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Flores de Gelo: O império caído

Capítulos 39

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Flores de Gelo: O império caído Capitulo 8 - Parte VII

Ao atravessarem o arco de pedras, o grupo foi recebido por uma brisa suave que parecia carregada de mistério. A vila que se revelava diante delas era ao mesmo tempo bela e desolada. As casas de madeira e pedra, que antes deviam ser refúgios acolhedores, estavam cobertas de musgo e trepadeiras, algumas parcialmente desmoronadas. Cachoeiras brilhavam ao longe, refletindo a luz do sol, mas havia um silêncio inquietante, como se o lugar estivesse adormecido há séculos.

Kikyo, com o olhar atento, foi a primeira a falar:

— Este lugar tem histórias. Não está vazio por acaso.

Victórya chutou uma pedra no chão, quebrando o silêncio.

— Parece que ninguém vive aqui há anos.

Heather passou a mão em uma parede coberta de musgo, franzindo a testa.

— É estranho... Parece vivo, mas morto ao mesmo tempo.

Crystal, com sua sensibilidade mágica, se aproximou de uma bacia de pedra ornamentada no centro da vila. O objeto estava parcialmente coberto por folhas secas e poeira, mas uma aura azulada emanava sutilmente de seu interior.

— Kikyo, venha ver isso.

A anciã se aproximou, observando o objeto com cuidado. Suas mãos deslizaram pela superfície fria da pedra, e ela percebeu pequenas inscrições em uma língua antiga
.
— Esta bacia é um canal de magia. Um cristal da lua foi embutido aqui — explicou Kikyo, apontando para o centro, onde uma pedra azulada parecia pulsar levemente.

Anya, curiosa, perguntou:

— O que isso significa?

— Significa que este lugar foi criado para amplificar magia. Aqui, nossas energias serão mais fortes, mas também mais difíceis de controlar se não estivermos prontas — respondeu Kikyo, séria.

Heather cruzou os braços, desconfiada.

— E por que está vazio, então?

Kikyo respirou fundo antes de responder:

— Porque, em algum momento, alguém falhou. Talvez a magia tenha saído de controle. Talvez um inimigo tenha destruído o que eles protegeram. Não sabemos, mas precisamos ser cuidadosas.

Victórya olhou ao redor, tentando captar algo além do silêncio.

— Então vamos ficar aqui?

Kikyo assentiu.

— Sim. Vamos limpar o lugar e transformá-lo no nosso lar. Aqui vocês terão o espaço necessário para treinar.

O grupo passou o resto do dia explorando a vila e improvisando um acampamento. Heather e Victórya recolheram galhos secos e limparam os entulhos das casas menos danificadas, enquanto Crystal ajudava a purificar a bacia, canalizando a água das cachoeiras próximas para limpá-la.

Anya, porém, permanecia inquieta. Ela sentia um peso inexplicável ao estar naquele lugar, como se algo a observasse. Kikyo notou sua hesitação e a chamou para conversar à beira da bacia.

— Está tudo bem, Anya?

A jovem princesa hesitou antes de responder.

— É como se eu pudesse ouvir algo... Não sei explicar. Este lugar me dá arrepios.

Kikyo segurou sua mão, transmitindo calma.

— É normal. Você está conectada a este lugar mais do que imagina. Ele amplifica seus sentimentos, suas dúvidas. Mas também pode amplificar sua força, se você permitir.

Então todas voltaram ao trabalho, até a vila ficar nova, isso levou horas, tão demorado que deu tempo da noite engolir o céu.

Naquela noite, ao redor de uma fogueira, Kikyo anunciou:

— Amanhã começamos o treinamento. Este lugar nos dará mais poder, mas também exige mais controle. Vocês precisarão se esforçar, e isso não será fácil.

Todas assentiram, e logo foram dormir. Cada uma escolheu a casa que desejava, e Anya, sentia que precisava ficar perto da cachoeira, então escolheu a casa que ficava próxima a ela.

Logo, a bruxa apagou com apenas o som da cachoeira a abraçando.

Na manhã seguinte, a clareira central da vila se transformou em um campo de

treinamento improvisado. Kikyo orientou cada uma a usar a bacia para canalizar suas magias.

Heather foi a primeira. Ao colocar as mãos sobre a superfície da bacia, as chamas que conjurava se tornaram maiores e mais intensas, mas também mais difíceis de controlar. Uma labareda quase escapou para os arredores, mas Kikyo a ajudou a extinguir.

— Concentre-se, Heather. Não deixe sua energia dominar você.

Victórya tentou canalizar sua habilidade de metamorfose através da energia da bacia, mas sua transformação se tornou instável, e suas cores vibrantes piscavam entre camuflagens incompletas.

— Isso é frustrante! — reclamou, ofegante.

Crystal, ao manipular a água, conseguiu criar formas mais complexas, mas logo perdeu o controle, e as gotas caíram no chão. Kikyo a incentivou:

— Não tenha medo de ousar, Crystal. Você precisa acreditar que pode.

Por último, Anya se aproximou, hesitante. Ao tocar a bacia, uma energia avassaladora tomou conta do espaço. O vento ao redor ficou mais intenso, as plantas ao redor floresceram rapidamente e, ao mesmo tempo, começaram a congelar. Kikyo interveio antes que o desequilíbrio causasse estragos maiores.

— Anya, você precisa se concentrar! Não lute contra o que sente; aceite.

A princesa recuou, assustada com a própria força.

— Eu não consigo... Isso é demais para mim.

Heather, apesar de suas dificuldades, colocou a mão no ombro de Anya.

— Se nós estamos tentando, você também pode. Não estamos aqui para desistir.

O treinamento continuou por dias, mas o progresso era lento. Cada garota enfrentava seus próprios desafios, mas, aos poucos, começavam a entender melhor suas habilidades.

A vila, mesmo vazia, começava a ganhar vida novamente. Com esforço e dedicação, elas transformaram aquele lugar inabitável em um refúgio para seu crescimento. E, apesar das dificuldades, algo no ar indicava que aquele era apenas o começo da jornada que as aguardava.

Enquanto Klaus e Finn continuavam a explorar a vila devastada, o vento se intensificou, trazendo consigo um cheiro estranho, metálico, como se a terra estivesse fervendo. O som da floresta parecia ter se intensificado também, como se algo estivesse se movendo ali. Finn, sempre atento, parou e olhou em volta, sentindo que algo os observava.

Klaus, que já estava um passo à frente, não percebeu a mudança no ambiente até que o chão sob seus pés começou a tremer suavemente. Antes que ele pudesse reagir, um estrondo terrível ecoou pelo ar, fazendo as árvores ao redor balançarem violentamente. Um grito abafado cortou a atmosfera.

— O que foi isso?! — exclamou Finn, se virando rapidamente.

Klaus não respondeu. Seus olhos estavam fixos em algo à sua frente. Uma sombra movia-se rapidamente entre as árvores, e algo enorme estava se aproximando.

— Corra! — gritou Klaus, sem perder tempo.

Os dois começaram a correr, o som de passos pesados e ofegantes atrás deles. Algo monstruoso estava os perseguindo. Finn, com seus reflexos rápidos, desviava das árvores, enquanto Klaus, mais focado, buscava uma saída. Mas a cada curva que davam, a sombra parecia estar mais próxima.

O pavor tomou conta de Finn. Sua respiração estava descontrolada, e ele já não sabia para onde ir. O rugido que ouvira antes retornou, mais forte e ensurdecedor, fazendo seus ossos tremerem.

Foi então que, no limite de sua resistência, Klaus puxou Finn pela manga, fazendo-o entrar em um pequeno espaço entre as árvores. O som da criatura se aproximava, e uma pressão crescente ameaçava esmagá-los.

Klaus e Finn estavam quase sem forças, mas então algo os salvou. Uma abertura, uma passagem estreita entre as pedras cobertas de musgo, surgiu diante deles. Sem hesitar, os dois entraram na fenda, e a criatura, que agora os tinha em vista, parou abruptamente. Algo estranho estava no ar. Como se a própria natureza temesse aquilo.

Com os corações ainda batendo fortes, Klaus e Finn avançaram pela passagem. O espaço ficou mais estreito, até se transformar em um túnel cavernoso. A escuridão era quase palpável, mas havia uma luz fraca, tênue, no final do caminho. O túnel parecia não ter fim.

— Acho que encontramos algo... — murmurou Finn, ofegante.

Mas antes que Klaus pudesse responder, a luz à frente se intensificou. Eles estavam perto de uma caverna. Quando finalmente entraram, uma cena de tirar o fôlego surgiu diante deles. No centro da caverna, uma enorme pedra, esculpida com símbolos ancestrais, estava parcialmente brilhante revelando um espaço interior repleto de magia pura.


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