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Flores de Gelo: O império caído

Capítulos 39

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Flores de Gelo: O império caído Capitulo 8

A morte de Anya

O vento noturno trazia o cheiro salgado do mar e o som distante das ondas quebrando contra as rochas. Klaus chegou à vila costeira montado em Astrid, o cavalo arfando pelo esforço da corrida. As ruas de terra batida estavam desertas, exceto por uma ou outra lanterna acesa nas janelas das casas simples.

Ele desmontou com agilidade e começou a caminhar pela vila, seu olhar percorrendo os pequenos barcos ancorados no cais. A maioria era de pescadores, simples e desgastados, mas robustos o suficiente para enfrentar as águas revoltas. O tempo estava

contra ele, e as nuvens escuras no horizonte prometiam uma tempestade iminente.

Ao longe, uma taverna ainda iluminada parecia ser o único lugar com vida. Ele entrou, encontrando um ambiente ruidoso, com homens bêbados cantando e jogando cartas. Klaus atravessou o salão, seus olhos fixos no que parecia ser o dono da taverna, um homem corpulento com uma barba grisalha.

— Preciso de um barco — disse Klaus, direto. Sua voz carregava a urgência que sentia no peito.

O taverneiro riu, um som áspero e debochado.

— Garoto, ninguém sai para o mar a essa hora, ainda mais com o tempo fechando. Você perdeu o juízo?

— Pago bem — Klaus insistiu, tirando uma pequena bolsa de moedas do bolso. Não era muito, mas era tudo o que ele tinha. — É uma questão de vida ou morte.

O homem parou por um momento, seus olhos avaliando Klaus e a bolsa. Antes que pudesse responder, uma risada baixa ecoou de um canto escuro da taverna. Um homem magro, com uma cicatriz no rosto e um olhar frio, ergueu-se de sua cadeira.

— Vida ou morte, hein? — disse o estranho, caminhando lentamente até Klaus. — Essas palavras costumam levar homens à morte, garoto.

— Não me importa o risco — respondeu Klaus, firme. — Se você tem um barco e coragem, diga seu preço.

O homem deu de ombros.

— Não sou eu quem precisa de coragem. Sou só um capitão. Mas minha tripulação, bem... digamos que eles não gostam de navegar em águas onde a morte ronda.

Klaus franziu a testa.

— O que quer dizer?

— As lendas — disse o homem, inclinando-se para mais perto. — Sobre as criaturas das profundezas. Elas caçam quando a lua está encoberta.

Klaus não tinha tempo para superstições. Apertando os punhos, respondeu:

— Eu só preciso de um barco. Com ou sem você.

O homem riu e voltou para sua mesa. O silêncio caiu sobre o salão por um momento, antes que o taverneiro balançasse a cabeça e murmurasse:

— Louco...

Sem outra opção, Klaus saiu da taverna e caminhou até o cais. O ar estava cada vez mais pesado, e ele sabia que, se não conseguisse ajuda, teria que tomar medidas drásticas.
Observando as embarcações, seus olhos pousaram em um pequeno barco à vela que parecia estar em boas condições.

Enquanto ponderava, um som o fez congelar. Passos. Klaus se virou e viu um garoto magro, com não mais de quinze anos, parado a poucos metros de distância.

— Eu conheço essas águas — disse o garoto. — Posso levar você.

Klaus o encarou com desconfiança.
— Por que faria isso?

— Porque eu ouvi o que você disse lá dentro — respondeu o garoto. — E porque sei o que é perder alguém.

Klaus hesitou por um momento, mas o tempo era curto. Ele estendeu a mão.

— Qual é o seu nome?

— Finn — respondeu o garoto, apertando a mão dele. — Mas vamos logo antes que mudem de ideia lá dentro.

Juntos, eles subiram no pequeno barco. Klaus ajudou a soltar as amarras enquanto Finn assumia o leme. O jovem capitão parecia confiante, mas Klaus não podia deixar de notar o brilho de medo em seus olhos.

Enquanto o barco cortava as águas escuras, Klaus olhou para o horizonte. A tempestade se aproximava, e com ela, um pressentimento sombrio.

— Aguente firme, Anya — murmurou para si mesmo. — Estou chegando.

O som de passos leves, quase imperceptíveis, reverberou pela caverna, misturando-se ao gotejar constante da água. Anya apertou os punhos, sentindo a pulsação acelerada em suas têmporas. Heather estava ao seu lado, visivelmente trêmula, enquanto Crystal segurava seu amuleto com ainda mais força, sussurrando palavras inaudíveis, talvez uma prece ou feitiço de proteção.

— Fiquem alertas — disse Kikyo em um tom firme, embora sua postura serena fosse um contraste com a tensão no ar.

Victórya, com a espada em mãos, posicionou-se entre o grupo e a entrada da caverna. Seu olhar parecia fulminar a escuridão, como se desafiasse o que quer que estivesse se aproximando.

— Não estamos sozinhas — murmurou Crystal. Seu tom era de convicção, e Anya pôde ver a pequena faísca de luz que emanava do amuleto, como se reagisse a alguma presença invisível.

De repente, o som parou. Um silêncio pesado caiu sobre a caverna, interrompido apenas pelas respirações tensas do grupo. Foi Heather quem quebrou o momento, sua voz hesitante:

— Talvez fosse só o vento...

Antes que pudesse terminar a frase, uma figura surgiu da escuridão. Era alta e encapuzada, o rosto escondido pelas sombras do manto, mas seus olhos brilhavam com um azul gélido, como o reflexo de um céu de inverno sobre o gelo.

— Quem está aí? — exigiu Victórya, erguendo a espada.

A figura ergueu as mãos lentamente, como em sinal de paz, mas a energia no ar ficou ainda mais densa. Quando falou, sua voz era grave e envolvente, carregada de um mistério inquietante.

— Não temam... Eu não sou seu inimigo.

Kikyo deu um passo à frente, seus olhos verdes estreitando-se enquanto estudava o estranho.

— Então diga seu nome, viajante, e prove que não é uma ameaça.

O encapuzado hesitou por um momento, antes de puxar o capuz para trás, revelando um rosto masculino jovem, mas marcado por cicatrizes. Seus cabelos eram negros como a noite, e seu semblante carregava o peso de alguém que já vira mais do que deveria.

— Meu nome é Kael — disse ele, sua voz ecoando pela caverna. — E estou aqui para avisá-las.

— Avisar sobre o quê? — perguntou Anya, dando um passo à frente.

Kael a encarou diretamente, seus olhos azuis penetrantes.

— Sobre o que está vindo. As criaturas que as caçam não são meros monstros. Elas

respondem a uma força maior, uma que conhece cada passo que vocês deram até aqui.

Heather se encolheu, mas Crystal franziu o cenho, sua expressão se endurecendo.

— Como você sabe disso? Está nos espionando?

Kael balançou a cabeça.

— Eu as segui porque sei o que vocês carregam. Vocês têm algo que ela quer.

Anya sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— "Ela"?

— A Noiva das Sombras — respondeu Kael, sua voz quase um sussurro. — Harya.

"Então seu nome era Harya?

Foi o que Anya pensou.

O nome reverberou pela caverna como uma maldição, e o brilho dos cristais pareceu vacilar novamente. Kikyo apertou os lábios, sua expressão séria.

— O que você sabe sobre ela?

Kael deu um passo à frente, parando a uma distância segura do grupo.

— Eu sei que ela não vai parar enquanto não conseguir o que deseja. Ela quer...

Ele hesitou, olhando diretamente para Anya.

— Você.

O coração de Anya disparou, mas ela manteve o rosto firme.

— Por quê?

Kael desviou o olhar por um momento, antes de responder:

— Porque você é a única que pode detê-la, e também porque você é filha dela.

A caverna ficou em silêncio mais uma vez, as palavras pairando no ar como uma sentença de morte. Victórya ergueu a espada novamente, estreitando os olhos para Kael.

— E por que deveríamos confiar em você?

Ele suspirou, abrindo o manto para mostrar que estava desarmado. Em seu peito, um símbolo estranho estava gravado em uma placa de metal. Era um desenho de uma lua

cercada por espinhos, similar ao amuleto de Crystal, mas desgastado e sombrio.

— Porque estou lutando contra ela há anos. E porque, se não trabalharmos juntos, nenhuma de vocês sairá viva daqui.

Anya trocou um olhar com Kikyo, que parecia ponderar as palavras do estranho. O grupo inteiro estava dividido entre medo e desconfiança. Mas antes que pudessem decidir, um rugido distante ecoou pela caverna, trazendo consigo um vento frio e uma sensação de pavor.

Kael se virou para a entrada, os olhos arregalados.

— Elas estão aqui.

Victórya segurou a espada com mais força, enquanto Crystal murmurava algo em um tom apressado, ativando seu amuleto. Heather agarrou o braço de Anya, que se preparava para o que viesse.

— Preparem-se — disse Kikyo, sua voz calma, mas carregada de autoridade. — Isso ainda está longe de terminar.

E assim, a pequena caverna tornou-se palco para o que parecia ser o início de uma longa batalha contra o desconhecido.

"Então, Harya e os Matas trabalham juntos? Então Harya será uma grande inimiga


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