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As Golpistas-Xeque mate

As Golpistas

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As Golpistas Xeque-mate

Após checar que Jennie estava bem, Lisa voltou a se concentrar. Jogava barras de ouro com rapidez, enquanto Minnie catava tudo e carregava os carrinhos elétricos. Quando deu por satisfeita com o que havia jogado para baixo, Lisa resolveu procurar o cofre 4469.

— Me sinto como as Três Espiãs Demais, mas do lado do mal — Minnie havia dito.
— Quero ser a Clover — Yuqi respondeu no fone.
— Então sou a Sam, porque sou a mais esperta entre vocês — Lisa respondeu.

Ela não estava se divertindo, mas se permitiu entrar na brincadeira, afinal, havia muito em seus ombros. Seus olhos percorriam o ambiente à procura do maldito cofre. Seus dedos passavam de número por número até achar o dito cujo.

Sem perder tempo, tirou os pequenos grampos do bolso e encaixou na fechadura. Seus dedos trêmulos deixaram cair o molho de grampos, e ela se xingou mentalmente por não ter firmeza.

Limpando a testa e desalinhando sua franja, já então bagunçada, ela lambeu os lábios para tirar a secura da boca. Uma gota de suor caiu de sua têmpora, molhando o chão imundo. Com agilidade, ela abriu finalmente o trinco.

Prendendo a respiração, retirou por completo. Suas mãos trêmulas foram forçadas a pararem, para enfim pegar o que havia ali guardado. Suavemente, ela retirou o envelope branco, seu nome ali gravado.

Colocando-o no cós da calça, ela guardou o cofre e, para disfarçar, abriu mais alguns, retirando armas, joias e alguns documentos.

Descendo a escada, ela olhou e viu que ainda havia coisas a serem recolhidas. Quando o último carrinho chegou, suas mãos escorregavam das luvas de couro, mas, em nenhum momento, as tirou de dentro.

A sensação de ter as digitais cobertas por cera era desconfortante, mas sabia que, tal qual as toucas que usavam, o objetivo era não deixar rastros. Olhando novamente o túnel, jogou a gasolina e acendeu um fósforo.

Usando seus últimos resquícios de força, ela correu para a saída, entrando no carro, que agora arrancava em alta velocidade, com Jisoo ditando as ruas e congelando as imagens — porque, sim, ela conseguia. Logo, elas chegaram ao prédio abandonado.

As três desceram em velocidade, carregando a van preta que estava estacionada. Com velocidade surpreendente, mostravam resistência e resiliência. Agora mudas, faziam seus movimentos em sincronia.

Colocando a última remessa no automóvel, elas secaram as testas e sorriam cúmplices. Tiraram as toucas, retiraram as luvas, óculos Meta e jogaram tudo no veículo usado na transição. Minnie foi em direção à cabine do motorista da van, olhou para as duas e se despediu, dando a partida.

— É isso, Manobal — Yuqi disse, sorrindo.
— Obrigada por tudo, Yuqi — Lisa disse. — Sinto uma imensa gratidão por vocês terem nos ajudado.

Lisa sabia da antipatia de Yuqi por ela, então entendia como foi difícil para Yuqi fazer essa parceria. Deixando de lado todo o passado, Yuqi abriu os braços, um convite mudo para que Lisa a abraçasse.

Não se fazendo de rogada, Lisa a apertou contra si, permitindo que lágrimas caíssem de seus olhos de chocolate. Deixando um casto beijo na testa de Yuqi, Lisa enxugou os olhos e entregou a chave da moto que Yuqi deveria dirigir para ir embora.

— Mando notícias assim que puder, Yuqi.

Tomando as chaves das mãos de Manoban, Song Yuqi subiu na moto e disparou para o centro, indo para sua casa. Lisa observou tudo, então suspirou, entrando no carro branco por uma última vez.

— Atenção, Jery. Sam afirmando que deu tudo certo com a missão.
— Vai se foder, Lisa. Vai queimar essa merda logo — Jisoo resmungou.

Jisoo estava mais do que acabada. Ela havia se dividido em três, suprindo toda a demanda tecnológica, cuidando de sua mulher, das câmeras, de tudo. Quando se deu por cansada e satisfeita, juntou tudo que fora utilizado.

Como usava um VPN hackeado, a localização dos comandos estava em outro lugar. Ela não entendia por que Lisa havia dado aquelas coordenadas, tão perto dali, porém seguiu sem questionar.

Juntando todos os papéis, controles e levando apenas os chips, Jisoo ateou fogo no escritório. Desceu lentamente e, quando chegou à garagem, entrou em seu carro. Lisa já havia partido. Agora ela iria para casa descansar, afinal, sua Rosé a aguardava.



Jisoo durante a operação inteira:

Jisoo durante a operação inteira:

Jisoo dirigia sossegada. Sabia que as ruas estariam um caos, então apenas aceitou seu destino. Policiais estavam o tempo todo procurando por fugitivos, abordando todos os motoristas — e com ela não foi diferente.

Colocando uma fachada de mal-humorada, Jisoo estacionou o automóvel, pegando os documentos. Como também era estrangeira, sabia que tinha limites, então mediu as palavras diante do policial.

— Habilitação e documentos do veículo, por favor — o oficial solicitou.
— Aqui, policial — ela respondeu, com certa rispidez. — Qual é o problema dessa cidade?

O oficial olhou os documentos e dentro do automóvel, checando possíveis armas. Apenas viu ferramentas, roupas e dois pacotes de lanches (os quais Jisoo comprou antes de passar pela vistoria).

— Houve um atentado contra a delegacia e estamos em busca de fugitivos — ele devolveu as credenciais. — Por favor, dirija com cuidado.

Acenando positivamente, manteve a expressão fechada. Ao passar pela barricada, Jisoo soltou um suspiro longo e sôfrego. Esfregou a testa, marcada por suor, e foi em direção à sua oficina.

Entrando o mais rápido que pôde, Jisoo se jogou no colo da amada. Espalhando beijos em seu rosto, Jisoo parecia se fundir com Rosé.

— Meu amor, fiquei tão preocupada — Jisoo dizia, com pequenas lágrimas escapando de seus olhos. — Está tudo bem, minha rosa?

Rosé apenas assentiu e trouxe a amada para ainda mais perto. Descendo seus lábios para capturar os de Kim, Rosé segurou a cintura de Jisoo, firmando o contato. O beijo era molhado, necessitado, sedento.

— Todo esse perigo me deixou animada — Rosé afirmou. — Que tal fazermos um amor gostoso?

Beijando novamente a namorada, Jisoo começou a caminhar de costas, retirando toda a roupa de seu corpo. Rosé acompanhava o ritmo, se afogando no amor que transbordava em ambas. Rosé empurrou o corpo de Jisoo contra o colchão e sorriu. A tarde iria ser quente.

Lisa estava apoiada na carroceria da moto com a qual voltaria para a cidade

Lisa estava apoiada na carroceria da moto com a qual voltaria para a cidade. O automóvel usado para transportar o tesouro, do túnel até o prédio, agora ardia em chamas. Respirava fundo, reunindo coragem para abrir o envelope.

Lágrimas escorriam de seus olhos, pois sabia quem era o remetente da carta que agora estava em suas mãos. Um cheque nominal, com valor de 150 mil dólares, foi jogado no veículo em chamas. A ela só interessava o que estava escrito para ela.

"Querida, Pranpriya,

Minha pequena garotinha, lembro como se fosse ontem o seu nascimento. Seu choro ecoava por toda a maternidade, mas sua mãe sorria como se fosse o dia mais feliz de sua vida. Talvez fosse mesmo: o dia que minha filha nasceu.

Seus olhinhos pequenos, seus cabelos ralos, suas mãos pequenas e redondinhas. Ah, filha, naquele dia fui o homem mais feliz da Terra. Mas sou humano, e como tal, cometo erros. Em busca de te dar uma vida melhor, vim para esse país — e não poderia me arrepender mais.

Conheci Emma em uma dessas viagens. Logo me apaixonei por ela, pois era nova, empolgada e sem filhos.
Entenda, sua mãe nunca fez nada de errado; fui eu que me cansei da rotina de ser pai e marido.

Embarquei nessa jornada de amor, em busca de me sentir 'livre' de todas as responsabilidades que tinha. O problema é que isso durou pouco. Emma engravidou. E, com isso, tive duas famílias para sustentar.

Foram alguns anos assim, creio que cinco. Decidi trazer vocês para cá, para facilitar as coisas. Porém, Emma descobriu sobre vocês. Tivemos muitas desavenças, até que ela ameaçou contar tudo. Então decidi escolher ela e meu filho em vez de vocês.

Ah, Pranpriya, como me arrependo disso. Cada minuto longe de você era uma agulha cravada em meu coração, mas sabia que era tarde demais. Nossa relação já havia acabado.

Agora, em meu leito de morte, peço seu perdão, minha filha. Perdão por falhar como pai. Perdão por não lutar por vocês. Perdoe esse velho homem.

Sei que não é muito, mas deixo a você a quantia que economizei ao longo dos anos, para poder estudar e ser uma pessoa melhor do que eu.

Sinto sua falta, filha.

Phŏm rák khun.
Com amor,
Marco Manoban."

Lisa deixou-se cair no chão, suas lágrimas denunciando o quanto seu coração estava partido. Seu corpo balançava, os cabelos eram chacoalhados pelo vento. Sentia como se uma adaga tivesse sido cravada em seu peito.

Ficou assim por um tempo, então pegou a carta e a jogou no automóvel em chamas. Secou as lágrimas e seguiu para a delegacia onde Jennie estava. Antes de chegar, parou em um beco e retirou as fitas dos pneus, que serviam para disfarçar as marcas deixadas no asfalto.

A delegacia estava caótica, tal qual Jennie havia visto anteriormente. Seus olhos percorreram o local, em busca de Richard. Como não o encontrou, solicitou que chamassem o homem.

— Sou Richard. Como posso te ajudar? — disse o homem, reconhecendo Lalisa Manoban, a mulher que ele estivera investigando há um ano.

— Sou Lalisa Manoban e vim fazer uma denúncia.

— E o que seria?

— Quero denunciar meu irmão, Josh Manoban, por sequestro de menor, chantagem emocional e roubo a banco!

 


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