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As Golpistas-Hora da atuação

As Golpistas

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As Golpistas Hora da Atuação

Roger, agora com o banco dominado, relaxou completamente — acreditava estar em vantagem. Com todos, exceto Marcus, ajoelhados com as mãos sobre a cabeça, ele caminhava entre os reféns, espalhando o terror com o simples toque de seus passos.

No túnel abaixo, Lisa, Yuqi e Minnie aguardavam o momento certo. Os relógios estavam sincronizados com o de Roger. Quando ele detonasse acima, elas fariam o mesmo abaixo. Haviam se afastado o suficiente para evitar ferimentos com a explosão.

A área subterrânea estava pronta: carrinhos de controle remoto alinhados, preparados para transportar o dinheiro. Elas só precisavam de tempo — e de sorte. Uma ficaria no carro, outra no cofre, e a terceira no controle dos carrinhos.

Lisa checava seu relógio de minuto em minuto. Jennie também. Duas mães, unidas por amor aos filhos, agonizavam com o destino. A única diferença entre elas era que Lisa conhecia o desfecho daquele dia. Jennie apenas torcia para que tudo corresse bem.

— Jennie, as pessoas já estão em posição de refém. É sua deixa. — A voz de Jisoo soou no fone.

Jennie olhou o relógio, o tempo parecia mais lento. Fingindo preocupação, ela desceu lentamente em direção ao saguão. Cada corpo ao chão, cada rosto apavorado, apertava sua garganta. Sua mente repetia o mantra de que tudo daria certo, era tudo parte do plano.

Seu coração palpitava. O medo ameaçava dominá-la, subindo pela espinha. Mas ela usou isso como combustível. Transforme o medo em atuação, repetiu para si. Manteve a expressão de pânico e se apoiou no corrimão para se equilibrar melhor.

Roger a viu — era o sinal. Apontou a arma para ela. Mesmo sabendo que era encenação, Jennie não conseguiu evitar o tremor. Seus músculos retesaram, ela sabia que qualquer erro podia custar tudo.Jisoo, do outro lado da conexão, captou a tensão real.

— Fique tranquila — sussurrou. — As meninas estão a postos. Se o babaca pensar em te atingir, vai cair morto na mesma hora.

Jennie soltou um suspiro curto, ainda tremia. Quando se aproximou de Roger e Marcus, Roger a agarrou com brutalidade. A falsa Lisa olhou para ele e, com um movimento sutil, mirou a arma para cima. Um aviso silencioso: passou dos limites.

Roger cerrou os dentes, mas recuou. Sabia que estava em desvantagem. Deu de ombros e largou Jennie ao lado do gerente. Marcus a abraçou, tentando confortá-la. Ela se encolheu — de nojo, não de medo.

— Agora, Ken do Paraguai, me leve até o cofre — disse Roger, puxando o gerente pela gola e apontando a arma para seu peito.

Marcus tremia. Seu coração batia tão forte que parecia rasgar seu peito por dentro. O suor brotava da testa e ele o enxugava com a gravata, como se isso fosse lhe devolver o controle. Última coisa que tinha era controle sobre qualquer situação.

Roger fez sinal para a falsa Yuqi, que se aproximou e pegou Jennie. Tudo seguia conforme o esperado — ou ao menos Roger acreditava nisso. Um sorriso largo não saía de seu rosto. Era a adrenalina. Era o poder. Ele se sentia invencível.

Marcus tropeçava enquanto era conduzido até o cofre falso, como fora previamente instruído. Jisoo monitorava tudo, manipulando as imagens, desfocando as dublês o suficiente para confundir qualquer tentativa de reconhecimento.

A falsa Minnie, do lado de fora, observou as viaturas se aproximando. Sabia que era hora de agir e ergueu a metralhadora. Seus disparos foram precisos, destruindo as câmeras frontais, protegendo Rosé da exposição.

Jisoo desativava, uma a uma, as câmeras da área. Imagens de Rosé jamais seriam divulgadas. A via dos colchões, ponto de fuga, já estava às escuras. Tudo conforme o planejado.

Tudo pronto com os sistemas visuais. Jisoo focou novamente no banco e no assalto, vendo Roger guiando Marcus para os fundos. Secando o suor da testa, diante a tensão, avisou:

— Atenção, Lisa. Roger está indo para o cofre falso. — Sua voz tremia. — Fiquem prontas para a explosão.

Lisa ouviu e se posicionou em segurança. Uma escada improvisada a levaria ao cofre quando o caminho estivesse aberto. Yuqi e Minnie tomaram seus postos: uma na entrada e a outra ao lado de Lisa.

Na superfície, Roger empurrava Marcus com impaciência. Chegando ao cofre falso, parou diante da visão surreal: uma porta metálica branca com colunas ao lado, simulando um templo grego.

Uma grande roleta enfeitava o centro, simulando uma fechadura. Duas plantas altas enfeitavam o ambiente, dando impressão de requinte. Um pequeno quadrado, quase imperceptível, era a verdadeira tranca digital.

Roger assobiou alto, impressionado. Aquilo era melhor do que ele sonhara. Não percebendo o sistema eletrônico, e influenciado por filmes, colou uma carga explosiva direto sobre o trinco.

Marcus ficou ainda mais apavorado. Esperava inteligência do assaltante — ou pelo menos cautela. Tentou fugir, mas Roger foi mais rápido atirando em sua perna.

Um grito gutural rasgou a garganta de Marcus. Ele caiu, pressionando a panturrilha ensanguentada, tentando estancar a ferida. Não viu quando Roger se aproximou e desferiu um tapa forte em seu rosto.

— Mais uma gracinha e o próximo vai ser no meio da sua testa — rosnou, empurrando a face do homem com a ponta da arma.

Puxando o homem ferido, Roger se escondeu atrás de uma pilastra. Jogou Marcus com brutalidade ao chão e começou a contagem regressiva. Ergueu a mão no ar — cinco dedos foram baixados, um a um, ritmadamente.

— Lisa, cinco segundos para ele explodir o cofre — alertou Jisoo.

Lisa olhou para Minnie, a responsável pelos carrinhos controlados. Ambas respiraram fundo, trocaram um aperto de mão. Não havia mais volta. Era tudo ou nada.

Jisoo digitava freneticamente, alterando dados no notebook e atualizando cada etapa do plano. Seu cérebro dividia-se entre os sistemas de segurança e o andamento da missão. Cada segundo importava.

No carro, Rosé apertava o volante com força. Estava pronta para a fuga: joelheiras, cotoveleiras, cabelo preso. Atrás, uma bolsa no porta-malas esperava, com uma distração para a perseguição. Ao redor, viaturas começavam a cercar o Sedan, mas ainda ignoravam Rosé. Ela se encolheu no banco, o nervosismo latejando em suas veias.

A explosão veio com tudo, fazendo o chão tremer. Os explosivos foram acionados em sincronia, rompendo o cofre falso por cima e o verdadeiro por baixo. A corrida contra o tempo começava.

Jisoo congelou a imagem do cofre real a tempo, garantindo cobertura às meninas. Também desativou redes de conexão da área, criando um apagão digital, dificultando o rastreamento da polícia.

Minnie removeu a película colorida do veículo. O carro azul virou branco; as placas também mudaram. O verdadeiro carro, com esses dados, se encontrava em outro lugar estratégico, tudo parte do jogo.

Lisa não esperou a poeira baixar. Posicionou a escada e subiu pelo buraco. No chão, algumas barras de ouro já haviam despencado. Minnie as carregava em velocidade. Quando o primeiro carrinho encheu, ligou-o e guiou até Yuqi.

As mãos de Lisa jogavam para baixo tudo que podiam — ouro, maços de dólares, documentos valiosos. Minnie tentava abastecer os carrinhos e guiá-los, mas logo percebeu que não daria conta. Não tendo outra alternativa a não ser ligar para Jisoo.

— Soo, assume os carrinhos? Estou atolada aqui!

Do outro lado, Jisoo suspirou. Estava sobrecarregada, mas não era hora de reclamar. Colocou um palito de dente entre os lábios e se concentrou em seu objetivo. Ela era Kim Jisoo. Ela estava OK

— Jennie, vou parar de olhar o monitor. Me avise quando for sequestrada.

Jennie tossiu um "sim" disfarçado. Observava as dublês, ambas as três estavam nervosas, tudo poderia dar errado naquele momento. Elas sabiam seu destino e estavam bem com ele, mas queriam o menos possível de efeito colateral.

Roger apareceu e chamou as falsas Yuqi e Minnie. Ambas com mochilas prontas para carregar ouro e notas. Sabiam que o papel era fingir empolgação e fizeram isso com perfeição.

— Já ouvi sirenes. A polícia chegou — avisou Roger. — Vamos agilizar!

Cada uma das meninas entrou e começou a encher as mochilas. Roger pegava-as e levava para fora. Quando apareceu na porta, viu ao menos dez viaturas. O automóvel de Rosé estava vazio.

Voltando, pegou Jennie com delicadeza. Imaginava que Lisa poderia matá-lo se a machucasse. Decidiu, então, ser gentil.

— Faça seu show — sussurrou. — ESCUTEM AQUI! UM MOVIMENTO EM FALSO E EU ESTOURO OS MIOLOS DESSA VADIA!

Os oficiais se alarmaram, afinal reféns eram civis decentes. Bom, a maioria deles ao menos. Mesmo assim, não arriscaram fazer nada, observando Roger empurrar Jennie para carregar as mochilas.

— Não constava no plano ser burro de carga — rosnou Jennie.

— Cala a boca e colabora — respondeu ele, ríspido.

Jennie obedeceu. Subiu e desceu escadas carregando peso, sob o olhar atento de todos. Roger cutucava suas costelas com a arma. A cada viagem, sua força diminuía, mas sua vontade de terminar crescia.

Quando Roger se deu por satisfeito com a limpa no cofre, chamou as demais. Os quatro estavam reunidos, disfarçados, agindo como uma equipe comum.

Berrando ordens para afastar os oficiais, correram até a van. A falsa Yuqi assumiu o volante. Roger embarcou, satisfeito. Não viu quando a falsa Lisa empurrou Jennie para dentro do Sedan, onde Rosé a esperava, mascarada.

Entrando por último, a falsa Lisa deu o sinal. A van arrancou primeiro.

Agora começava o início do fim.

 


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