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Flores de Gelo: O império caído

Capítulos 39

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Flores de Gelo: O império caído Capitulo 12

Peter, a desordem

O sol escaldante brilhava sobre o mar infinito, refletindo sua luz dourada nas águas revoltas. Klaus segurava firme o leme da embarcação, enquanto Finn, sentado na borda, balançava as pernas despreocupadamente, embora seus olhos demonstrassem a mesma ansiedade que compartilhavam.

— Tem certeza que é o mesmo caminho? — perguntou Finn, franzindo a testa enquanto olhava para o horizonte. — Quero dizer, como você pode lembrar cada detalhe?

Klaus desviou os olhos da bússola improvisada que segurava, uma herança do último encontro com aquele mundo mágico.

— Eu não esqueci, Finn. Há coisas que marcam você, coisas que não podem ser apagadas, como a sensação que tive quando cruzei aquele portal pela primeira vez.

Finn deu de ombros e voltou a olhar para o horizonte, mas não pôde esconder o brilho de excitação que tomava conta de sua expressão. Ele nunca havia admitido, mas o mundo mágico que exploraram na última vez o fascinara mais do que poderia explicar.

Mas toda essa magia foi quebrada por uma onda que veio misteriosamente. E quando Finn prestou mais atenção, era aquela mesma criatura.

A memória da criatura ainda estava viva nas mentes de Klaus e Finn, como uma cicatriz profunda que jamais se apagaria. Era como se o mar estivesse esperando para reviver o terror que eles haviam experimentado na última vez.

As ondas quebravam de forma selvagem, e o som de algo submerso parecia se arrastar, como um sussurro distante. Klaus congelou, seus olhos se fixando na linha do horizonte. Finn, com o coração acelerado, observou o amigo e seguiu seu olhar.

— Não pode ser... — murmurou Finn, sua voz tremendo de inquietação.

Era impossível esquecer aqueles olhos amarelos que pareciam encará-los da profundidade do abismo marinho. A última vez que encontraram o monstro, ele não havia atacado. E novamente, em vez de atacar de imediato, a criatura havia parado por um momento, como se reconhecesse algo nos dois. O medo e o cansaço os haviam levado a tomar uma rota mais arriscada para escapar, mas o monstro permanecia gravado na memória de ambos.

À medida que o mar parecia se abrir novamente, o mesmo som gutural surgiu, reverberando. A água ao longe começou a se agitar, e uma escuridão profunda tomou forma, como se o próprio mar estivesse prestes a engolir tudo ao redor.

Os olhos amarelos brilharam na escuridão. O monstro já estava ali, e desta vez não havia onde correr.

— Da última vez... — começou Finn, seus dentes batendo com o peso da lembrança. —
Ele... ele nos deixou passar.

Klaus manteve o olhar fixo, como se soubesse que isso significava mais do que apenas um obstáculo. Não era apenas uma besta. Era algo que observava, algo que testava os dois. E a sensação de que o monstro sabia mais sobre eles do que gostariam de admitir cresceu como um presságio.

— Não sabemos por quê. Mas agora, temos que passar novamente — disse Klaus, sua voz tensa.

Com um movimento de cabeça, ele indicou que continuassem, sabendo que esse seria um teste, um enfrentamento mais profundo de algo que estava além da compreensão deles. O monstro, com seus olhos brilhando na escuridão, não os deixaria passar facilmente da próxima vez. Algo maior os aguardava naquela ilha, e a criatura era apenas o guardião de um segredo que precisava ser desvendado.

A jornada não foi rápida. Por dias, os dois navegaram, enfrentando tempestades repentinas, ventos traiçoeiros e até mesmo o silêncio opressor das noites estreladas. Finn parecia ter se transformado em um jovem marinheiro, escalando os mastros com destreza e ajudando Klaus a ajustar as velas com uma determinação quase admirável.

— Você acha que ela ainda está lá? — Finn perguntou certa noite, enquanto ambos dividiam um pedaço de pão endurecido.

Klaus não precisou perguntar quem era "ela".

— Eu não sei. — A voz de Klaus saiu carregada de incertezas. Ele desviou o olhar para o mar escuro, onde as ondas quebravam suavemente. — Mas vou encontrá-la, Finn. Não importa o que aconteça.

Finn assentiu, respeitando o silêncio do amigo, mas sua mente já estava correndo para as possibilidades.

Quando finalmente avistaram a ilha, o coração de Klaus disparou. Era exatamente como ele se lembrava: a vegetação exuberante cercando a costa, as montanhas que pareciam tocar o céu e, no centro de tudo, a entrada da caverna que guardava o segredo mais

profundo de suas vidas.

— Estamos de volta! — Finn exclamou, pulando para fora do barco assim que alcançaram a margem.

Mas a euforia durou pouco. O caminho pela floresta até a caverna era agora mais denso e selvagem, como se o tempo tivesse passado diferente naquele lugar. Espinhos e cipós dificultavam a passagem, e o canto dos pássaros parecia mais estridente, quase como se alertassem sobre um perigo iminente.

— Parece que esse lugar não queria que voltássemos — murmurou Finn, tropeçando em uma raiz.

— Ou talvez quisesse exatamente isso — respondeu Klaus, com um tom enigmático.

A entrada da caverna parecia mais sombria do que Klaus se lembrava. O som do mar era abafado assim que cruzaram o limiar, e a escuridão envolveu os dois como um manto pesado. Klaus acendeu uma tocha que havia trazido, iluminando o caminho estreito.

— Você lembra o que aconteceu aqui da última vez? — Finn perguntou, com um misto de medo e curiosidade.

— Cada detalhe — respondeu Klaus, firme.

Eles caminharam até encontrar o portal, o mesmo que haviam atravessado antes. Agora, porém, ele brilhava com uma luz diferente, como se estivesse à espera deles. Klaus sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas não hesitou.

— Está pronto? — ele perguntou a Finn.

O garoto assentiu, embora seus olhos mostrassem o nervosismo que ele não queria admitir.

E então, juntos, atravessaram o portal.

A sensação era a mesma de antes: um turbilhão de luzes, cores e sons que pareciam misturar todos os sentidos. Quando finalmente chegaram do outro lado, o mundo mágico os recebeu com um cenário tão impressionante quanto desafiador. Árvores gigantescas estendiam suas copas até o céu, enquanto criaturas mágicas observavam os dois de longe, algumas com curiosidade, outras com desconfiança.

— Estamos de volta — murmurou Klaus, apertando os punhos.

Finn abriu um sorriso largo.

— O que estamos esperando? Vamos explorar!

Mas antes que pudessem dar o primeiro passo, uma figura sombria surgiu no horizonte, caminhando em direção a eles. Klaus estendeu o braço, impedindo Finn de avançar.

— Cuidado. Algo me diz que nossa jornada está apenas começando.


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