Flores de Gelo: O império caído Capitulo 13
A batalha F̶i̶n̶a̶l̶
A batalha F̶i̶n̶a̶l̶
O vento cortava o ar com força, uivando como um lamento distante, enquanto o grupo se via puxado pelos tentáculos sombrios que emergiam do solo. As sombras, como braços de uma força desconhecida, agarravam Anya, Klaus e os outros com uma força desconcertante, erguendo-os do chão. Cada movimento parecia arrastá-los para mais perto do centro da escuridão onde Harya os aguardava, sua presença opressiva se intensificando a cada segundo.
O chão se distorcia sob seus pés enquanto os tentáculos os carregavam, arrastando-os pelo ar. As árvores ao redor, curvando-se sob o peso das sombras, pareciam distorcidas, como se o próprio ambiente estivesse sendo deformado pela magia de Harya. Anya sentiu o estômago revirar, o coração batendo forte em seu peito, enquanto era levantada no ar. Ao seu lado, Klaus tentava se manter firme, os olhos alertas e o corpo tenso.
— Não deixem que isso os controle! — Anya gritou, sua voz quase perdida no rugido do vento, mas seus companheiros pareciam lutar para se manter equilibrados. Cada um
deles estava sendo envolvido pela força esmagadora que emanava de Harya, uma energia que parecia querer consumir tudo à sua volta.
Por fim, eles chegaram a um grande campo, no topo de uma colina onde a escuridão se acumulava no céu. Harya flutuava no centro, seus olhos reluziam como chamas e sua aura negra a rodeava, iluminando o campo com uma luz fúnebre. Ela estava imponente, mais poderosa do que Anya jamais imaginara.
Com um gesto, os tentáculos sombrios os depositaram no chão, todos caindo de forma desordenada, mas sem ferimentos graves. O campo ao redor estava coberto por uma névoa escura, e as árvores nas proximidades pareciam com vida, suas raízes retorcidas como se fossem parte da própria magia de Harya.
Anya se levantou rapidamente, seus olhos fixos na mulher à sua frente. Harya estava calma, como se nada pudesse desafiá-la. As bruxas de Azuris estavam ao lado de Anya, prontas para lutar, mas o ar pesado e a energia que emanava de Harya pareciam sufocantes.
— Bem-vindos ao meu domínio — Harya disse, sua voz ecoando, cheia de ironia. —
Aqui, a luz nunca encontrará um caminho. O que restará será apenas escuridão.
Klaus se levantou também, a espada em sua mão, mas sua expressão era de desconfiança, como se a intensidade da presença de Harya o estivesse desestabilizando.
— O que você quer, Harya? — Klaus perguntou, sua voz tensa, mas ainda cheia de determinação.
Harya olhou para ele com um sorriso frio, quase zombador. — O que eu quero, Klaus, é o que você não pode compreender. Mas posso dizer, talvez, que o destino de Anya já está
traçado. Eu sou a chave para o poder que ela ainda não entende.
Anya deu um passo à frente, a sensação de que algo muito maior estava acontecendo apertando seu peito. Ela olhou para Harya, com raiva e medo misturados.
— Você está enganada. Eu nunca vou me unir a você — Anya respondeu, tentando manter a firmeza, mas algo dentro de si estava se rebelando. Ela podia sentir a força crescente que Harya emanava, algo que parecia penetrar em seu sangue e em suas veias.
Harya riu baixo, como se o que Anya dissesse fosse apenas uma piada insignificante. — Você não tem escolha, Anya. Está em seu sangue. Você sempre esteve destinada a isso. O que quer que você pense, não importa. O destino não se dobra por vontade própria.
Com um movimento de suas mãos, Harya soltou uma onda de energia escura que fez o chão ao redor se partir, abrindo rachaduras que liberavam uma luz vermelha. As árvores ao redor se contorceram como se fossem feitas de carne, e as sombras começaram a se materializar em figuras grotescas.
Anya sentiu o medo crescer dentro de si. Ela estava em um lugar onde a batalha não seria apenas contra Harya, mas contra algo muito maior, algo muito mais antigo e imortal.
Harya então ergueu as mãos para o céu, e uma tempestade de escuridão tomou forma. O vento aumentou, e o campo ficou envolto por uma nuvem escura que parecia sugar toda a luz ao redor. A sensação de iminente destruição era palpável. Harya estava prestes a liberar toda a sua força.
— Preparem-se — Harya declarou, sua voz cheia de crueldade e certeza. — Agora, a verdadeira batalha começa.
As sombras se espalhavam rapidamente pelo campo de batalha, envolvendo tudo ao seu redor como uma neblina densa e sufocante. Harya, flutuando imponente, parecia ser o centro de uma tempestade sombria. O vento uivava com uma fúria incontrolável, levantando poeira e folhas secas. Ao redor, as bruxas se posicionavam, seus feitiços em prontidão, e Anya podia sentir a tensão em cada fibra de seu ser.
Do outro lado, Harya sorria, seus olhos brilhando com uma malícia que fazia o ar parecer pesado. Ela estendeu os braços, e uma onda de energia negra se espalhou do seu corpo, envolvendo o campo de batalha. As árvores, antes verdes e vigorosas, agora estavam murmurando em agonia, suas folhas caindo em cascatas negras. As criaturas sombrias que a acompanhavam surgiram, como vultos sem forma, mas com garras afiadas e olhos reluzentes.
— Vamos ver o quanto vocês são fortes, bruxas. — Harya zombou. Sua voz ecoou pelo campo, carregada de poder. — Se preparem. O que está por vir vai ser a última coisa que vocês vão experimentar. Principalmente você, filhinha.
Anya sentiu o peso das palavras de Harya como uma pressão em seu peito. Ela já havia sido confrontada com a força daquela mulher antes, mas nunca com a intensidade dessa batalha. As bruxas de Azuris se alinharam, suas mãos erguidas para invocar magia poderosa. Crystal, Victórya e Kikyo estavam ao seu lado, prontas para lançar seus feitiços, enquanto Heather se posicionava ao seu lado, com os olhos fixos em Harya, seu corpo tenso como uma corda prestes a estourar.
— Fiquem atentas. Ela não está sozinha — Crystal avisou, sua voz firme, mas com uma tensão que se refletia em seu olhar. — Cuidado com as sombras.
Harya gargalhou, a risada alta e sarcástica cortando a tensão no ar. — Ah, as boas e velhas bruxas. Tantas de vocês. Mas todas tão fracas. Tão previsíveis.
De repente, o solo sob os pés de todos estremeceu, como se algo gigantesco estivesse se movendo abaixo deles. As sombras ao redor de Harya se intensificaram, formando formas grotescas, como se estivessem tomando vida própria.
Klaus reconheceu as criaturas. O monstro enorme de olhos âmbar estava lá, desse vez, atacando a todos. A criatura que perseguiu Anya e Heathee também estava, junto com mais milhares de outros monstros grotescos.
Foi quando tudo aconteceu. As sombras avançaram, atacando com rapidez e precisão, suas garras afiadas cortando o ar com um som ensurdecedor. As bruxas lançaram feitiços de defesa, mas algumas das criaturas eram rápidas demais, escorregando pelas defesas com uma facilidade assustadora. Um grito cortou o campo de batalha.
Finn, que estava correndo ao lado de Klaus e Anya, foi pego de surpresa por uma das sombras. A criatura o atingiu com uma força brutal, suas garras atravessando a carne de Finn, deixando um rastro de sangue escarlate no ar. Ele caiu no chão, sua respiração ofegante e os olhos abertos em choque. A dor foi instantânea, e o olhar de Finn se perdeu por um momento, antes de ele tentar se levantar, mas o peso da ferida o impediu.
Anya gritou, seu coração batendo mais rápido enquanto ela corria em direção a ele, mas Klaus foi mais rápido. Ele se lançou sobre Finn, tentando segurá-lo, mas o sangue que saía de seu corpo era abundante, e os gritos de dor cortavam a atmosfera como lâminas.
— Finn, não! — Klaus gritou, sua voz cheia de pânico. Ele tentava estancar o sangramento com as mãos, mas a gravidade da situação era clara demais.
Harya observou a cena com um sorriso cruel, seu olhar de satisfação tornando-se mais intenso.
— Você não pode salvar todos, Klaus. Nem mesmo o pequeno Finn. — Harya zombou. Ela fez um gesto rápido com a mão, e as sombras ao redor dela pareciam pulsar de maneira mais intensa, como se fossem esticar e encolher com vida própria.
Anya sentiu o desespero crescer em seu peito. Ela olhou para o rosto de Finn, sua expressão distorcida pela dor, mas ainda havia algo nos olhos dele — algo que a fazia acreditar que ele poderia resistir. Ela não podia permitir que ele morresse, não ali, não assim.
— Vocês não vão vencê-la! Ela é muito forte! — Victórya gritou, sua voz cheia de angústia. Ela disparou um feitiço de luz em direção a Harya, mas a bruxa sombria simplesmente levantou a mão, e a luz foi absorvida por um véu de escuridão.
Anya sabia que precisava agir. Se não fizesse nada, perderia Finn, e não poderia permitir que isso acontecesse. Ela sentiu a energia mágica dentro de si crescer, o poder que ela tinha como bruxa surgindo mais forte do que nunca. Mas também havia algo mais, algo que ela tinha medo de usar, algo relacionado à sua linhagem real. Algo que Kikyo tinha dito… a chave que estava em seu sangue.
— Não! — Anya gritou para si mesma, tentando afastar o pensamento. Ela não podia deixar que a escuridão tomasse conta dela também.
Mas não havia tempo. As sombras estavam se fechando novamente, e Harya já se preparava para um ataque fatal. Sem pensar, Anya ergueu as mãos, liberando toda a sua força, uma explosão de energia mágica pura que iluminou o campo. Uma onda de poder varreu as sombras, fazendo com que muitas delas se desvanecessem no ar.
Por um momento, o campo ficou em silêncio, e a atenção de todos se voltou para Anya. Ela ofegava, seu corpo tremendo com a intensidade da magia que acabara de liberar.
Klaus, com os olhos fixos em Finn, não se afastava. — Por favor, Finn... Fique comigo. —
ele sussurrou, segurando a mão do amigo, a pele do garoto pálida como a neve.
As sombras de Harya começaram a se dissipar, mas ainda havia um último movimento. Harya ergueu as mãos, canalizando sua própria magia em uma esfera negra que crescia a cada segundo. O olhar de Anya se encontrou com o de Klaus, e ela sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando.
Indíce
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