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As Golpistas- O pedido

As Golpistas

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As Golpistas O pedido

P.O.V LISA 

 

Eu estava bebendo uma cerveja no bar. O jogo do meu time, Chicago Bulls e nossos inimigos Miami Heat, passava na TV. Assistia enquanto aguardava meu primo Jackson chegar. O clima quente fez com que a bebida descesse gelado na garganta.

— Desculpe, prima. — Jackson disse, ao sentar ao meu lado. — Estava com uma gostosa.

— Me poupe de suas saliências. — Respondi, rindo com a situação.

Apesar de não sermos tão amigos, Jackson me ajudou a entender um pouco da criminalidade. Desde que saí da boate, ele tem me ajudado a roubar. Apesar de que agora não o faço mais, me sinto em dívida com ele.

— Você quem deveria encontrar alguém e tirar essas teias aí. — Ele disse, brincando comigo.

Não sou tão experiente quanto ele, tive apenas uma namorada e algumas ficantes. A questão é que depois do que aconteceu com minha mãe, fiquei focada em sobreviver, então relacionamentos ficaram fora de questão.

— Idiota. — Empurro seu ombro, mas o sorriso não saí de mim.

— Então, quando dará o grande golpe? — Seu sorriso era pura zombaria.

Antes de entrar no mundo dos rachas e sair dos furtos, tinha um plano gigante. O grande golpe, como chamamos, consistia em roubar o banco American, e dar o fora do país. Acontece que deixei de escanteio, após firmar minha vida com corridas. Já não faz sentido.

— Você sabe que não vai mais rolar, Jack. — Olhei em seus olhos. — Estamos vivendo bem com as corridas.

 Eu não acredito, Lisa. — Ele me olha furioso. — Você sabe que é a nossa chance de finalmente mudar de vida e sair dessa merda de país.

Confesso que senti um pouco de medo. Jackson não era um cara agressivo, mas quando queria, ele era violento. Sei que ele não me bateria, então não acredito que vá fazer o ato. Isso não impede que eu goste de vê-lo assim, de qualquer maneira.

— Jack, não precisamos mais disso. — Digo com sinceridade. — Consigo manter minha mãe, minhas amigas vivem bem, tenho uma casa própria, tenho meus veículos. Não preciso mais disso.
 Mas seria a minha oportunidade.

— Eu quero mudar de vida, Jackson. Ser normal. Até voltei a estudar para me formar, primo. Tire essa ideia da cabeça.

Vi seu semblante fechar. Ele iria dizer algo, mas vi sua expressão mudar. Acompanhei seu olhar e vi um homem entrar. Jackson se levantou e foi falar com ele. Continuei vendo o jogo, torcendo para os Bulls ganhar.

Jackson retorna com uma nova garrafa. Seu olhar estava mais leve, quase travesso. Sorri e aceitei a cerveja, o que menos queria era brigar com ele.

— Tenho uma proposta para te fazer. — Me disse, naquele tom que soava desafio no ar.

— Sou toda ouvidos. — Respondi, me inclinando para mais perto.

 — Respondi, me inclinando para mais perto

  Confesso que estava nervosa. Para um caralho, aliás. Amanhã buscaríamos Aime para morar com Jennie, quero muito conhecer essa menina. Minha Jen fala com tanto carinho e elas se parecem tanto. Meu peito incha de amor quando escuto sobre ela.

Porém, o nervosismo não é sobre amanhã. E sim sobre hoje. Mais especificamente sobre agora. Sobre finalmente eu ter culhões e pedir Jennie em namoro.

Jisoo e Rosie já estão me enchendo o saco de estarmos saindo há dois meses e ainda não ter feito o pedido. Veja bem, não quero enganá-la, apenas queria o momento ideal, onde nós duas estivéssemos bem com o próximo passo.

Então agora estava a caminho de sua casa, onde a buscaria para jantar e faria o pedido. Meus dedos batucavam no volante, com a finalidade de dispersar um pouco da minha energia. Toda vez que estou nervosa, tenho esse hábito para acalmar meu interior.

Finalmente chego na sua rua, onde ela está morando há quase dois meses. Sua estadia em minha casa foi de apenas uma semana, logo achamos uma casa bonita e eu fiz questão de mobilar.

No começo ela foi relutante, então entramos em um acordo. Ela mobiliaria metade da casa e eu a outra metade.

Confesso que ainda não acho seguro, aquele aviso ficou cravado em minha mente por dias. Aquelas fotos comprovaram que ela havia sido seguida, apenas não entendemos o objetivo por trás. Contudo, não deixei de me preocupar em nenhum momento.

Dou duas buzinadas, avisando que estava lá. Logo Jennie saiu com um vestido solto e um sobretudo. Botas de couro, que iam até seu joelho, completaram o seu look. Seu cabelo solto balançava conforme o vento. Aí, meu coração chegou a bater com essa visão.

— Boa noite, boneca. Você está linda. — Digo, após selar seus lábios.

Seu olhar ficou intenso, e mirou meu corpo. Sua pupila dilatou ao ver que eu também usava um vestido, de um ombro só, e um salto em meus pés. Seu nariz roçou em meu pescoço e meus pelos se arrepiaram com o contato.

— Boa noite, Lisa. Você está deliciosa. — Sua voz rouca afetou totalmente meu núcleo, deixando ele pronto para uso.

Mas primeiramente tenho outros planos. Jantar. Pedido. Beijos. Lugar reservado.

— Digo o mesmo, Kim. — Sorrio para ela. — Mas vamos jantar primeiro.

Ela me dá um último selinho e coloca o cinto. Dirijo com cuidado, sempre ouvindo música e batucando no volante. Olho para a paisagem, onde os prédios fazem parte. Esse mar de edifícios me é entediante, sinto falta do verde.

Assim que meus papéis forem aprovados, tenho uma ideia que incluí Jennie e sua filha, junto comigo e Léo. Me sinto animada com a possibilidade de começar finalmente a minha família.

Cara, relaxa aí. Sei que eu e Jennie ainda não somos uma família. Quis dizer entre mim e Léo. Então não me chame de emocionada. Claro, penso em ter um futuro com ela, quem sabe um filho nosso, dois cachorros, cinco gatos. Porém, é muito cedo.

Finalmente cheguei no restaurante. Não quis ostentar, é apenas um restaurante japonês. Desço e abro a porta para minha princesa, e pego minha bolsa, onde as alianças estão escondidas.

Não tardo em enlaçar sua cintura, e a guio para dentro. Escolho uma mesa reservada. O restaurante era preto e vermelho, com alguns quadros de paisagens japonesas. Homens com uniforme preto manuseiam facas e alimentos no balcão, colocando sempre a mostra os ingredientes.

As mesas eram de madeira polida, com pratos pretos, shoyos, tarês, hashis e pequenos quadrados de plástico, onde colocamos nossos molhos. As cadeiras eram pretas com estufamento vermelho, combinando com o ambiente.

Luzes baixas deixavam um clima único, uma música suave tocava. Arrastei a cadeira para Jennie sentar, e logo me ajeitei em sua frente. Olhamos o cardápio e peço apenas água para mim, afinal estou dirigindo.

Pedimos uma barca e logo conversamos enquanto comemos. A minha admiração por Jennie só aumenta, e sua felicidade em voltar a estudar me deixa contente. Único empecilho seria nossas crianças, mas penso em contratar apenas uma babá, assim Léo e Aime podem criar laços.

Conforme o tempo passa, minha nuca começa a suar. Sei que deveria estar calma, mas não estou. O medo da rejeição é alto, o pensamento de que ela apenas me veja como algo temporário. Por mais que ela me cobre exclusividade, não sei se estamos na mesma página. Chega de enrolar, Lisa e faça a droga do pedido.

— Jennie? — A chamo.

Ela apenas me olha enquanto bebe o saquê. Entendo ser uma afirmação para poder continuar.

— Sabe, eu gostado você saindo. — Digo, me perdendo toda.

A mulher em minha frente gargalha com gosto. Sinto meu rosto esquentar, mas resolvo ignorar.

— Tenho gostado de sair com você. — Me recomponho. — Mas acho que preciso de algo a mais.

Jennie fica séria e olha para mim com expectativa.

— Não tenho discurso, não sei exatamente o que falar, mas aí vai. — Respiro fundo e continuo. — Jennie, você é uma mulher encantadora. Tem uma personalidade divertida, vejo que é uma mãe amorosa, é dedicada, inteligente, gostosa, linda, se veste bem. Enfim, quero pedir para fazer parte de sua história.

Pego minha bolsa e retiro a aliança. Ela é simples, fina e prateada. Por dentro, nossos nomes e a data de hoje estão gravados.

— Você quer namorar comigo? — Pergunto.

Jennie olha para a caixa e para mim. Seu sorriso é radiante, porém ela não diz nada. Jennie se levanta e senta ao meu lado, me olhando intensamente. Seus castanhos transbordam felicidade e me sinto aliviada.

— É claro que quero, Lisa. — Ela me dá um beijo apaixonado. O gosto salgado está presente em sua língua, misturando com meu próprio paladar. Finalizo o beijo, pois estamos em público e não gosto de dar show. Quer ver? Pois pague.

Retiro o anel e coloco em seu dedo. Ela pega o outro da caixa e encaixa em meu anelar. Levanto a mão admirando a cor em minha pele. É a primeira vez que uso aliança e não consigo me conter em felicidade.

Quando estava prestes a falar algo, sinto meu telefone tocar. Como é o telefone pessoal, decido atender, pois apenas algumas pessoas possuem esse número. Vejo o nome de Chu brilhar na tela e logo a atendo.

— Oi, Chu. Algum problema?

Jennie olha para mim, e acabo dando de ombros.

— Oi, vadia das vadias. Quer ir para o Pride Pub? — Sua voz soou animada.

Afasto o vocal para falar com Jennie e pedir se ela quer ir comigo, afinal sou uma mulher comprometida e obedeço aos comandos de minha mulher.

— Só aprovo se tiver comemoração depois. — Disse, mordiscando minha orelha.

— Já chegaremos lá.

Pago a conta e vou em direção ao Pub. Jennie alisa minhas pernas e quase me deixa sem ar ao apertar minhas coxas. Essa ida ao bar fará a noite render. E não há mais nada que eu queira fazer.

 


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