Emergência do Amor Capítulo 6
LUTANDO PELA VIDA
Com a saída de Neusa, o começo do dia de trabalho foi terrível para a equipe. Sem saber como estava a saúde do amigo, todos se sentem preocupados.
Tiago é o primeiro a quebrar o silêncio que se instalou na equipe.
— Cara, como foi que isso aconteceu? Porque eu tenho certeza que ele saiu momentos antes de mim.
— Você sabe como é o Gabriel, ele deve ter parado em algum lugar antes de ir para casa. — Comenta Jonathan.
Ao ouvir isso, Cristina sente a culpa brotar novamente em seu peito.
Será que isso foi culpa minha mesmo? Afinal se não fosse por mim ele teria ido direto para casa.
Gabriela, sempre otimista, ajuda a levantar o moral da equipe.
— Bom pessoal vamos trabalhar, tenho certeza de que ele voltará bem. — Declara Gabriela determinada a se manter animada. — Venha Cristina, hoje você fica comigo.
O dia se arrastou como uma angústia terrível por não ter uma única notícia, até que no fim do primeiro horário o telefone de Gabriela toca…
— Olá Neusa, e aí como ele está?
Segue um tempo até que Gabriela diz algo.
— Não posso acreditar!!! — Fala alarmada.
Era hora do almoço e todos estavam ali no refeitório, ao ouvir o tom de voz e a expressão no rosto dela mudar, eles sentem o ar ficar pesado de expectativa.
Ela desliga o telefone e diz…
— Então pessoal a Neusa está lá com ele, mas as notícias não são boas. — Ela faz uma pausa respirando para falar a seguir. — O Gabriel está em coma.
Todos ali recebem a notícia e não conseguem esconder o sentimento de angústia, dor e frustração.
— Isso é impossível! Como ele está em coma? O que aconteceu com ele para chegar a esse ponto? — Cristina não consegue ficar calada, ela não consegue acreditar em algo tão absurdo.
Afinal não foi somente um acidente?
— Neusa me disse que ele levou um tiro no peito e perdeu muito sangue. — Gabriela continua explicando. — Ele deu a entrada no hospital com parada cardiorrespiratória, por isso eles o entubaram. — Ela para, e olha para cada um dos colegas ali, todos com tristeza, mas a mais afetada parecia ser Cristina. — Mas desde o momento da intubação ele não está mais respondendo, por esse motivo o colocaram em coma induzido e estão fazendo alguns exames, para ter mais ideia do estado real dele.
Como uma espécie de soco, essa notícia pegou em cheio Cristina, que levou as mãos à boca, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas.
— Por que isso aconteceu? Como pode ele estar bem aqui ontem com a gente. — Ela não pode acreditar.
— Meu Deus! Que barra que meu amigo está passando! — Comenta Tiago com pesar.
— Cara! Ele é forte, tenho certeza de que ele sairá dessa com louvor. — Jonathan não se deixa desanimar.
— Neusa disse também, que está tentando a remoção dele para a nossa unidade, assim nós poderemos cuidar dele. — Informa por fim Gabriela.
Com essa notícia final, uma esperança se forma no peito de Cristina.
— Sim, aqui vocês poderão dedicar a atenção a ele, pois tudo sairá bem.
E eu poderei cuidar dele.
O restante do dia segue pesado e cinzento na unidade, sem brincadeiras, risos ou bate papo.
E quando todos estavam terminando de se arrumar para irem embora, Neusa chega.
— Olá equipe. — Fala ela em tom sério.
— Neusa!!! e aí como ele está? — Gabriela se apressou em perguntar.
Cristina, também agoniada, se aproxima.
— Fala alguma coisa!!!
— Tenham calma meninas, já vou contar. — Ela dá as mãos para as meninas - Vamos ao refeitório encontrar os meninos e assim todos ficaram informados.
E assim todos se reúnem no refeitório…Seu local de reunião favorito.
— Bom pessoal! As notícias não são boas, infelizmente. — Ela respira fundo cansada do dia desgastante. — Gabriel perdeu muito sangue, teve uma parada cardiorrespiratória e entrou em choque várias vezes, por esse motivo eles o colocaram em coma induzido.
Todos estão em silêncio, atentos às palavras da senhora à frente.
— Agora teremos que esperar ele responder aos estímulos dos medicamentos. — Ela alisa os cabelos. — Eu consegui a remoção dele aqui para nossa UTI, e amanhã ele será transferido.
Com isso, lágrimas brotaram nos olhos de todos, preocupados com o amigo que está passando por algo tão repentino.
Gabriela, ainda acha que está em um terrível pesadelo, como poderia acreditar em algo assim.
Acho que a ficha só vai cair quando realmente eu ver com meus próprios olhos.
—Nossa, como pode isso acontecer logo agora, ele estava passando por bons momentos.
Tiago, tenta animar os outros.
— Bom! Vamos descansar que amanhã o dia promete. — Então se vira para Neusa. — Se você quiser, eu assumo o cargo dele amanhã sem problema.
Com o sentimento de culpa atravessado na garganta de Cristina, ela fala.
— Deixe os pacientes dele comigo, eu darei conta.
Todos olham para Neusa, que sem vacilar aceita esse desafio.
— Tudo bem Cristina, você assumirá como plantonista, não me decepcione ok?
— Não o farei, prometo. — Ela fala determinada.
Por mim mesma e por ele, vou dar meu melhor.
***No dia seguinte***
Na manhã seguinte, Cristina chega mais cedo que o normal.
— Puxa não posso errar com essa chance de mostrar meu trabalho. e assim aproveito para ver o Gabriel. será que ele já chegou?
Neusa a cumprimenta assim que ela chega
— Bom dia Cris. — Pega de surpresa Cristina se assusta.
— Ai! desculpa, eu estava distraída.
— Venha vamos na UTI. — Neusa a leva para a ala determinada.
Ao chegar na sala seu coração congelou, ao ver Gabriel ali completamente entubado, e ela não consegue segurar as lágrimas.
Lembrando que não estava sozinha ali, Cristina fica sem jeito e tenta disfarçar
Mas sem sucesso.
Neusa a tranquiliza com carinho
— Não precisa tentar me enganar Cris, eu sei que vocês saíram juntos aqui do hospital, não uma vez, mas várias, principalmente na noite do acidente.
Ao ouvir isso seu coração dispara.
— Não… e … foi… tipo… - ela não pode negar, ela não tinha coragem para isso.
— Calma, minha garota, eu não sei o que rolou ou se rolou algo entre vocês, mas posso dizer que algo mudou no Gabriel desde o dia que você começou aqui.
Cristina mantém seus olhos fixos em Gabriel, como que a espera dele se pôr de pé assim do nada. Mas isso não aconteceu e a Neusa continua.
— Quero pedir a você que fique encarregada dos cuidados com ele, você acha que consegue fazer isso?
— Sim, eu sei que sou capaz de cuidar dele até ele voltar ao normal. — Uma esperança determinada toma conta dela, vindo não se sabe de onde.
— Bom isso não deve demorar, pois os remédios já devem estar perdendo os efeitos, deixo ele em suas mãos.
Com a saída de Neusa, Cristina se aproxima mais do leito de Gabriel, e o olha ali inerte na cama.
Ela toca seu rosto, sem ver nenhuma expressão nele como se estivesse dormindo.
E então ela o chama, de forma leve e carinhosa.
— Gabriel abra os olhos, fale comigo por favor. — Seus sentimentos reprimidos vindo à tona ela derramar algumas lágrimas. — Sei que isso foi minha culpa, pois você me levou até a minha casa e isso veio a acontecer, eu quero te dizer que também não parei de pensar em você, então abra os olhos e volte pra gente volte…. para mim.
Ela continua ali por um bom tempo, chorando baixinho, torcendo para que ele voltasse, fazendo uma prece para que ele se recuperasse rápido, para que ela pudesse ouvir novamente sua voz, e seus sorrisos.
Indíce
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