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Flores de Gelo: O império caído

Capítulos 39

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Flores de Gelo: O império caído Capítulo 2

Será amor a primeira vista?

— Prazer, Klaus! — disse Anya, visivelmente empolgada com o novo amigo. — Meu nome é Any... — A princesa, agora disfarçada de camponesa, cortou a própria fala ao refletir se deveria ou não revelar sua verdadeira identidade.

— Any? — perguntou o rapaz, franzindo a testa em confusão.

— Eu quis dizer Anne! — corrigiu-se rapidamente, tentando disfarçar o nervosismo que tomava conta de seu rosto, agora corado de vergonha.

O camponês observou atentamente a jovem à sua frente. Ele notava a hesitação em cada palavra dela e, talvez para amenizar a tensão, estendeu a mão em um gesto amigável. Anya, ainda lutando para incorporar sua nova identidade, tentava entender quais seriam as intenções daquele garoto de olhos tão azuis. Antes que pudesse formular qualquer teoria, ele quebrou o silêncio com uma frase direta:

— Vamos dar uma volta pela cidade! Posso te apresentar os arredores. — A voz de Klaus era suave, e o sorriso gentil que lhe lançou fez Anya sentir o coração acelerar. Ele segurou sua mão com delicadeza, como se já fossem velhos amigos.

Ainda tremendo levemente, a princesa permitiu-se ser guiada. Enquanto Klaus explicava com entusiasmo sobre cada canto da cidade, ela percebia que não estava prestando atenção em suas palavras. Seus olhos fixavam-se nele: no jeito leve como falava, no sorriso que se formava em seu rosto e na naturalidade de seus gestos. Seria possível que estivesse se apaixonando tão rapidamente?

O garoto de cabelos castanhos parou de repente e se virou para ela, observando-a com um olhar ligeiramente desconfiado.

— De onde você vem, Anne? — perguntou, enquanto a guiava até um banco de pedra coberto por vinhas que se entrelaçavam nas bases.

— E-eu? — Anya gaguejou, tomada pelo nervosismo. — S-sou de uma vila de Heráclion. — Sua voz falhava enquanto tentava sustentar a mentira.

— Do reino dos ricos metidos? — Klaus cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas, demonstrando um misto de curiosidade e ceticismo.

— É-é, eu nasci lá, mas logo me mudei para cá — disse a princesa, com sua insegurança transparecendo na voz. Ela sabia que estava entrando em terreno perigoso, pois mal conhecia os detalhes sobre o próprio reino.

— Mas onde você mora atualmente? — começou Klaus, mas sua pergunta foi cortada abruptamente.

— Eu tenho que ir! Deixei meu gato solto! — disparou Anya, apertando a mão dele rapidamente antes de sair apressada pela trilha de onde havia vindo.

Klaus ficou parado, confuso.

— Será que falei algo de errado? — murmurou para si mesmo, observando a figura de Anne desaparecer ao longe.

Quando finalmente avistou o castelo, Anya teve o azar de encontrar o Príncipe Peter à sua espera.

— Anitta! — exclamou ele, gargalhando. — Eu sei que você já é um desastre, mas não precisava se vestir como um!

— Olha aqui, seu... — começou Anya, mas respirou fundo, tentando manter a calma. — Príncipe Peter, eu diria que é um prazer revê-lo, mas hoje não estou disposta a mentir. — Ela ergueu a cabeça com firmeza e completou: — Sabe, eu posso estar usando roupas humildes, mas sou muito mais princesa do que você jamais será príncipe.

Peter, surpreso pela ousadia da resposta, demorou um momento para reagir.

— Vou contar para todos que você andou vestida assim. — Comentou ele, buscando se vingar.

— Ninguém irá acreditar! — Anya responde de imediato.

— É oque veremos. — Riu.

— É a minha palavra contra a sua. — Anya não se deixou ser tomada pelas provocações de Peter.

— Por que alguém acreditaria em uma mulher que só serve como pano de chão? — retrucou, aproximando o rosto debochado ao dela.

Sem hesitar, Anya desferiu um tapa que ecoou pelo pátio. A marca de seus dedos logo começou a se formar no rosto do príncipe.

— Isso foi bom! Por que não fiz isso antes? — murmurou Anya enquanto se afastava, ignorando os resmungos indignados de Peter. No entanto, após alguns passos, a culpa começou a se instalar.

— Não posso me rebaixar ao nível dele... — sussurrou para si mesma, olhando por sobre o ombro. — Será que devo pedir desculpas? Não, agora já está feito. É melhor esquecer isso.

Determinada a mudar de foco, Anya seguiu em direção ao rio onde havia escondido suas roupas reais. Ao avistar o outro lado da margem, mergulhou com graça nas águas cristalinas e emergiu suavemente na margem oposta.

Após vestir-se novamente como uma princesa, ela voltou ao castelo. Ao chegar, encontrou a Rainha Luna acompanhada por sua filha, Rose.

— Bom dia, majestade — disse Anya, curvando-se educadamente.

— Bom dia, princesa Anya, correto? — respondeu Luna com um sorriso gentil.

— Sim, Vossa Alteza. E a senhora é? — perguntou Anya, curvando-se novamente enquanto segurava a barra do vestido azul.

— Sou Luna, prazer conhecê-la. Depois, gostaria de dar um passeio com você para conversarmos. — Luna manteve o tom cordial, mas havia algo em seu olhar que indicava curiosidade.

Antes que pudesse responder, Anya foi surpreendida por pequenos braços envolvendo sua cintura.

— Pincesaaaa! — exclamou a pequena Rose, com um sorriso que irradiava alegria.

— Olá, pequena! — respondeu Anya, surpresa, mas retribuindo o abraço calorosamente.

— Você é tão bonita! — disse a menina, com sinceridade.

— Obrigada! E você é muito linda também. Qual o seu nome?

— Rose! E você?

Anya abaixou-se para ficar na altura da pequena e respondeu com um sorriso suave:

— Sou Anya Delence.

— Que nome bonito! Você quer ser minha amiga? — perguntou Rose, com olhos brilhando de expectativa.

— Claro que quero! Vamos colher flores no jardim? — convidou Anya, estendendo a mão para a menina.

— Ebaaa! Vamos! — exclamou Rose, pulando de alegria enquanto segurava a mão de Anya.

A Rainha Luna as observava com ternura enquanto as duas partiam juntas.


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