
As Golpistas Treinando a queda
P.O.V Jennie Kim
Confesso que estava nervosa. Extremamente nervosa. O motivo? Iria me jogar de um automóvel em movimento. Sim, você não entendeu errado, Lisa iria treinar eu e Rosé a se jogarmos durante uma perseguição policial. Moleza(só que não).
Faltavam dois dias para o assalto, o túnel estava limpo e equipado, o carro modificado estava pronto, e duas dublês foram magicamente achadas. Lisa não dormia há dias, sempre séria e pensativa. Porém, desde que ela recebeu uma ligação e foi se encontrar com quem sei lá, ela estava mais relaxada.
Agora estávamos indo para uma área mais afastada, para a gente poder treinar sem ninguém observar. Honestamente? Isso é loucura, vou me lascar todinha. Por que aceitei fazer essa merda mesmo?
Jisoo também já iria testar o carro movido a controle remoto, então hoje seria a prática de tudo. A estrada que escolhemos é perto do final da cidade, em uma área quase desabitada. Isso me fez pensar que agora é a hora que ela rouba meus órgãos.
Estacionamos os veículos e logo descemos. Lisa e Rosé tiravam dois colchões de dentro dos carros, posicionando um de cada lado da estrada. Uma pequena gota de suor gelado escorreu pela minha espinha, causando um leve tremor pelo que virá acontecer.
— Vamos começar com o carro a 20 km/h. Rosé, vai primeiro. — Lisa disse.
Rosé ia entrar no Sedan, mas Jisoo a impediu segurando em seu braço. Rosé a observa, um pedido mudo de explicação.
— Espere, amor. Deixe eu testar os controles.
Jisoo logo pegou o joystick e começou a ligar os botões. Achei incrível, era quase um controle remoto de videogame, mas que tinha uma pequena tela instalada, que dava a visão das câmeras que haviam sido instalados no veículo, sendo uma na traseira e outra na viseira.
O veículo começou a se mexer devagar, sendo meticulosa. O Sedan correspondia aos seus comandos, fazer as curvas no momento que ela mandava. Logo, Jisoo ganhou mais confiança e aumentou a velocidade. Bati palminhas feliz, uma coisa a menos para nos preocuparmos.
— Irei primeiro para assegurar que é seguro para você, Jen. — Rosé me disse.
Observei minha co-prima(isso existe? Se não existir, não ligo) entrar no Sedan e ele andar. Quando chegou perto do colchão, Rosé abriu a porta e se jogou com tudo. Como estava em uma velocidade baixa, ela escorregou um pouco apenas, raspando um pouco na calçada.
— Merda, a lei da inércia. — Lisa disse, batendo em sua testa.
— Temos que fixar algo para que o colchão não se mova. — Jisoo disse, indo socorrer a amada.
— Essa porra dói. — Rosé disse, fazendo uma careta.
Não sei o que é pior: ter meus órgãos roubados ou minha pele ralada. Observo as meninas pensarem em como farão para deixar o colchão imóvel, e me perco em meus pensamentos. Minha vida deu uma guinada tão forte, que estou aqui, participando de um assalto. Como é a vida, não é mesmo?
— Vamos alugar duas caçambas de lixo. — Lisa nos diz. — Uma para cada lado da rua.
— Mas como vamos treinar agora? — Rosé pergunta. — Não é porque gosto de queijo suíço que quero ficar como um.
Lisa olha ao redor e vai em direção à caminhonete das meninas. Ela entra e traz o veículo até onde está o colchão. Ela estaciona ele na vertical, deixando apenas uma ponta na estrada.
Lisa ajeita o acolchoado, deixando ele em formato de L, e acrescenta alguns travesseiros que trouxeram. Pelo menos parece menos mortal agora, o que me deixa menos tensa. Pai celestial, não deixe ser minha hora ainda, tenho muito que incomodar as recalcadas ainda.
Novamente Rosé entra em movimento, com a velocidade mínima. Quando ela chegou perto, abriu a porta e se jogou. Dessa vez, não escorregou e caiu no macio sem deslizar. A primeira vitória do dia.
— Deu certo — Ela faz um joinha para Lisa.
Agora é minha vez de testar. Confesso que sinto o medo se instalar nos meus ossos, me deixando fraca. Ignorando tudo isso, entro no carro e me concentro em fazer dar certo.
Ave-maria, cheia de graça, não me leva hoje. Sou nova e tenho muito o que viver ainda. Amém.
— Só pule se sentir segura, Jennie. — Lisa me disse, me confortando.
Respiro fundo e aceno com a cabeça, para prosseguirmos com o plano. Quanto antes fizer, melhor para nós. O movimento é lento e cadenciado, tornando fácil de pular. Vejo o colchão, prendo a respiração, abro a porta e me jogo.
O impacto não dói sendo amortecido pela maciez. Meus cabelos voaram pela minha cara, me deixando desnorteada momentaneamente. Anoto mentalmente que irei os prender, assim não vai me atrapalhar.
Lisa vem me checar, me levantando delicadamente. Seus braços me envolveram em um abraço cheio de significados. Arrumando meus fios, seus polegares fizeram um carinho delicado em minha bochecha.
— Você está bem? — Ela me perguntou, logo me dando um selinho.
— Sim, babe, estou bem. — Seus olhos fixaram nos meus, buscando sinceridade.
Ela assentiu e segurou minha mão, nos guiando até as outras meninas. A primeira parte foi fácil, agora a velocidade irá aumentar e creio que teremos que ensaiar muitas quedas ainda. Só espero que tudo dê certo, no fim.
Após dezenas e dezenas de quedas, chegamos agora a real velocidade que estaremos na fuga: algo próximo a 150 km/h. Jisoo controlava muito bem o carro, fazendo com que ele desse inúmeras voltas.
Fiquei embasbacada com a agilidade dela, ela movia o Sedan com uma facilidade impressionante, quase como se sempre fizesse isso. Já achava Jisoo inteligente, mas agora vejo que ela é um gênio. Deve ser de família ser assim.
— Não sabia que Jisoo era tão boa. — Comentei com Lisa.
— Nós passávamos horas jogando, eu e ela. Sempre competimos para ver quem era a melhor. — Ela sorri, olhando para mim. — Vocês estarão seguras enquanto ela dirigir.
Confesso que isso me deixou mais tranquila, mas não quer dizer grande coisa. Isso significa que entregarei a minha vida aos cuidados dela e isso me dá um leve pânico. Ah, vamos lá, aposto que você também ficaria com nervosismo.
Agora era treinar o pulo nessa velocidade e rezar para meu corpinho aguentar. Conforme fomos aumentando o nível, mais almofadas foram acrescentadas para que não sofrêssemos uma morte dolorosa.
Meu corpo está com vários hematomas, então Lisa acrescentou joelheiras e cotoveleiras. Sim, a bicha estava preparada com tudo. O ruim é que terei que colocar eles enquanto fugimos da polícia. Chuchu beleza.
— Vou dar duas voltas para o carro pegar o embalo correto, OK, Jennie?
Faço um ok com meus dedos, e entro no Sedan. Seu motor é tão silencioso que dormiria aqui sem problemas nenhum. Fico impressionada com a rapidez que o veículo desliza pela estrada, esquecendo momentaneamente que tenho que me jogar.
Jisoo embarca na terceira volta e sei que é meu momento de brilhar. Abro a porta e me jogo novamente, sentindo o impacto e me arrematando para frente. Se não fosse a caminhonete, com certeza estaria frita.
Porém, algo saiu do planejado. Com minha queda, acabei caindo com o rosto em um travesseiro, bati a testa no acolchoado e meus joelhos se dobraram, como se fosse um gafanhoto pronto para saltar.
— Puta que pariu, cadê meu seguro de vida? — resmunguei, a voz ainda meio sufocada no algodão.
Quando levantei, com o cabelo cobrindo metade do rosto e a dignidade sendo assassinada, Lisa segurava uma risada tão forte que parecia que ia explodir. Não só ela, como a piranha da minha prima e sua esposa. Vacas ridículas. Quero ver quando for com elas.
— Você... você parecia um míssil... só que... molenga! — Rosé gargalhava, dobrada de tanto rir.
Levanto meu dedo do meio, irritada com o deboche. O que não durou muito, pois acabei gargalhando junto com elas. Foi um dos poucos momentos em que não senti um peso enorme em meus ombros.
— Você está rindo, mas quero ver sua vez. — Rosnei para ela. — Vou gravar tudo e publicar no Tik-Tok.
Rosé parou de rir na hora. Ah, quando a pimenta é no seu cu, o refresco não cai nos olhos. Pera, quando o refresco bate no cu. Não, é quando o cu bebe pimenta... Ah, que se foda, o importante é que irei gravar a cena e mostrar para as crianças.
Lisa veio até mim e me puxou num abraço caloroso, ainda rindo baixinho. Belisquei sua cintura, e ela resmungou momentaneamente, mas sem tirar o sorriso do rosto. Idiota, depois vem me pedir beijo e carinho. Vou é dar minha mão na cara dela.
— Você é a coisa mais linda até caindo desengonçada, baby — ela disse, beijando minha testa.
Acabo me derretendo em seus braços, aceitando seu abraço. Sinto seu perfume amadeirado e sinto um pouco de paz novamente. Ela é minha calmaria nesse momento de tempestade, tudo que eu preciso.
Observo Rosé se jogar e tenho um ataque na hora. Se eu parecia um gafanhoto, ela pareceu uma perereca toda aberta. Seus cabelos loiros se espalharam por toda parte, e sua bunda estava toda empinada.
Ainda bem que gravei, assim posso chantagear Rosé quando quiser. E de quebra, divirto meus filhos e a mim.
Olho para o lado e vejo Lisa gargalhando enquanto Jisoo corre para socorrer a amada. Fechei os olhos e suspirei. Se nem a gravidade nos derruba de vez, talvez ainda tenha salvação nesse plano maluco.
Indíce
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