Flores de Gelo: O império caído Capitulo 8 - Parte VI
As quatro garotas caminharam unidas sem rumo ou direção qualquer, até que surgiu uma luz na cabeça de Heather..
— Se eu usar minha magia para avisar nosso paradeiro para Kikyo? — Questionou Heather.
— Não será preciso. — Disse uma figura emergindo da mata. Era Kikyo.
— Onde está o garoto? — Perguntou Victórya, notando que Kael já não estava mais com Kikyo.
— Ele havia me dito que iria voltar para o mundo real.
Então todas assentiram, e começaram novamente sua caminhada.
Enquanto o grupo continuava sua caminhada pela floresta densa, Kikyo observava Anya com atenção. A jovem princesa estava claramente incomodada com o que havia acontecido na caverna — o encontro com o Errante e a confusão sobre quem ela realmente era. Sua expressão revelava a luta interna. Heather, sempre ao seu lado, mantinha-se calada, talvez sentindo o peso da verdade que ainda não haviam discutido.
Kikyo, com sua postura serena, decidiu que não poderiam prosseguir sem enfrentar o desconhecido dentro de cada uma.
— Meninas, precisamos parar por aqui — anunciou Kikyo, interrompendo a marcha.
Victórya franziu a testa.
— Parar? Estamos perto da saída da floresta.
— Exatamente — respondeu Kikyo, olhando para o céu que já começava a se tingir de tons alaranjados. — Mas antes que avancemos, precisamos estar prontas para o que quer que nos espere além daqui. Não somos apenas viajantes; somos bruxas.
Crystal ajeitou o amuleto em volta do pescoço, intrigada.
— Você quer dizer... Treinamento?
Kikyo assentiu.
— Sim. Há poder em cada uma de vocês, mas não está sendo usado em sua plenitude. Anya, você especialmente, precisa descobrir o que carrega.
Anya engoliu em seco.
— Eu não sei o que sou... Nem como controlar o que sinto.
Kikyo se aproximou, colocando uma mão firme no ombro da jovem princesa.
— Então vamos descobrir juntas.
O grupo se acomodou em uma clareira. O lugar tinha um ar mágico, com árvores tão altas que pareciam tocar o céu e um riacho cristalino que sussurrava suavemente. Kikyo fez questão de preparar cada uma de acordo com suas habilidades.
Victórya, a trosporescente, foi a primeira. Kikyo a desafiou a usar seu poder de metamorfose para camuflar-se na floresta. A jovem sorriu confiante e, em poucos segundos, sua pele começou a adquirir tons que refletiam as árvores e o musgo ao redor. No entanto, manter a transformação exigia concentração, e ela se desfez rapidamente.
— Ainda preciso treinar minha resistência — admitiu Victórya, ofegante.
Kikyo sorriu.
— E você vai conseguir. É preciso paciência.
Crystal, a aquorescente, foi instruída a manipular a água do riacho. Ela estendeu as mãos, e gotas começaram a flutuar, formando pequenas esferas brilhantes. Apesar de elegante, Kikyo percebeu que Crystal hesitava em experimentar formas mais complexas.
— Não tenha medo de errar, Crystal. O controle vem com a prática.
Heather, a candescente, foi a mais explosiva. Com o movimento das mãos, ela conjurou faíscas que logo se transformaram em pequenas chamas dançantes. Mas sua energia parecia descontrolada, e um galho próximo começou a pegar fogo.
— Concentre-se, Heather! — alertou Kikyo, apagando o fogo com um gesto.
Heather bufou, frustrada.
— Estou tentando!
Kikyo balançou a cabeça, firme.
— Não basta tentar. Você precisa se alinhar ao seu próprio calor.
Por fim, chegou a vez de Anya.
— E eu? O que faço? — perguntou ela, incerta.
Kikyo olhou profundamente nos olhos dela.
— Primeiro, precisamos entender o que você é. Concentre-se. Sinta o que está dentro de você.
Anya fechou os olhos, tentando se conectar com suas emoções. Um vento gelado começou a soprar, mas logo foi interrompido por um leve tremor na terra. Ao abrir os olhos, ela viu uma mistura confusa de elementos ao seu redor: folhas que flutuavam, água que congelava parcialmente e pequenos brotos de flores surgindo no chão.
Crystal deu um passo para trás, surpresa.
— Isso não é normal...
Heather cruzou os braços, desconfiada.
— Então é verdade. Ela não é como nós.
Kikyo sorriu, orgulhosa, mas também preocupada.
— Você é híbrida, Anya. Carrega dois poderes que nunca deveriam coexistir: o frio da aquorescência e a vitalidade da fosforescência.
Anya balançou a cabeça, confusa.
— Isso é bom ou ruim?
— Isso é único. E perigoso se não for controlado — respondeu Kikyo. — Precisamos treinar sua conexão com cada elemento, mas levará tempo. Não espere resultados imediatos.
Anya tentou novamente, mas os elementos continuavam a colidir, criando pequenos distúrbios ao redor. Frustrada, ela caiu de joelhos.
— Eu não consigo...
Heather, que observava de longe, finalmente se aproximou.
— Então, não se apresse. Ninguém disse que seria fácil.
As palavras surpreenderam Anya, que olhou para Heather com uma expressão de gratidão contida.
Então, a noite engoliu o céu rapidamente. As garotas se encontram na mesma clareia, agora, com uma fogueira proporcionada por Heather.
— Vou contar uma história a vocês. — Kikyo deu início a sua fala. — Eu quando tinha a idade de vocês, costumava a tentar ensinar magia para meu esposo.
Com todos os olhos atentos nas palavras de Kikyo, Anya não se segurou e interviu. —
Você já foi casada?
— Ele era humano? — Completou Crystal.
— Acalmem-se meninas. — Riu Kikyo. — Sim, eu já fui casada, e sim, ele era um humano.
— Conte-nos mais. — Insistiu Victórya.
— Não, somente quando aprenderem a usar suas magias. — novamente, riu Kikyo.
— Isso é chantagem emocional. — Disse Anya enquanto ria.
— considere como um.. empurrãozinho. Agora, vamos dormir.
Então, todas as garotas se reuniram na clareira, e ali mesmo, adormeceram.
Na manhã seguinte, o grupo retomou a caminhada. O ar estava mais fresco, e o ambiente parecia menos hostil. Após algumas horas, Victórya avistou algo incomum: um arco de pedras coberto por musgo.
— O que é aquilo? — perguntou ela.
Crystal tocou o arco, sentindo uma energia pulsante.
— É mágico.
Ao atravessarem o arco, encontraram um lugar deslumbrante: uma vila escondida em meio à natureza, com casas feitas de madeira e pedra, cachoeiras brilhantes e jardins exuberantes. Havia uma paz tangível ali, como se o lugar tivesse sido protegido do mundo exterior.
Kikyo respirou fundo, maravilhada.
— Este lugar... É perfeito para recomeçarmos.
Heather tocou uma flor que parecia brilhar ao sol.
— É como se estivéssemos sendo esperadas.
Crystal sorriu, algo raro.
— Talvez seja isso. Um lar.
Anya, embora ainda insegura sobre seus poderes, sentiu algo diferente ali.
— Talvez este seja o lugar onde posso descobrir quem sou.
Kikyo concordou.
— E nós vamos ajudá-la, Anya. Juntas, faremos deste lugar nosso santuário.
E assim, o grupo encontrou não apenas um lar, mas também um novo propósito: crescer, aprender e enfrentar juntas o que quer que o futuro trouxesse.
Indíce
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