Skip to main content
As Golpistas-A corrida

As Golpistas

© Todos os direitos reservados.

As Golpistas A corrida

Rosé pisou com tudo no acelerador, ficando já em segunda. O Mustang verde liderava e tive um déjà vu com essa colocação. E tenho certeza que é o mesmo cara que dirigia da última vez. Será que ele não aprende?

Como dessa vez estávamos sem capacete, conseguíamos conversar. O movimento também era mais suave, porém a escuridão predominava o caminho, e logo a frente está um túnel.

A loira cola no lado do Mustang, indo na contramão. Eles estão parelhos e aceleram junto, forçando o motor ao seu máximo. Percebo que há algumas câmeras em tripés e algumas pessoas acompanhando nosso movimento. Me senti gravando um MV.

— Rosé, jogue óleo na pista quando entrar no túnel. — Jisoo pede.

Ela assente e segura firme no volante. Quando vamos entrar no túnel, vemos luzes em nossa frente, indicando que havia um carro vindo em nossa direção. Rosé pisa no freio, me jogando para frente e se não fosse os cintos, teria batido a cabeça.

Ela manobra para não bater e fica atrás do Mustang de novo. Seguimos colados e finalmente entramos no túnel. A escuridão predomina, mas vejo leds brilhando no carro e um botão laranja ser acionado.

Rosé se mete na contramão de novo, tentando superar o Mustang. Quando olho para o lado, vejo pequenas garras se projetando nas rodas e o carro se aproximando de nossa lateral. Isso não era coisa boa.

— Rosie, ele está com garras nas rodas. — Avisei.

Ela acionou o freio novamente, nos arremessando para frente. Ela socou o volante, frustrada com a ação.

— Filho da puta! Esse adereço deve ser novo. — Lisa fala. — Essa porra vai fuder conosco.

— Porra, porra. Martinez está colado com a gente! — Jisoo exclama.

Olho para trás e vejo o Porsche 911 colado no carro. Rosie tenta manobrar, mas a BMW entra na contramão e fecha o cerco conosco.

— MERDA!MERDA! MERDA! — Lisa grita.

Rosé se concentra na pista, buscando brechas, mas como saímos do túnel, a escuridão domina e prejudica nossa situação. Nosso carro está sendo pressionado nos dois lados e entramos novamente em um túnel, dessa vez mais iluminado.

— Rosé, talvez não dê certo, mas libera os pregões.

A loira olhou pelo retrovisor e acelerou, batendo no Mustang. O carro verde acelerou e deu uma distância, o qual ela cortou rapidamente e apertou um botão azul. Tilintares de ferro foram ouvidos e estouro de um pneu também.

Quando olhei para trás, vi o Porsche ficar para trás, mas a BMW ainda estava ao nosso lado. Vejo que saímos do túnel e fazemos uma curva perigosa. Havia um caminhão vindo na contramão, fazendo com que o carro ao lado vá para nossa traseira.

Luzes no céu piscam e vejo que estamos próximos à reta final.

— Rosé, deixa a BMW colar. Tem uma terceira faixa em 500 metros. Use 6 segundos de Nitro. — Lisa disse.

Rosie assentiu e diminuiu minimamente a velocidade. O Mustang acionou seu Nitro, dando uma distância maior entre nós e vejo a loira fazer uma careta. Porém, ela manteve estável e logo mais apareceu uma placa momentaneamente.

— AGORA!AGORA!

Rosé virou violentamente para a direita, nos jogando contra a porta. Ela pressionou o botão e Jisoo contou os segundos, enquanto o carro chegava cada vez mais perto do final da terceira pista.

Estávamos lado a lado ao Mustang e se não formos entrar agora, iremos bater nas árvores. Meus olhos se arregalaram ao ver quanto próximo do final da pista estávamos e a escuridão que a engolia.

O carro verde não dava passagem e se não entrássemos agora, nada daria certo. Pisando cada vez mais fundo, mostrando no painel 325/kmh, acelerava cada vez mais. Em um segundo iria ter sanduíche de gostosas.

No último instante, passando um pouco da faixa e chacoalhando o carro, Rosé nos colocou em primeiro, acelerando até bater 350. Segurava a alavanca de segurança com toda minha força, enquanto Rosé fazia um zigue-zague perigoso.

Quando faltavam alguns metros para a chegada, ela apertou novamente o nitro, fazendo o motor ranger. O Mustang voltou a colar ao nosso lado e agora estávamos perto da linha. Minha testa suava e torcia internamente para que não batêssemos. Olhei para as rodas e vi que não havia garras. Então tive uma ideia.

— Rosé, ele está sem as garras. Bate nele. — Gritei.

Com um solavanco bruto, ela bateu na lateral do carro verde, que não estava esperando a colisão. A loira estabilizou seu carro e cruzou a linha de chegada segundos depois. Com o freio de mão sendo puxado, ela fez um cavalinho de pau, arrancando fumaça na pista e marcando suas rodas no asfalto.

Quando saímos do carro, uma gritaria foi dada, e Rosie foi levantada. Eu só sabia gritar e comemorar. Estava eufórica. Mas do nada algo me perturbou.

Um arrepio na minha nuca indicava que havia algo errado. Olhei para os lados e a sensação de estar sendo observada veio novamente com força. Tentei reconhecer algum rosto, mas nada me era conhecido.

De repente qualquer nervosismo ou ansiedade sumiu. Uma mão macia segurou na minha e olhei para a dona: Lisa. O sorriso encantador que ela dava para mim dissipou qualquer outro pensamento.

— Agora vem a pior parte. — Ela sussurrou para mim.

Guiando até uma área um pouco mais reservada, havia alguns carros da Rolls Royce. Dois homens vestidos de preto nos esperavam. Usavam óculos escuros, eram carecas e enormes.

Eles me lembram o Cobra Bubbles, do filme Lilo & Stitch. Será que eles também são meios alienígenas? Porque estou sentindo uma vibe meio assim. E por que eles estão usando óculos escuros meia-noite? Aposto que é porque usam drogas.

— Senhoras, boa noite. Meu anfitrião, Richard, as aguarda.

Ele abriu a porta para que eu e Lisa pudéssemos entrar. O carro cheirava a couro novo e uma música clássica tocava no rádio. Éramos somente nós duas, naquele veículo imenso e com um motorista nos levando para o desconhecido.

Lisa estava tranquila, então imitei sua postura relaxada. Acompanhava o movimento suave, enquanto sua mão segurava a minha, me dando segurança do que estava acontecendo.

Logo mais o carro parou em um restaurante no centro. A placa Lés Président brilhava, com suas cores vermelhas e verdes. Um manobrista abriu a porta para nós, me ajudando a sair. Seu uniforme era um conjunto de roupa social branca.

A entrada era branca, com palmeiras em seus lados e um led verde, iluminando cada uma. Um púlpito branco e uma atendente elegante estavam logo na porta, para conferir reservas.

Por dentro, o restaurante tinha mesas redondas, com toalhas brancas e talheres dourados. Cada mesa possuia um arranjo de flores, que ornava com a luz amarela fraca, e a música ambiente suave.

Lisa passou direto pela recepcionista, somente acenando com a cabeça. Ela me guiou até uma parte reservada do salão, onde havia cortinas suaves, dando um ar de privacidade do local.

Richard estava ali, com um prato de iguarias italianas. Haviam mais dois pratos, com os mesmos quitutes e uma garrafa de vinho aberta, tendo sua taça cheia do líquido rubro. Com um movimento de cabeça, ele sugeriu que eu e Lisa sentássemos com o mesmo.

Por que eu sentia que isso era uma armadilha?

— Olá, Lisa. Olá, Jennie. Vocês foram impressionantes essa noite.

— Obrigada, senhor VanCouver. Não iremos jantar, obrigada novamente.

Lisa estava tensa, mas tentava não demonstrar. Isso me deixou alerta e decido observar melhor o Riquinho Rico.

— Assim você parte meu coração, querida. — Ele colocou a mão dramaticamente em seu coração.

— Desculpe, senhor. Nós já jantamos, somente fomos participar na corrida.

— Entendo. — Ele diz, enquanto gira sua taça e toma um gole. — Bem, vamos aos negócios.

— Sim, senhor. — Lisa o responde.

— Aqui está o valor da corrida de hoje. Obrigado por encherem meu bolso. — Ele sorri maliciosamente.

Sinto uma repugna por isso, mas disfarço bem. Porém, um novo arrepio surge, uma intuição que me diz que alguém está olhado. O que é impossível, tendo em vista que estamos em uma mesa privativa.

— Continue assim, Manoban. O grand finale está próximo e com isso o preço máximo.

— Faremos o melhor, senhor.

— Não quero o melhor, quero que ganhem. Vou apostar tudo em vocês e não quero perder. — Ele disse, arrogantemente.

— Sim, senhor.

Richard tirou um envelope pardo e deu nas mãos de Lisa. Ela pegou, assentiu e me retirou do local. Ela foi até a garagem, onde o seu Jeep estava estacionado e entramos no veículo.

— Lisa, isso foi uma ameaça? — Questionei. — E por que seu carro estava aqui?

— Sim, foi uma ameaça e pensei que talvez fossemos ganhar, então eu já havia trago para cá antes.

— Por que ele te ameaçou?

— Porque ele tem dinheiro e investe nessas corridas. — Ela suspirou alto. — Mas o problema do cara é com rejeição.

— Não entendi.

— Ele quer ficar comigo, mas, sabe, eu não sou chegada na fruta dele.

Isso acende um ódio em mim. Por que homens não entendem um não? Qual a dificuldade de superar e deixar para lá? Agora ele quer roubar minha Lisa?

— Idiota. Ele tem cara mesmo de ter um ego enorme e não saber ganhar um não. — Digo emburrada.

— Fica calma, Jen. Eu sei que você não divide e estou mais que satisfeita em me ter somente para você. — Ela disse sorrindo. — Agora durma, amanhã teremos um dia cheio, quero te levar para um lugar.

Contra gosto, deito na janela, até que ela me leve para casa. Qual? Tanto faz, só quero dormir. Mas sorrio com o fato de que Lisa está me incluindo em suas atividades sem que eu peça.

Aonde a senhora irá me levar?

 


  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!

Deixe um comentário

Você está comentando como visitante.
  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!