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Flores de Gelo: O império caído

Capítulos 39

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Flores de Gelo: O império caído Capitulo 9 - Parte II

O som suave do riacho preencheu o silêncio ao redor de Klaus, enquanto ele permanecia parado, perdido em pensamentos. Ele sabia que a decisão de partir no dia seguinte pesaria não apenas sobre ele, mas também sobre Anya. Ainda assim, era uma escolha necessária.

Antes que pudesse refletir mais, passos leves ecoaram às suas costas. Finn surgiu, com um sorriso travesso e as mãos nos bolsos.

— Então, herói, está pronto para sua grande jornada? — perguntou Finn, apoiando-se casualmente em uma árvore próxima.

Klaus o olhou de lado, franzindo a testa.

— Não sei se "pronto" é a palavra certa, Finn.

Finn deu de ombros e aproximou-se mais, um brilho esperto nos olhos.

— Bem, é por isso que estou aqui. Você vai precisar de alguém para salvar sua pele quando se meter em encrenca.

Klaus ergueu uma sobrancelha, descrente.

— Você acha que vou deixar você vir comigo? Não é uma aventura qualquer, Finn. É perigoso.

O garoto cruzou os braços e fez uma expressão fingida de indignação.

— E quem disse que eu não sei lidar com perigo? Eu cresci nas ruas, Klaus. Posso ser útil, você sabe disso.

— Isso não é um jogo, Finn — respondeu Klaus, a voz mais firme desta vez. — Não posso te colocar em risco.

Finn soltou um suspiro exagerado, balançando a cabeça.

— Certo, certo. O valente Klaus quer enfrentar tudo sozinho, como sempre. Mas, sabe, mesmo os heróis precisam de um ajudante de vez em quando.

Klaus reprimiu um sorriso. Ele sabia que Finn estava tentando provocar, mas a leveza do garoto era quase reconfortante em meio ao peso da missão que o aguardava.

— Eu aprecio sua oferta, Finn, mas preciso fazer isso sozinho.

O garoto deu de ombros novamente, como se não estivesse convencido.

— Tudo bem, faça do seu jeito. Mas se mudar de ideia, estarei por perto.

Com isso, Finn afastou-se, assobiando uma melodia despreocupada enquanto retornava para a vila. Klaus ficou sozinho novamente, mas agora havia um sorriso sutil em seus lábios. Apesar de tudo, era bom saber que Finn estava disposto a ajudá-lo.

Na manhã seguinte, enquanto Klaus se preparava para partir, Kikyo reuniu as meninas no círculo de pedra para mais uma sessão de treinamento. O local, cercado por árvores antigas e banhado pela luz suave do sol nascente, parecia vibrar com uma energia especial. As pedras dispostas em círculo emanavam um brilho discreto, quase imperceptível a olhos destreinados.

— Hoje, vamos trabalhar na conexão com os elementos — anunciou Kikyo, sua voz calma e segura. Ela caminhava entre as jovens, observando-as com atenção. — A magia não é apenas poder. É harmonia. Vocês precisam aprender a ouvir antes de comandar.

Victórya, sempre animada, foi a primeira a erguer a mão.

— E como exatamente ouvimos a terra ou o vento?

Kikyo sorriu, inclinando a cabeça.

— Fechem os olhos, todas vocês. Respirem fundo. Sintam o chão sob seus pés. Escutem o som ao redor. A natureza fala de muitas formas.

Anya, Heather, Victórya e Crystal obedeceram, concentrando-se no ambiente. O vento soprou suavemente entre as árvores, e o som das folhas dançando parecia sussurrar segredos.

— Agora, cada uma de vocês tentará se conectar a um elemento específico — continuou Kikyo. — Anya, você começará com a água. Há um riacho próximo. Concentre-se no som e no fluxo. Heather, o fogo é seu. Sinta-o, e então peça que dance com você.

As instruções seguiram, cada jovem focada em seu elemento. Anya estendeu a mão na direção do som da água, sua mente se abrindo para a energia fluida e constante. Ela sentiu um leve formigamento nos dedos antes de uma pequena onda se formar no riacho, como se respondesse ao seu chamado.

Heather, por sua vez, ergueu o rosto para o céu, os olhos fechados. Uma brisa de fofo repentina surgiu, brincando com sua trança adornada com flores, e ela sorriu, como se estivesse em um diálogo silencioso com o fogo.

Victórya e Crystal também tiveram progressos notáveis, mas ainda havia muito a aprender. Kikyo observava com paciência, corrigindo posturas e oferecendo palavras de encorajamento sempre que necessário.

— Vocês estão indo bem, mas lembrem-se: não é sobre controlar, é sobre colaborar. A magia é um equilíbrio entre o que damos e o que recebemos.

Ao fim do treinamento, as jovens estavam exaustas, mas satisfeitas. Cada uma delas sentia-se mais conectada ao mundo ao redor, e a confiança em suas habilidades crescia a cada sessão.

Kikyo sorriu, satisfeita com o progresso. No fundo, porém, ela sabia que os desafios que aguardavam o grupo exigiriam muito mais do que domínio sobre a magia. A verdadeira força delas seria testada em breve.

O sol despontava no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e dourado, enquanto a vila começava a entardecer lentamente. Klaus estava perto do riacho, ajustando a alça de sua mochila. Ele sabia que a hora de partir havia chegado, mas o peso da despedida parecia maior do que qualquer fardo que já carregara.

Anya apareceu pouco depois, os cabelos soltos caindo sobre os ombros. Ela usava um vestido simples, mas sua presença parecia iluminar o ambiente mais do que o próprio entardecer. Ela parou a alguns passos de Klaus, os olhos brilhando com uma mistura de tristeza e determinação.

— Está pronto? — perguntou, embora soubesse a resposta.

Klaus não respondeu imediatamente. Em vez disso, encarou Anya, gravando cada detalhe dela na memória. Finalmente, assentiu.

— Pronto.

Antes que pudessem dizer mais, Finn surgiu, correndo até eles com um sorriso travesso no rosto e uma mochila nas costas.

— Certo, estou pronto também! Vamos nessa, Klaus.

Klaus franziu a testa, cruzando os braços.

— Finn, eu já disse que você não pode vir.

Finn fez um gesto dramático de indignação, colocando as mãos na cintura.

— Ah, qual é, Klaus? Você vai precisar de mim! E além disso, eu já arrumei minhas coisas. Não dá mais pra voltar atrás.

— Finn, isso não é uma aventura para crianças — retrucou Klaus, tentando manter o tom firme.

— Criança? — Finn fingiu estar ofendido. — Eu tenho 15 anos, sou praticamente um adulto!

Anya soltou uma risada suave, embora estivesse visivelmente preocupada com a teimosia de Finn.

— Finn, acho que o Klaus está apenas tentando te proteger.

O garoto deu de ombros.

— Eu sei me cuidar. Além disso, alguém precisa garantir que ele não estrague tudo.

Klaus suspirou, levando uma mão ao rosto. Ele sabia que argumentar com Finn era como tentar convencer o vento a mudar de direção.

— Tudo bem, Finn. Pode vir. Mas saiba que essa jornada será perigosa. Se algo acontecer, é responsabilidade sua.

O rosto de Finn se iluminou, como se acabasse de ganhar o melhor presente do mundo.

— Relaxa, Klaus! Você não vai se arrepender.

Klaus não respondeu, mas havia uma leve preocupação em seus olhos. Ele sabia que aquela decisão poderia complicar as coisas, mas não tinha mais tempo para discutir.

Enquanto Klaus e Finn se preparavam para partir, Kikyo continuava com o treinamento das meninas no círculo de pedra. Ela havia decidido que era hora de levar o aprendizado a um novo nível.

— Hoje, vocês vão trabalhar juntas — anunciou Kikyo, sua voz carregada de autoridade.
— A magia individual é poderosa, mas o verdadeiro potencial está na união de forças.

As jovens se entreolharam, intrigadas.

— Como vamos fazer isso? — perguntou Heather, sempre curiosa.

Kikyo caminhou até o centro do círculo, onde uma pedra maior estava posicionada.

— Cada uma de vocês vai canalizar seu elemento para esta pedra. Ela é um catalisador, capaz de reunir energias distintas e transformá-las em uma só.

Victórya, com seu entusiasmo habitual, foi a primeira a se posicionar.

— Isso parece incrível! Vamos lá, meninas!

Anya, Heather e Crystal seguiram o exemplo, formando um círculo ao redor da pedra maior. Kikyo deu as instruções, observando cada movimento com atenção.

— Respirem fundo. Concentrem-se no que sentem, no que desejam. Deixem que a energia flua livremente até a pedra.

A princípio, houve hesitação. Mas aos poucos, as jovens começaram a sentir a conexão crescendo entre elas. O vento soprou mais forte, a terra tremeu levemente, e a água no riacho próximo começou a fluir em padrões incomuns. A luz ao redor da pedra brilhou com intensidade crescente, refletindo a força combinada de suas energias.

— Isso! — exclamou Kikyo, impressionada. — Vocês estão conseguindo!

Mas então, algo inesperado aconteceu. A energia na pedra se intensificou além do controle, e uma rajada de vento cortante se espalhou pelo círculo, interrompendo o fluxo. As meninas recuaram, assustadas.

— O que foi isso? — perguntou Victórya, ofegante.

Kikyo manteve a calma, embora sua expressão estivesse mais séria.

— Foi um excesso de energia. Vocês estão aprendendo, mas ainda precisam dominar o equilíbrio.

Anya olhou para as mãos, pensativa.

— Isso significa que somos mais fortes juntas, mas também mais perigosas?

Kikyo assentiu lentamente.

— Sim. E é por isso que precisam treinar ainda mais. A força sem controle pode destruir tanto quanto pode proteger.

As jovens concordaram, determinadas a continuar. Elas sabiam que o caminho à frente seria difícil, mas estavam prontas para enfrentar os desafios juntas.

Enquanto o círculo de pedra voltava ao silêncio após o intenso treino, ao longe, Klaus e Finn caminhavam pela floresta, deixando a vila para trás. Embora o futuro fosse incerto, o destino de todos parecia entrelaçado, cada decisão moldando o curso dos acontecimentos que estavam por vir.


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