alguém aceitar a corrida, alguém buzina, ela levanta os olhos e sorri reconhecendo o motorista.
— Doutor, o que faz aqui?
— Eu vim resgatar uma donzela em perigo. — Ele brinca.
— Não seja bobo, eu já estava chamando um carro.
— Eu já não te disse, você vai ficar muito tempo esperando alguém aceitar uma corrida nessa hora. — Ele abre a porta para ela, dentro do carro está quente e confortável, o frio da madrugada a estava deixando congelada.
— Por que ficou até essa hora? — ele pergunta preocupado.
— Porque precisava arrumar tudo, e dar uma olhada nos pacientes antes de sair.
— Mas tem gente nesse turno da noite.
— Mas queria checar mais uma vez nossos pacientes.
Ele fica em silêncio, avaliando suas palavras, ele nota que ela está esfregando os braços.
— Está com frio? — Ele para o carro e pega no banco de trás uma blusa, entregando a ela.
— Não precisa, o carro já está quente.
— Eu insisto. — Ela pega a blusa e coloca, sentindo imediatamente o perfume dele, o cheiro delicioso que despertava tantas sensações nela.
Ao chegar em casa ela o convida para entrar. Um momento de silêncio segue entre eles.
— Então você quer tomar um café como forma de pagamento pela carona?
— Olha seria uma boa ideia, mas por que agora.
— Você não é mais um estranho. — Ela fala rindo.
— Sério, quando isso aconteceu.
— Depois de um mês de trabalho, depois de conversar e te conhecer melhor, deu para perceber que você não é um louco psicótico. — Ela fala destrancando a porta, ouvindo a risada dele atrás dela.
— Nunca se sabe. — Ele brinca.
Sorrindo, Cristina abre a porta e o convida a entrar.
A casa estava muito bem arrumada, com móveis planejados, plantas espalhadas pela sala e uma prateleira com muitos livros, Gabriel olha tudo com muito interesse.
— Vejo que alguém aqui gosta de ler não é?
— Sim amo ler, porque lendo eu posso ser o que eu quiser e estar onde quiser também, o livro para mim é como uma porta mágica.
— Nossa que descrição mais amorosa. Falando assim me dá vontade de começar a ler também.
Eles vão para a cozinha, não é grande como a dele, mas é limpa e bem arrumada.
— Vou pôr a água no fogo, não vai demorar.
— Não tenho pressa, assim terei mais de conversar com você.
Cristina sente o rosto corar e vai em direção ao armário
— Então tem muito tempo que você trabalha lá no hospital? — Mesmo durante suas conversas ela ainda não tinha perguntado isso.
— Sim já estou lá a mais de 7 anos, para você ter uma ideia a Gabriela foi minha auxiliar.
— Puxa você deve ser um excelente professor.
Quando Cristina volta para o fogão se depara com Gabriel atrás dela e se assusta.
— Desculpe, mas não posso mais me conter. — E depois dessa frase, ele a beija.
Um beijo lento e delicado, com um carinho de uma mão no rosto e a outra em seu cabelo, Cristina não se moveu um milímetro, apenas fechou seus olhos e aceitou o momento, que ela sonhou por dias.
Assim como começou, terminou, Gabriel percebendo o que fez se afasta rapidamente, constrangido.
— Me desculpe, eu não deveria ter feito isso. — Se afastando mais dela. — Mas não consegui me conter estando tão próximo de você assim.
Cristina continuava parada olhando para ele sem dizer nada, não havia percebido que estava encostada na pia segurando com força as bordas, ela estava apenas sentindo uma sensação de prazer e com o espanto que a tomava.
— Não sei o que dizer, isso… foi inesperado.
— Sim! Peço desculpas mais uma vez, mas eu não consigo tirar você da minha cabeça desde o seu primeiro dia no hospital, sua voz, seu cheiro, seu modo de tratar as pessoas, isso te torna única e fez minha cabeça pirar.
Atônita com todas essas palavras, Cristina olhava fixamente para Gabriel, tentando entender como aquele doutor que a tratava friamente tinha mudado de tal modo, agora estava na sua cozinha dizendo que ela não saia da sua cabeça.
Quando tudo mudou, como tudo mudou.
Coração acelerado, e uma mistura de sentimentos, ela queria falar, ela queria agarrá-lo, ela queria bater nele por beijá-la sem sua permissão. Nem ela mesmo sabia o que queria.
— Diga algo por favor. — A voz desesperada dele a tira do transe.
— Eu não sei o que dizer…você me pegou desprevenida eu não pensei que me diria algo assim.
— Entendo! Não posso te culpar ou te forçar a dizer o que sente no momento. — Ele fala. — Vou para casa, me desculpe pelo que eu fiz sem sua permissão.
Ele se vira e começa a andar em direção a porta de saída, ainda esperando que a reação dela mude, que sua expressão não seja de choque.
Cristina vendo-o sair começou a pensar se ela estava entendendo tudo errado ou se ele brincava com ela.
E sem dizer nada viu Gabriel sair pela porta, quando ela finalmente consegue reagir ele já foi embora, ela se senta na cadeira.
Isso aconteceu mesmo ou eu só sonhei?
Ela põe uma mão na boca, ainda sentindo o gosto do beijo carinhoso, a sensação dos lábios dele nos seus.
Que idiota, por que eu não disse nada?
Pensa ela indignada, mas agora já era tarde, ela tentaria falar com ele no dia seguinte, isso seria melhor. Assim poderia acalmar os sentimentos, e os hormônios, antes de poder realmente pensar no que sentia.
Indíce
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