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Flores de Gelo: O império caído

Capítulos 39

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Flores de Gelo: O império caído Capitulo 7

Os Mayas

Depois do ocorrido, as princesas voltaram para a cabana. O que era aquilo que caiu do
céu ninguém se sabe, mas sabiam que algo sombrio vagaba por este mundo.

A noite estava incomumente silenciosa na vila de Auriel, como se o próprio mundo prendesse a respiração. Anya observava o céu estrelado da varanda de sua cabana, sentindo uma inquietação que não conseguia explicar. Heather estava ao seu lado, distraída, acariciando o pelo de um gato negro que ronronava baixinho.

— Alguma coisa está errada — murmurou Anya, seu olhar fixo em uma estrela que parecia brilhar mais intensamente que as outras.

— Claro que tem algo errado, aquilo mais cedo não me parece normal. — Respondeu Heather.

— Ei Heather, volta a conversar comigo, igual como conversavamos antes. Ultimamente você nem parece minha amiga. — Desabafou, Anya.

Antes que Heather pudesse responder, um som grave ecoou pelos céus, como um trovão distante, mas contínuo. A estrela brilhante tornou-se maior, mais próxima, até que sua luz iluminou toda a vila, transformando a noite em dia.

De repente, o brilho cessou. Um silêncio sepulcral tomou conta de tudo. As duas amigas se entreolharam, a respiração presa, quando um grito estridente rasgou o ar.

– O que foi isso?! – gritou Heather, apertando o gato contra o peito.

Anya correu para o centro da vila, seguida por Heather. O cenário que encontraram era

de puro terror. Do céu, figuras luminosas e fluidas desciam lentamente, como espectros feitos de cristal líquido. Os Mayas haviam chegado.

A primeira vítima foi uma bruxa que tentava correr para sua casa. Uma das criaturas estendeu um braço brilhante, que se transformou em uma lança afiada, atravessando a mulher sem esforço. Sua energia vital foi drenada diante dos olhos de todos, e seu corpo desmoronou em pó. O monstro havia sugado a magia da bruxa, e sua coloração que antes branca, se tornou da cor do elemento que sugou.

– Corram! – gritou Kikyo, que surgiu de uma das trilhas com sua magia ativada.

Ela avançou contra um dos Mayas, desferindo um golpe certeiro. Mas sua magia não fez nada além de passar através do corpo da criatura, que parecia rir em resposta. Com um movimento rápido, a criatura lançou Kikyo para longe com uma onda de energia invisível.

Anya tentou conjurar um feitiço, mas sentiu sua magia ser sugada antes mesmo de completar a invocação.

– Eles estão drenando tudo! – gritou Heather, desesperada.

As criaturas continuaram avançando, invadindo casas e transformando os habitantes em marionetes cristalinas que seguiam suas ordens cegamente. Crystal apareceu ao lado de Victórya, ambas tentando conjurar feitiços de proteção, mas era inútil.

– Temos que fugir! – disse Victórya, puxando Anya pela mão.

– Não podemos deixá-los tomar a vila inteira! – protestou Anya, os olhos brilhando de

determinação.

– Não temos escolha! Se ficarmos aqui, seremos as próximas! – insistiu Heather.

As cinco garotas correram em direção à floresta ao norte da vila, onde o poder dos Mayas parecia mais fraco. Atrás delas, os gritos dos moradores se transformavam em um silêncio assustador. Quando finalmente pararam para recuperar o fôlego, Crystal olhou para trás.

A vila estava em ruínas. A luz dos Mayas iluminava as casas destruídas, enquanto as marionetes cristalinas patrulhavam as ruas vazias.

– Isso é... um massacre – sussurrou ela, as lágrimas escorrendo por seu rosto.

– Não podemos deixá-los continuar com isso – disse Anya, firme. – Vamos lutar.

Heather ergueu os olhos para o céu, onde os Mayas ainda flutuavam, como deuses distantes e inatingíveis.

– Mas como? Eles são mais fortes que tudo o que já enfrentamos.

Kikyo levantou-se, mesmo com o rosto coberto de poeira e ferimentos.

– Não importa como. Se eles estão atrás da nossa magia, vamos usar tudo o que temos para detê-los.

Victórya assentiu, limpando o sangue do canto da boca.

– Eles tomaram nossas casas e nosso povo. Mas não vão nos tomar.

Anya olhou para suas amigas e sentiu a determinação crescer em seu peito.

– Nós somos as únicas que sobraram. Se quisermos salvar o resto do mundo, temos que começar agora.

Enquanto os gritos finais da vila se apagavam na distância, as cinco garotas se uniram em um pacto silencioso. Os Mayas haviam chegado, mas a resistência acabava de nascer.

A RESISTÊNCIA

A noite parecia engolir o mundo ao redor. O ataque começou como um trovão distante, mas logo a destruição alcançou o coração do reino. As cinco jovens corriam sem olhar para trás, guiadas pelo instinto e pelo desespero. Anya liderava o grupo, sua respiração ofegante cortando o silêncio entre as árvores. Ao seu lado, Heather lutava para manter seu vestido vermelho intacto.

Victórya trazia sua espada em punho, os olhos atentos a qualquer movimento suspeito. A pele negra reluzia sob os poucos feixes de luz que conseguiam atravessar a copa das árvores, tornando-a uma figura quase celestial no caos. Crystal, pálida e misteriosa como o luar, murmurava palavras que soavam como feitiços, os dedos inquietos tocando um amuleto branco em seu pescoço. Kikyo, sempre a última, caminhava em silêncio absoluto, como uma sombra, seu olhar penetrante varrendo a escuridão à procura de

ameaças.

Ao avistarem a entrada de uma caverna, Anya parou abruptamente, quase sendo empurrada por Heather.

— Ali! É o único lugar seguro que temos agora.

Victórya, curiosa avançou para verificar.

— Parece estável... mas não sabemos o que pode haver lá dentro. — Seu tom era cauteloso, mas decidido.

— É isso ou ficarmos aqui e sermos encontradas — respondeu Heather, tentando recuperar o fôlego.

Anya assentiu.

— Vamos entrar.

A caverna era fria e úmida, com estalactites que pingavam constantemente, criando um som ritmado que ecoava pelas paredes. Um leve brilho azul emanava de cristais que cresciam irregularmente nas rochas, fornecendo luz suficiente para enxergarem uns aos outros.

— Quem diria que acabaríamos assim? — murmurou Heather, tentando desamassar a saia do vestido.

— Eu prefiro isso a enfrentar o que está lá fora — disse Crystal, apertando o amuleto com força. — Esses ataques... não são naturais.

— Nada disso é — completou Kikyo, sua voz baixa como um sussurro. — Eles nos perseguem por algo que não podemos controlar.

Victórya apoiou a espada contra a parede e se sentou no chão áspero.

— Por isso precisamos lutar. Mas por agora... devemos descansar. Amanhã descobriremos o que fazer.

Anya caminhou até o centro do grupo e se sentou, puxando Heather para perto dela.
— Estamos juntas. Isso é o que importa.

Elas se acomodaram da melhor maneira possível, cada uma carregando um peso invisível de dúvidas e temores. A caverna, embora apertada e desconfortável, era um santuário momentâneo em meio à tempestade.

Mas enquanto tentavam dormir, um ruído distante chamou a atenção de Kikyo. Ela se levantou lentamente, os olhos fixos na escuridão da entrada.

— Algo está vindo — sussurrou.

Victórya pegou a espada em um movimento rápido, e as outras se ergueram, o coração acelerado. As luzes dos cristais tremeluziram por um momento, como se a própria caverna estivesse respirando.

Anya encarou a escuridão com determinação.

— Se for o inimigo... estamos prontas.

E assim, no frio da caverna, as cinco jovens aguardaram, lado a lado, com as magias ativas, exceto Anya que não dominava completamente, com a coragem que só o desespero podia trazer.


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