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As Golpistas- O grande dia

As Golpistas

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As Golpistas O grande Dia

P.O.V NARRADOR

 

 

Hoje seria o grande dia. Dez pessoas estavam reunidas no galpão da oficina de Jisoo e Rosé. Quatro estavam empolgadas e seis estavam nervosas, esperando que os planos dessem certo. Outras três, em outro lugar, apenas aguardavam a deixa para entrarem em ação também.

Lisa analisava o plano novamente em sua mente, olhando para sua namorada com um nervosismo extremo. Se algo acontecesse com Jennie, ou com qualquer outra menina ali, ela se culparia pelo resto da vida. Nada poderia sair errado, não poderia haver imprevistos, nada sairia de controle. Esse era o mantra que regia sua mente no momento.

Jennie consultava seu relógio pela décima vez no dia, aguardando o horário de seu espetáculo. Vestia roupa formal, o que dificultaria sua fuga, mas levava uma calça em uma mochila, que trocaria no veículo onde Rosé e ela usariam para fugir.

Rosé olhava o mapa, buscando uma melhor rota de fuga, para que tudo desse certo. Gravava mentalmente o nome das ruas e suas dobras, para confundir a polícia e ajudar a despistar, ao menos por um tempo.

Jisoo checava as câmeras, digitando em um notebook especial. Confirmava a conexão entre o controle e os veículos, para não haver futuros problemas. Também já havia checado a qualidade dos automóveis, não deixando brechas para erros.

Yuki e Minnie fingiam estar empolgadas com o assalto, pegando as metralhadoras e as checando. Suas dublês já estavam com roupas idênticas às delas e às de Lisa, apenas aguardando para entrarem em cena.

Já os rapazes se davam soquinhos e comemoravam a vida nova que teriam. Uma pena que nada sairia como planejado para eles. Eram apenas peões que seriam descartados no momento certo.

Com um pigarro alto, Lisa chamou a atenção de todos para si. Ela entregou quatro relógios para os mercenários, todos sincronizados com o seu. Eram digitais, com pulseira de couro, para evitar que escorregassem de seus corpos.

— Prestem atenção, rapazes — sua voz dura ecoou pelo ambiente. — Os três que irão para a delegacia vão colar as bombas em vários pontos. Quero aquela delegacia um caos. — Eles assentiram. — Quando der 10:30, pressionem o botão do lado esquerdo. Ele vai acionar as bombas.

Os três homens bateram em contingência de brincadeira. Sorriam demais, achando que estavam prestes a se tornarem homens ricos. Entraram no veículo, indo em direção à delegacia do distrito, cheios de esperança.

Peter dirigia com calma; afinal, não queria chamar atenção desnecessária. Seus parceiros ajustavam as fitas de cola em suas bombas, para agilizar o processo ao chegarem no alvo principal.

— O que vocês vão fazer com o dinheiro? — puxou assunto, olhando-os pelo retrovisor.

— Cara, quero fazer um festão — um respondeu. — Quero chamar umas puta, beber até dizer chega.

Seus colegas riram de seu plano. Afinal, tinham algo parecido em mente, acrescentando apenas algumas drogas para tornar tudo um pouco mais interessante. E, claro, fugir quanto antes dali.

Logo Peter avistou a delegacia, diminuindo a velocidade do carro. Ligou para Lisa, usando um celular descartável, e informou que havia chegado com antecedência. Enquanto aguardava o "OK", sinalizando que as câmeras de segurança estavam desligadas, batucava no volante.

— Nunca fiz isso, dá uma adrenalina. — Um dos homens comentou.

— Quando mais 'porco' explodir, melhor. — Peter disse, fazendo os homens rirem. A morte dos oficiais os agradavam mais do que tudo.

Enquanto isso, Jisoo já estava no prédio abandonado, pronta para fazer sua parte. Observava o veículo estacionado na parte de trás da delegacia, onde seriam implantadas as bananas de TNT.

Ao dar um sinal para Lisa, indicando que tinha acesso às câmeras, Jisoo focou no joystick em sua mão — o qual controlava o veículo que os três mercenários usariam após abandonarem o carro inicial, onde falsas pistas haviam sido plantadas. Os mercenários nem faziam ideia disso.

— Lisa, está na hora do show começar. — Jisoo falou através do óculos Meta.

Lisa deu o comando para que eles entrassem em ação, e assim fizeram. Abandonaram o automóvel com que vieram, carregaram as bolsas com armamento e seguiram em direção ao objetivo principal: os muros da delegacia.

Furtiva e estrategicamente, colocaram as cinco bananas, cada uma com um temporizador. Olharam ao redor para não parecerem suspeitos e não se preocuparam com as câmeras, pois achavam que não estavam sendo vistos. Ledo engano.

O monitoramento da delegacia achou os movimentos suspeitos, entrando em estado de alerta. Acompanharam os homens indo na direção oposta à que chegaram e entrando no automóvel.

Quando os policiais se armaram para ir atrás deles, o relógio marcou dez e meia, e alarmes soaram nos visores dos quatro relógios: três estavam perto; um, longe da ação, mas pronto para a próxima.

Jisoo observava tudo, controle a postos. Olhando pela câmera do veículo onde estavam os mercenários, esperou que eles apertassem o botão e assistiu às câmeras da delegacia perderem conexão com ela. Sorriu, satisfeita.

— Vão para a puta que pariu, cada um de vocês, oficiais filhos da puta! — Peter gritou, apertando o botão ao mesmo tempo que os colegas.

Os muros da delegacia explodiram, voando por toda parte. O estrondo foi ensurdecedor, gerando caos imediato. Fragmentos atingiram policiais, deixando muitos desnorteados. Quem monitorava as câmeras entrou em pânico, pois sabia que aquilo havia passado dos limites.

Policiais corriam por todo o lado — uns auxiliando os feridos, outros pegando armamento e indo para fora, tentando encontrar os responsáveis. O rádio não parava: ordens cruzadas, pedidos de reforço, gritos confusos.

— VÃO SE FUDER! — gritaram dentro do carro, gargalhando. O alerta se espalhou por toda a cidade. Bombeiros, patrulheiros, FBI... tudo foi acionado para dar suporte à situação. A urgência era máxima. Em poucos minutos, uma frota de veículos partiu rumo ao estrago.

Após apertarem o botão que ativava o temporizador, os homens comemoraram o impacto. Mais soquinhos, cumprimentos e um telefonema para Lisa. Mas algo estranho aconteceu. Ela não atendeu.

— A puta não está atendendo, porra! — Peter gritou, socando o volante.

Lá fora, a movimentação crescia. Policiais saíam armados, cercando a área, vasculhando os arredores. Quando alguns se aproximaram demais, Peter decidiu sair dali.

Engatou a marcha à ré e pisou fundo. Nada. O carro não se moveu. Pisou de novo. Nada. Mais uma vez. Ainda nada. De repente, com um tranco seco, o automóvel deu um solavanco. Mas não foi para trás. Foi para frente.

— QUE MERDA É ESSA? — gritou o do banco de trás, segurando no encosto do assento da frente. — Peter, dá ré, caralho! — o carona berrava, desesperado.

— 'Tô' tentando! Essa merda não me obedece! — Rosnou, a paciência saindo de si.

O desespero tomou conta do veículo. Os policiais lá fora começaram a apontar suas armas em alerta total. Ninguém sabia se era ataque suicida ou manobra. Ordens estavam sendo ditas e ignoradas pelo condutor.

— Elas nos foderam. Quando a gente sair dessa, vou matar essas putas! — o mais novo gritou, transtornado.

Do outro lado da cidade, Jisoo segurava firme o joystick. Seus olhos acompanhavam tudo pela filmagem. O carro se movia exatamente como planejado. Ela via os policiais gritando ordens, abrindo caminho, entrando em formação. Não precisava ouvir nada para saber o que diziam.

O veículo ganhou velocidade, fazendo policiais se jogaram para os lados, em desespero, tentando escapar do impacto. Eles atravessaram a entrada da delegacia, arrebentando tudo pela frente.

Dentro dele, os homens gritavam, tentando achar uma saída, mas era tarde. O impacto foi brutal. Os mercenários sofrendo a consequência do golpe. O do banco traseiro desmaiou na hora, o carona bateu a cabeça contra o vidro e Peter foi arrebatado para frente.

Por sorte — ou não —, nenhum civil foi atingido. Todos haviam corrido a tempo.

— SAIAM DO CARRO COM AS MÃOS LEVANTADAS! — policiais gritaram, cercando o veículo.

Jisoo ainda tinha conexão, então conseguia ver claramente a poeira baixando e mais oficiais surgindo pela frente e por trás. Quando estavam razoavelmente perto, ela apertou um botão, e um disparo foi feito.

Movidos pelo instinto, os policiais revidaram de imediato. Dispararam em todas as direções, sem saber de onde exatamente viera o primeiro tiro. Achavam estarem sob ataque direto. Os tiros vieram da frente e de trás.

Os policiais continuaram atirando. Não tinham certeza se estavam sendo revidados ou se era tudo uma armadilha. Continuaram até a munição acabar, até o silêncio tomar conta novamente.

— SAIAM DO VEÍCULO! — ordenaram mais uma vez, agora com cautela redobrada.

Nenhuma resposta. Se aproximaram devagar, lanternas acesas nas armas, apontando diretamente para o carro. Quando chegaram perto o suficiente e iluminaram o interior, recuaram de imediato.

Os três homens jaziam mortos. Os vidros não eram blindados e não resistiram à chuva de balas. Seus corpos estavam perfurados. Os relógios explodiram em sequência, desativando a conexão remota.

Do outro lado, Jisoo fechou os olhos por um segundo. Respirou fundo. Uma lágrima escorreu por seu rosto, mas ela a enxugou rapidamente. Ainda havia muito trabalho pela frente.

— Lisa, está feito — avisou pela ligação.

— Como está a situação na redondeza? — Lisa perguntou, voz séria.

— Pelo que estou vendo, inúmeras viaturas estão indo até lá — respondeu Jisoo, suspirando alto. — Chamamos a atenção necessária.

— Ótimo. Está na hora das meninas brilharem. Câmbio, desligo.

Digitando algumas coordenadas no notebook, Jisoo finalizou a conexão, redirecionando a criptografia para outro endereço. Seus dedos se moviam com agilidade, manipulando códigos. Assim que concluiu o processo, pegou o celular e ligou para sua amiga. Agora se iniciava uma nova parte do plano.

 


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