Flores de Gelo: O império caído Capítulo 1
O reino de Azuris e Heráclion
O reino de Azuris e Heráclion
O som do crepitar das folhas estava se apagando. Não era algo que se notasse de imediato, mas, para quem conhecia a verdadeira alma do reino, o silêncio era ensurdecedor. As florestas, que antes atraíam forasteiros apenas por sua beleza encantadora, agora guardavam um segredo sombrio. O brilho mágico que emanava das árvores estava se extinguindo, e os animais, antes cheios de vida, pareciam carregar um peso invisível.
— Senhorita Delen... — Robert interrompeu sua fala, ao perceber que Anya não estava no quarto. — Oh... — Ele respira fundo, a expressão se tornando mais apavorada, e a palidez o atinge. — O que vou falar para a rainha agora? — Ele questiona, fechando lentamente a porta do quarto delicado e perfumado.
Anya estava no campo, perto de seu castelo, colhendo flores para decorar seu quarto. A doce menina se abaixa para pegar uma linda rosa vermelha, que refletia a luz solar. O aroma da flor persistia no ar, mesmo com a brisa úmida. Mas logo, seu lindo vestido branco foi manchado com gotas de sangue.
— Ai! — Murmura. — Espetei meu dedo. — Sua voz doce e delicada, como sempre, transparecia animação, mesmo nas circunstâncias mais desconfortáveis.
Anya leva o dedo até a boca, tentando conter o sangramento. Ela o beija suavemente, fazendo com que o sangue parasse de fluir, aliviando a dor leve, mas agoniante. A brisa suave acariciava seus cabelos negros, fazendo-os dançar com o vento.
Com as mãos entrelaçadas sobre o vestido, Anya impede que o vento leve a linda roupa que usava.
— Acho que já é o suficiente... — Ela fala com doçura, abraçando as flores contra o peito, para que não fossem carregadas pela brisa crescente.
Ela atravessa os campos floridos, retornando ao caminho que a levaria de volta ao castelo. Ao passar pela beira da floresta, avista, mesmo à distância, um garoto de cabelos castanhos e aparência humilde. Ele carregava uma pequena bolsa de pano desgastado. O menino atrai toda a atenção de Anya, despertando sua curiosidade.
Logo, o menino se afasta, trazendo Anya de volta à realidade.
— Quem será ele? — A dúvida ecoava em sua mente enquanto ela se aproximava da porta do castelo.
Ao chegar, ela avista novamente a grandiosidade do castelo. Suas imponentes paredes de mármore fino refletiam intensamente a luz do sol, dando a impressão de que o castelo estava brilhando. Ele era rodeado por um delicado rio de águas cristalinas, onde peixes majestosos, com escamas azuis, nadavam com graça. O teto das torres era de um azul celeste, que, por vezes, se fundia com a cor do céu.
— Olá, Princesa Delen, é bom vê-la novamente. — Cumprimentou o guarda, enquanto erguia lentamente a ponte para a jovem.
— Muito obrigada, Maxwell! — Anya respondeu com um sorriso. — Para que toda essa cortesia? Pode me chamar de Anya! — Ela se aproximou da entrada do castelo.
— Certo, Princesa Delen... — O guarda hesitou, mas se corrigiu rapidamente. — Princesa Anya. — O erro fez Anya sorrir, um sorriso brilhante que iluminou seu rosto.
— Está certo. — Ela riu suavemente. — Vou para o meu quarto, Max. Depois, você pode me ajudar? Estou reformando algumas coisas. — Ela disse com a voz suave, cheia de gentileza.
O loiro assentiu, e Anya seguiu seu caminho até seu quarto.
Nos corredores iluminados do palácio, onde a luz das lamparinas refletia nas paredes, Anya se deparou com sua mãe, a Rainha Delence.
— Senhorita Anya Delence de Azuris! — A rainha pronunciou o nome completo da filha, seguida pela origem de sua linhagem.
— Para falar meu nome completo, só pode estar brava comigo, mãe. — Anya se curvou gentilmente, segurando as pontas de seu vestido.
— Estou sim! Onde foi? — A rainha, com seus cabelos castanhos presos em um coque impecável, disse, seu tom alterado, mas sem perder a elegância. — Logo, a família de Heráclion chegará! — Ela continuava, com um ar de autoridade.
— Estava apenas no jardim, mãe. — Anya respondeu, acariciando as flores que havia colhido.
O olhar de sua mãe parecia penetrar sua alma.
— Vá se trocar, esse vestido está manchado. — Ela apontou para a mancha de sangue na roupa.
— Certo! — Anya respondeu, voltando em direção ao quarto, deixando para trás a mulher de cabelos castanhos e vestido vermelho-vinho.
Ao chegar ao quarto, Anya colocou as flores sobre a cama, ao lado de um vestido que acabara de retirar do guarda-roupa. Ela espalhou três opções sobre a cama, em dúvida sobre qual escolher.
— Será que eu uso o azul? — A garota segurou o vestido azul diante de si e se admirou no espelho arredondado ao lado da janela. O espelho, de detalhes delicados, tinha um significado especial para Anya, pois foi um presente de seu pai.
O vestido azul tinha delicados babados brancos, que combinavam perfeitamente com seus olhos cristalinos.
— Ou será que eu uso o vermelho? — Ela trocou o azul pelo vermelho e se observou no espelho. — Acho que vou com o azul mesmo. — Finalmente, ela tomou sua decisão, trocando de roupa. Depois de se vestir, ela voltou ao espelho, com um sorriso largo e um brilho nos olhos, que tremiam, quase deixando escapar algumas lágrimas.
— Eu me sinto linda! — Ela se elogiou, girando suavemente.
Anya colocou luvas brancas e delicadas, com um leve babado azul claro nas mangas. Arrumou seus cabelos, penteando-os levemente para trás. As ondas negras de seu cabelo eram algo de que ela nunca se cansava; ela adorava suas madeixas onduladas.
— Certo, agora vamos ver se ainda tenho tempo para decorar meu quarto. — Ela olhou para o relógio antigo na parede, que sempre marcava a hora com precisão: 9:15 da manhã.
O encontro estava marcado para as 10h, o que lhe dava tempo suficiente para ajustar os detalhes no quarto.
Ela rearrumou os móveis como desejava, colocando a cama sob a janela para acordar com a luz suave da manhã. O enorme armário permaneceu onde estava, contra a vontade de Anya, mas ela sabia que não conseguiria movê-lo. Sua penteadeira ficou na parede à esquerda da cama, tornando mais fácil se arrumar ao acordar. As flores que havia colhido foram colocadas em jarros de vidro, com uma decoração delicada.
O tempo passou rapidamente, e faltavam apenas 5 minutos para o evento. Anya desceu as intermináveis escadas do castelo com passos rápidos, levantando seu vestido delicado. O desespero a tomou, e ela já imaginava a reação de sua mãe se chegasse atrasada.
Felizmente, Anya chegou ao salão segundos antes do rei de Heráclion e seu filho Peter. Sentiu o olhar de sua mãe sobre ela, mas rapidamente disfarçou com um sorriso forçado.
Sua atenção foi capturada pela imponência das visitas. O rei usava roupas elegantes, cobertas por um grande manto real que arrastava pelo chão branco do castelo. Sua barba estava bem cuidada, com um pequeno enrolado no fim, complementando o bigode. Seu cabelo, curto e bem arrumado, deixava espaço para a coroa.
Ao lado dele, estava um garoto de cabelos bagunçados, olhos negros e roupas finas, com um olhar intrigante. Sua espada, suspensa pela bainha, era algo que ele não parava de tocar.
— Sejam bem-vindos, Senhor Sidmith. — A mãe de Anya cumprimentou.
— Então, Cassandra, vamos aos negócios? — Respondeu o rei.
Indíce
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