Flores de Gelo: O império caído Capitulo 3 - Parte II
Agora, voltando para o castelo, Anya se encontrava deprimida. Sua feição não era mais sorridente, seus olhos estavam inchados, sua boca formava um beicinho.
Anya toca no colar gentilmente, sentindo lágrimas rolarem no seu rosto. Ela senta no banco da margem da floresta, e observa o castelo noturno.
— Me desculpa Klaus! Eu queria te contar tudo! — Anya diz abraçando o colar, o prensado contra seus seios.
A princesa olhava seriamente para o lago, nem se importando se a vissem vestida daquele jeito.
— Eu preciso esvaziar a mente. — Anya diz, levantando-se rapidamente.
Ela caminha até a entrada do castelo e, surpreendentemente a ponte já estava erguida. A garota, passa de cabeça baixa pelos guardas. Não era o turno de Max, então a princesa nem se importou em dar seus comprimentos a alguém.
Uma vez dentro do castelo, Anya seguia para seu quarto, e desejava friamente não encontrar Peter. Ela sobe as escadas lentamente, tão decepcionada que não aguentaria mais discussões.
Ao chegar em seu quarto, a princesa é surpreendida. Suas roupas estavam todas rasgadas, espalhadas pelo quarto. O sangue de Anya ferveu, e toda aquela tristeza se transformou em raiva.
— Acho que seu dia hoje não foi legal. — O príncipe dizia, rindo e zombando de Anya.
— Seu infeliz. — Anya responde, mostrando completo ódio em suas palavras.
— Na verdade eu estou bem feliz com sua miséria. — Peter retruca.
Anya se vira para porta com um olhar carregado de ódio. Ela serrou seus punhos cheia de raiva, e com uma voz fria ela diz:
— Eu te odeio Peter, EU TE ODEIO!! — Anya grita com todas as suas forças, sendo surpreendida por algo.
Seu colar emitiu uma luz imensa, mas sua atenção é desfocada do colar quando olha pro príncipe. Ele estava jogado do outro lado do anti quarto, sua cabeça estava ensanguentada e suas roupas rasgadas, com uma chamusca de fogo.
O garoto se mostrava inconsciente, e Anya no desespero pegou sua roupa de cavalaria e correu para a janela.
Ela subiu em cima da janela e agachou, dando uma última olhada para trás, vendo Peter distante, machucado no mesmo lugar. Então, sem hesitar, a garota pula. O desespero tomou seu coração, o medo instaurou em suas veias.
Logo, Anya é abraçada pelas águas do rio. Ela nada para a margem, sendo segurada, mas não impedida pelo cansaço.
Desesperada, a garota segue até o estábulo, e se depara com Astrid, sua égua branca.
A mesma fica animada de ver sua dona, e começa a dar pequenos galopes, soltando animados relinchos.
O brilho nos olhos da égua aquecia o coração de Anya. Ela era tão branca quanto um floco de neve, sua crina era bem cuidada, tão macia quanto seu rabo.
Anya, amedrontada segue para um dos estábulos com pressa. Seu coração palpitava em uma velocidade rápida, o medo e o pavor consumiam o corpo de Anya. As mãos da princesa ficaram trêmulas só de imaginar Peter no chão.
A garota troca de roupa, colocando uma calça de couro preta. O tecido era macio, então não prejudicava o movimento de Anya. Em desespero, a garota coloca suas botas scarpin pretas, tão brilhosas quanto o pavor nos olhos dela. Pra finalizar, uma blusa branca lisa, e luvas sem dedos.
A garota volta para o cavalo, e em um leve impulso, a garota sobe majestosamente em Astrid.
— Vamos garota, rápido por favor. — Anya diz, transmitindo o medo em sua voz.
O cavalo pareceu ter entendido oque Anya falou, e logo partiu em um rápido galope, deixando apenas suas pegadas para trás.
Anya cavalgou intensamente, sem parar até chegar em uma floresta, uma outra floresta, uma bem mais distante.
A noite engoliu o céu, e nuvens escuras se aglomeraram sobre a floresta. Anya, ainda montada em Astrid, lutava contra o vento que uivava bravamente. Raios iluminavam o
céu, largando sons estrondosos e, projetando sombras assustadoras nas árvores.
— Vamos, Astrid! — Anya gritou, segurando firme as rédeas.
A égua relinchou, nervosa, enquanto um novo trovão a surpreendeu. Anya sentiu as gotas da chuva gelada atingirem seu rosto, enquanto o vento açoitava seus cabelos, cegando-a momentaneamente.
Mais um trovão cai, dessa vez quase pegando nelas. De repente, Astrid empinou, assustada. Anya, que se assustou junto com a égua, sente seu corpo deslizar pelo de
Astrid, fazendo com que a princesa se desequilibrasse e caísse, indo de encontro com o chão. A chuva não cessou, e a sorte não ficou ao lado de Anya. Sentindo-se fraca, a garota tenta levantar, porém é surpreendida por um penhasco enorme.
A água se quebrava bravamente nas rochas que aguardavam Anya. Sentindo o mundo girar, Anya tenta segurar em algum lugar, mas não teve sucesso, então a queda veio ao seu encontro, e tudo escureceu.
Anya sentiu sua consciência se esvair enquanto caia, o som da tempestade se distanciava. Seu último pensamento foi de Klaus, e a esperança de que ele a encontra- se.
Klaus caminhava sozinho na beira do rio, sob a luz fraca da lua escondida pelas nuvens. Seu rosto, que antes apaixonado, agora refletia decepção e angústia. Com um sentimento incontrolável, ele se sentia traído.
— Deveria ter escutado minha mãe. — Klaus diz chutando uma pedra qualquer. — Ela tinha razão, me apaixonei rápido demais! — Ele continua, sem conter as lágrimas nos
olhos.
O plebeu para, e observa o reflexo da lua no rio, vendo os peixinhos azuis nadando suavemente.
Os peixes se afastam quando vêem uma pedra remexer a água. Klaus, decepcionado joga mais uma pedra no rio, inquieto, querendo apenas acreditar que tudo aquilo não passou de um sonho.
Retornando a sua caminhada, o jovem rapaz se mantém de cabeça baixa, seguindo para sua casa, para enfim ter o abraço acolhedor da mãe sorridente.
A noite fria acompanhava Klaus, enquanto as sombras dançavam nas árvores. Porém, ao olhar pra trás, vê uma chuva árdua e tempestuosa se estendendo por trás do castelo, chuva essa que Anya não teve a sorte de evitar.
Ele apressa seus passos, determinado a chegar o mais rápido possível em casa, afim de se largar no abraço acolhedor de Haledi.
Ao chegar na porta de sua casa, ele observa, pensando no que sua mãe pensaria disso, talvez ela falaria um: eu te avisei, você não me escuta! Mas logo as dúvidas de Klaus são respondidas com o abrir da porta
— Uai? Oque tá fazendo aqui essas hora? — Haledi pergunta apoiando as mãos na cintura.
— Já está tarde, precisava voltar. — Klaus responde, falhando em esconder a tristeza em sua voz.
— Oque aconteceu filho? Cadê aquele seu sorriso? — Haledi pergunta puxando Klaus pra dentro.
— Eu tinha que ter te escutado, mãe. — Klaus diz surpreendendo Haledi com um abraço.
Haledi fica estática por uns segundos, mas logo retorna o abraço do filho.
— Se tá falando daquela menina? — Haledi pergunta ainda no abraço.
— Ela é uma mentirosa! — Klaus se exalta.
— O filho, oque você tá falando? — Haledi pergunta.
— Ela tem noivo, e é uma princesa. — Klaus diz, finalmente largando do abraço.
Haledi segura nas mãos quentes do filho, e logo responde:
— Tem certeza que essa era a história filho? Seus olhos brilhavam ao falar dela. — Haledi responde, obrigando Klaus a refletir .
— Ela me traiu mãe, mentiu! — Klaus responde em negação.
— Será que era isso que ela queria?
— E-e-eu, não sei. — O plebeu diz soltando um suspiro cansativo.
Indíce
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