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As Golpistas- Próximo passo

As Golpistas

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As Golpistas Próximo passo

Eram 10 horas no relógio, Rosé, Jennie e Roger se encaminharam para o banco American. Rosé guiava o Sedan, com a rota de fuga desenhada por ela na estrada. Observando atentamente, analisava cada detalhe que julgava importante.

Atrás, a van que continha as dublês seguia o Sedan. As garotas sabiam do plano, sabiam os riscos, mas assumiram mesmo assim, pois era tudo por um bem maior. Não havia espaço para fraquezas, nem tempo para retrocederem.

Roger viu uma pequena mochila aos pés de Jennie. Aquilo instigou sua curiosidade, mas ele não disse nada. Junto de si, carregava uma bolsa com metralhadoras, máscaras, balas, entre outras coisas.

Jennie e Rosé usavam luvas de couro, assim como Roger. Porém, havia uma pequena diferença: enquanto as digitais de Roger eram esmagadas por dentro, Rosé e Jennie as escondiam com pequenas gotas de cera derretida.

Não que qualquer marca deixada fosse fazer diferença, mas era necessário manter as aparências. Na van atrás, as meninas haviam raspado todos os pelos, e seus cabelos estavam escondidos dentro de máscaras assustadoras: Pennywise havia sido escolhido.

No Sedan, havia máscaras para Rosé e Roger também — apenas Jennie teria seu rosto exposto. Ela sabia seu papel e sua importância, então não ligou para isso. Sua missão foi dada, e seria cumprida.

Estacionando a uma certa distância, Jennie saltou do carro, deixando a mochila para trás. Seu encontro com o senhor Leon estava marcado para às 10h30, então ela saiu com elegância, mas caminhando com certa pressa.

Seus saltos faziam barulho por onde passava; um rastro de seu perfume seguia-a também. Seus óculos Meta estavam conectados — ela ouvia as instruções das meninas e a voz da namorada também.

— Sinto muito por envolver você nisso, Jen — Lisa soava no outro lado. — Prometo que irei cuidar de tudo.

— Lisa, está tudo bem — Jennie afirmou. — Logo estaremos com nossos filhos.

— Jennie, se nada der certo, quero dizer uma coisa... — Lisa respirou fundo. — Eu te amo. Amo mais do que a mim, amo mais do que minha liberdade. Jennie, caso a gente sobreviva e tudo dê certo... casa comigo?

Jennie estancou na calçada, seu coração disparado. Lisa já havia dito que a amava várias vezes, mas daquela vez havia algo diferente em seu tom. Sem falar no pedido de casamento, o que a deixou do jeito que estava.

— Lisa... você disse o que quis dizer? — Ela perguntou, umedecendo os lábios.

Mesmo distantes uma da outra, Jennie sentia a presença de Lisa perto de si, como se ela estivesse sussurrando o pedido em seu ouvido, causando um arrepio a percorrer sua espinha.

Todo o ar que havia em seus pulmões se extinguiu. As palavras flutuavam em sua mente, aninhando-se em cada linha de raciocínio. Aquela não era a melhor hora para isso, porém também era a certa.

Era uma promessa para ambas: a de que teriam um futuro e viveriam juntas, como duas amantes entregues de corpo e alma. Era a esperança de que tudo daria certo naquele dia.

— Jennie, pensei muito nisso — um suspiro escapou de seus lábios. — Queria algo bonito, algo que representasse todo o meu amor.

— Lisa... — Jennie tentou falar.

— Não, escute. Não tenho certeza do amanhã, Jennie. Não sei se estarei aqui, ali ou acolá... mas sei de uma coisa: onde eu estiver, quero você como minha, assim como sou sua. Então, Jennie Ruby Jane Kim, me daria a honra de ser minha promessa de um amanhã?

— Sim, Lisa. Quero formar minha família com você.

Lágrimas brotavam no rosto de ambas. Um rosto escurecido pelo túnel, onde não havia um raio de sol. Outro iluminado pelos céus da cidade. Duas tonalidades diferentes da luz, mas o mesmo sentimento pulsante: o amor.

Ainda mais firmada no plano, Jennie enxugou o rosto, respirou fundo e voltou a andar. De queixo erguido e com determinação no coração, apareceu na fachada do banco American. Com a coragem renovada, entrou para brilhar.

— Agora que as duas boiolas pararam com as boiolices — Jisoo soou no ouvido de seis garotas —, vamos ao que interessa. Jennie, estou com você na vista.

Jennie nada fez, mas escutou resmungos da parte de Lisa — algo sobre inconveniência e que esperava que Rosé nunca a pedisse em casamento. Jennie segurou o riso, mantendo a expressão séria, e foi em direção ao gabinete de Marcus Leon.

A placa dourada reluzia como antes, chamando a atenção de quem passasse. Com sutileza, ela deu duas batidas na porta e aguardou ser recebida pelo homem em questão. Seu coração disparou, e um frio percorreu sua espinha. Com um sorriso forçado, ela olhou para Marcus.

O homem deu espaço para ela entrar, um sorriso presunçoso no rosto. Naquele dia, ele usava um conjunto social cinza, os cabelos loiros lambidos para trás, e um perfume enjoativo exalava de seus poros.

— Olá, Jennie. Estava ansioso para reencontrá-la — disse o homem.

Jennie sentiu asco em seu interior, mas disfarçou com um sorriso. Marcus estendeu a mão, esperando que ela retribuísse o cumprimento, mas Jennie fingiu tossir, virando o rosto no momento exato. O homem recolheu o braço imediatamente.

— Perdão, senhor Leon. Estou ansiosa para continuar nossa entrevista — ela sorriu falsamente.

Quem observasse de fora perceberia a repulsa nos atos de Jennie — mas aquele homem, não. Marcus estava encantado com a mulher à sua frente, claramente tentando cortejá-la, ignorando todos os sinais corporais de rejeição.

— Por favor, sente-se — indicou com a cabeça.

Antes que conversassem, o relógio apitou 10h30: sinal de que o caos estava prestes a começar. Alguns segundos se passaram e um tremor foi sentido. Jennie sabia que aquilo indicava a entrada de Peter em cena, então apenas fez uma expressão assustada.

— Porra, o que foi isso? — Marcus perguntou, alarmado.

Jennie fez uma expressão horrorizada, e ele percebeu sua falta de compostura. Olhou para a mulher à sua frente, pedindo desculpas. Jennie apenas balançou a cabeça e puxou assunto sobre a vaga.

— E qual seria a função principal? — perguntou ela.

Jennie cruzou as pernas lentamente, mantendo o olhar firme. O relógio no canto da tela marcava 10h31. Um minuto. Ela engoliu seco. As luvas abafavam o suor das mãos. "Fique calma. Olhe nos olhos. Não revele nada." Marcus tentava flertar, mas ela só ouvia o eco abafado do próprio coração nos ouvidos. Ela sorriu. O tipo de sorriso que não subia até os olhos.

Antes que ele pudesse responder à pergunta original, sirenes altas foram ouvidas por ambos. Jennie, com o fone, sabia que era a polícia se deslocando para a área afetada. Mas Marcus, sem saber disso, ficou intrigado.

A acústica da sala deveria isolar sons externos, o que deixou o gerente desconfiado. Pedindo licença, saiu da sala em direção ao salão, para averiguar a situação. Jennie, de costas para as câmeras, avisou no fone o que estava acontecendo, sem levantar suspeitas.

Ela permaneceu sentada, aguardando o retorno do gerente — que nunca viria. Sua atuação demonstrava ansiedade na medida certa, apenas o suficiente para parecer uma mulher esperando por uma oportunidade.

No salão, Marcus observava a movimentação intensa nas ruas: viaturas, ambulâncias, carros de imprensa. Ao sair para averiguar, virou-se para subir de volta à sala, mas foi impedido por um som de tiros que ecoou por todo o banco: Roger havia entrado.

Enquanto Jennie conversava com Marcus, Rosé havia encostado o carro no meio-fio, aguardando sua deixa. A van com as meninas estacionou atrás — todas prontas para agir.

Roger saiu do Sedan e foi até a van. Todos já estavam vestidos com macacões de mecânico e máscaras do palhaço assassino. Ele distribuiu o armamento, estranhando o silêncio das meninas, que apenas assentiam. Rosé permaneceu no veículo — seu momento seria no final do ato.

Quando viu Marcus entrar no hall, Roger aproveitou a deixa e seguiu para o saguão principal. Atirou para o alto, chamando atenção de todos e gerando pânico geral. Pessoas corriam e gritavam; o caos se instaurava.

Jisoo acompanhava tudo via notebook. Seus olhos de águia não perdiam um movimento. Como já havia dado um jeito na delegacia, podia agora focar totalmente nas imagens do banco.

— Lisa, Roger entrou no banco. Fique atenta para detonar o túnel.

— Positivo, águia careca. Falcão está na escuta.

Nesse momento, Jisoo levou os dedos à ponte do nariz. Por mais que amasse Lisa, não era paga o suficiente para ouvir as besteiras da melhor amiga. Suspirando alto, voltou a falar com Jennie.

— Jennie, quando eu der o sinal, você vai para o saguão. Fique perto do Marcus e se torne a vítima.

Jennie não respondeu. Não precisava. Respirou fundo, concentrando-se em seus filhos, no futuro casamento com Lisa, repetindo para si: nada dará errado.

No saguão, Roger gargalhava sob a máscara. As dublês se espalharam pelo banco, cada uma assumindo uma posição — como planejado. Com paciência, cautela e frieza, alcançaram os cantos do salão, bloqueando qualquer possível fuga.

As atendentes apertavam os botões de emergência sob suas mesas, mas nada acontecia — outra ocorrência havia sobrecarregado o sistema. Restava-lhes confiar nos seguranças, que já haviam sido rendidos.

— MÃOS PARA O ALTO, ISSO É UM ASSALTO! — Roger gritou, divertindo-se com o pânico.

Ele estava eufórico. Era seu sonho se realizando. Um sentimento de poder o dominava, fazendo-o sentir-se como um deus. Avançou e chutou um dos seguranças, gargalhando.

— Agora vamos ao que interessa — rosnou.O assalto, agora, começava para valer.

 


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