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As Golpistas-Saudades

As Golpistas

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As Golpistas Saudades

— Acho que está na hora de irmos embora.—Lisa sussurrou para mim.

Olhei em meu celular e quase caí quando vi que eram 04:30. Eu havia me divertido tanto que perdi a noção das horas. Isso era bom, isso era bom até demais.

As meninas dirigem com cuidado, ainda escutando música e cantando. Rosé só falou uma única vez comigo e depois voltou a ser essa coisinha silenciosa e adorável. Jisoo ficava falando que eu deveria me chamar Citibank e Lisa ria como se tivesse um peru enfiado na goela.

Após instruir Rosé, ela parou em meu muquifo. Imediatamente o peso da realidade caiu em meus ombros. Senti o ar sendo puxado de meus pulmões, mas saí do carro, com Lisa seguindo meus passos.

— Então é isso, boneca.—Ela disse.

— Iremos nos ver novamente? —- Pergunto.

Não posso deixar de sentir essa vontade de vê-la novamente. É avassalador e voraz, essa chama magnética. Lisa fez meu pobre coração bater descompassadamente e isso em apenas poucas horas de interações.

Sua mão encontra o caminho para meu rosto, acariciando-o. Um sorriso atraente aparece em sua face, mostrando a maldita covinha. Seus olhos diminuíram milimetricamente, tornando o chocolate mais presente.

— Você ainda quer me encontrar? — Ela pergunta genuinamente.

Enlaço meus braços em volta de seu pescoço, aproximando nossos corpos. Suas mãos voaram para minha cintura, pegando-as e me puxando para si. Nossos lábios se uniram em um beijo lascivo e necessário.

Sua boca mergulhava na minha, fazendo uma guerra entre nossas línguas. O beijo era forte, marcado com sua presença, inebriando meu ser. O toque aveludado de seu músculo, fez meu ventre se contorcer.

Suas mãos percorreram minha coluna e apertaram minha bunda, encostando ainda mais nossos corpos. Sua boca fazia um estrago em meus lábios, sejam os de cima ou os de baixo.

Minhas mãos entraram em suas madeixas, arranhando sua nuca. Sentia seu desejo por mim, através de pequenos gemidos escapados por seus lábios. Mas antes que eu abrisse a porta e arrancasse suas roupas, uma buzina nos assustou.

Seus olhos arregalaram em choque, e ela me empurrou instintivamente. Quando ela percebeu quem havia buzinado, ergueu o dedo do meio e mostrou para Rosé. As risadas chegaram até nós, que gargalhamos juntamente com elas.

— Ainda tem dúvidas que quero te ver?-Sussurrei, ainda abraçada em seu pescoço, afinal ela não empurrou muito longe.

Ela sorriu docemente e me beijou mais uma vez. A faísca desse encontro, queimava em minha pele, fazendo meus pelos se arrepiarem e meus peitos ficarem túmidos.

— Então nos veremos, Jennie Kim.

Ela afastou-se devagar e voltou para dentro do carro, partindo para sua casa. Meu coração batia violentamente, machucando minha caixa torácica. Minhas pernas tremiam e eu sentia meus pulmões queimarem em busca de ar.

Antes que eu desmaie, vou tomar banho. A água quente leva qualquer resquício da noite, aquecendo minha pele. Sinto o cansaço tomar meus ombros, resultado da diminuição da adrenalina. Apenas me jogo na cama, fechando os olhos e caindo nos encantos de Morfeu.

Pisco lentamente, a alma sendo baixada para o corpo. Há um pequeno incômodo em minha cabeça, resultado de beber. Merda, eu estou ficando cada dia mais velha e o corpo agindo como tal.

Levantar é uma tortura, mas preciso comer. Então decido que irei fazer um macarrão com frango xadrez e de sobremesa vou comer M & M 's, afinal eu mereço. Coloco uma camiseta branca, que deixa meu abdômen sexy aparecendo e um short Jeans.

Paro em frente ao espelho e só consigo pensar em como sou gostosa. Puta que pariu, olha esse tronco, meus pequenos seios, mas igualmente belos. Meu traseiro macio. Ai, eu sou uma delícia.

A ida até o mercado é rápida, o autoatendimento me poupando de falar com essa gente feia. Não que seja desumilde, eu trabalhava com um fóssil, mas se puder evitar, eu evito. Assim não cansa minha beleza e meus olhos.

Pegando um avental, começo o processo de cocção. Sou chata para caralho nos detalhes, então corto o frango em cubos quase perfeitos. Quando estou terminando os procedimentos, escuto a campainha tocar.

Sinto a irritação tomar conta, quando ela toca mais uma vez. Abro a porta com violência e logo sigo o sangue ser drenado de meu corpo.

— Olá, docinho.

Josh estava em minha frente. Seu corpo cheirava a cecê, seu hálito a cachaça. Senti repúdio e ódio ao encarar o homem. A situação deplorável deixava a mostra que ele não estava em boas condições higiênicas.

— O que você quer? — Pergunto, fechando a porta e deixando apenas uma fresta aberta.

— Dinheiro. Quero dinheiro e sei que você tem.

Seu sorriso era nojento, com sinais de malícia. Seus olhos exalavam maldade e senti um arrepio na espinha. Esse homem não iria entrar em minha casa.

— Nós não temos mais nada, Josh. Saia antes que eu chame a polícia. — Sussurrei.

— Não seja assim, Jen..... fomos casados por tempos...

— Você me traía e ainda disse que nunca me amava. — Um choro crescia dentro de minha garganta.

— Foram apenas maus entendidos, Jen.....

— Por favor, saia daqui...

— Me dê um dinheiro que irei.

Sua expressão estava me dando repúdio. Seu olhar parecia de um porco, com péssimas intenções e suas expressões corporais me deixaram em alerta.

— Só vá embora..... — Supliquei.

Seu semblante mudou de uma hora para a outra. Vi seu nariz se inflar e sua respiração tornar-se audível. O medo congelou meu coração e quando ele empurrou a porta, meu pé impedia-a de ser aberta.

— Você é uma puta, Jennie Kim. — Ele cuspiu em meus pés e saiu. — Você irá se arrepender, sua vadia de esquina.

Vejo ele sair e atravessar a rua e entrar em um carro preto. Meu coração está batendo tão violentamente que chega a doer. Minhas pernas tremem e desabo no chão quando fecho a porta.

Achei que tinha deixado claro ontem, mas vejo que não. Ele nunca se importou comigo, estava atrás apenas de ser sustentado. E esse nó em minha garganta fecha minha respiração, torço apenas para conseguir me acalmar.

Depois de uma eternidade, levanto e volto a terminar os preparos. A comida desce pela minha garganta arranhando, a fome evaporando. Mas preciso comer, preciso seguir em frente. Se não por mim, por ela.

Aime, meu anjo. Sinto a saudade rasgar meu peito e tomo a decisão de ir visitá-la. Procuro uma passagem e o próximo horário disponível e compro o bilhete. Está na hora de rever meu pequeno ser iluminado. O farol das minhas tormentas. Mal espero poder abraçá-la e sentir seu cheiro de bebê.

Faço uma mochila de alguns dias e aviso Lisa por mensagem. Bem, sei que não temos nada, mas não quero ser cuzona e não avisar. Sou uma pessoa decente, afinal de contas. E também vai que ela ache outra rapariga e mime em vez de me mimar. Fora de cogitação.

Tomo um banho e visto um conjunto de moletom preto, da marca adidas, e um tênis preto também. Me sinto uma ladra pronta para roubar e isso tira um riso de mim.

"Nem uma semana com a mulher e já me sinto John Dillinger"

Suspirando, fecho a porta e pego um táxi até a rodoviária. O trânsito caótico de Nova Iorque me enjoa, sinto falta de uma Rosé no volante, aposto que ela cortaria o caminho todo.

Chego com um curto espaço de tempo e logo vou para a fila embarcar. Há inúmeras pessoas transitando, norte-americanos e estrangeiros. Umas pessoas feias, credo, para que fui sair de casa?

Após uma longa espera, finalmente o ônibus parte e fico mais perto de ver meu amor. Acabo esquecendo de comprar um presente para ela, mas quando chegar na cidade de meus pais, eu darei jeito de comprar algum.

O sacolejo do veículo impede que eu durma, então acabo pensando na vida. Sinto falta de minhas amigas, falta de uma estabilidade. Namorei seriamente duas vezes. Com Taeyong, onde tivemos a Aime, e com o Josh, onde tivemos as galhas.

Nenhum dos dois jamais me proporcionou um sentimento bom e leve. Sempre tumultos, brigas, ciúmes, só coisas ruins. O único 'relacionamento' mais calmo foi com Irene, mas acabou que não saímos de ficantes.

Agora vem a Lisa. Nos beijamos apenas uma vez, mas senti uma química incrível. Sei que nosso rolo pode não dar certo, mas sinto uma atração avassaladora. Talvez porque ela seja uma badgirl, mas é tão doce.

Avisto a cidade da minha família e meu coração dispara em ansiedade. Faz um ano ou mais que não vejo minha princesa, a saudades, implantada em meu peito. Minhas mãos suam em expectativa de tocar meu ursinho.

Mal chegamos no terminal, desço correndo e vou em uma loja de brinquedos. Há centenas de opções, mas acabo pegando um ursinho da Hello Kitty. Ela sempre amou a boneca e quero dar para ela algo que remeta a mim.

Minhas pernas atravessam a pequena cidade e logo estou diante a casa de meus pais. Estilo americana clássica, com dois andares, branca e uma pequena varanda. Um jardim é visto na parte de trás, e um balanço na parte da frente. O número 969 brilhando em dourado, evidencia a casa que vivi apenas um ano.

Fico tremendo, batendo na porta e aguardando ser atendida. Escuto uma pequena comoção e passos sendo dados. Logo a porta se abre e vejo um pequeno ser olhando para mim. Minhas lágrimas caem e consigo ouvir um grito de alegria:

— MAMÃE!

 


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