Flores de Gelo: O império caído Capitulo 1 - Parte II
— Bem-vindos, cavalheiros! — saudou a rainha Cassandra com elegância, seu tom transmitia hospitalidade.
— Muito obrigado, Madame Cassandra Delence, é uma honra. — respondeu o rei Arthur, inclinando levemente a cabeça em respeito.
— Sejam muito bem-vindos, senhores! — disse Anya, aproveitando a oportunidade para ser cortês, embora mantendo um sorriso discreto.
— Agradeço pela gentileza, princesa Delence. — replicou o rei, curvando-se levemente em reverência à jovem.
Enquanto o rei voltava sua atenção à rainha Cassandra, percebeu que seu filho estava distraído. Discretamente, deu-lhe leves cotoveladas para chamar sua atenção.
— Ahh, muito obrigado e blá-blá-blá... — resmungou Peter, com evidente arrogância, quase cuspindo suas palavras.
Anya o encarou por um breve momento, seu olhar carregado de desdém. No entanto, manteve a compostura, escondendo o desprezo atrás de um sorriso impecável e doce.
As famílias seguiram até a sala de reuniões, um ambiente majestoso decorado com um enorme lustre de cristal, que iluminava uma mesa de vidro com detalhes em madeira. Ao redor, cadeiras elegantes, revestidas com estofados macios, distribuíam-se simetricamente em ambos os lados.
O rei Arthur e seu filho acomodaram-se do lado esquerdo, enquanto a rainha Cassandra e Anya sentaram-se do lado direito. Sobre a mesa, um bule fumegante de chá e várias xícaras de porcelana compunham um cenário refinado.
— Então, senhor Arthur, como eu estava dizendo... — Cassandra começou, mas foi interrompida pelo rei.
— É Árthur, Madame. Rei Árthur. — corrigiu ele, com firmeza, lançando um olhar desafiador, que deixou a rainha ligeiramente constrangida.
Cassandra ergueu o queixo, retribuindo o olhar com elegância. — Rei Árthur, como eu dizia antes de ser interrompida — pontuou com leve ironia — gostaria de apresentar nossos filhos. — Ela direcionou o olhar para o príncipe com uma sobrancelha arqueada.
— Claro! — respondeu o rei, animado. — Este é meu filho, Peter. — disse, entrelaçando o braço pelas costas do jovem loiro.
— E esta é minha filha, Anya. — replicou a rainha, mantendo o tom cordial. — Digam oi, crianças. — adicionou, lançando um olhar significativo para a filha.
— Prazer, Peter! — disse Anya, com suavidade, sem permitir que o comportamento desagradável do príncipe afetasse sua educação.
— Não vou dizer que o prazer é todo meu, garota! — respondeu Peter, inclinando-se na cadeira e apoiando os pés na mesa, como um desafio.
Anya respirou fundo antes de responder. Seu tom era calmo, mas havia firmeza em suas palavras: — Príncipe Peter, respeite minha casa e retire os pés da mesa.
— Ou o quê? — provocou ele, revirando os olhos com desprezo.
— Não vai querer me ver brava — respondeu a jovem, enquanto servia delicadamente uma xícara de chá para o rei, seus olhos fitavam o príncipe por cima do bule.
Peter, relutante, obedeceu, retirando os pés da mesa com um resmungo alto. Em seguida, exigiu: — Me sirva uma xícara também.
Anya, mantendo a paciência que lhe restava, serviu o chá ao príncipe, enquanto os pais observavam o embate em silêncio. Esse silêncio foi quebrado pelo rei Árthur, que cutucou o filho discretamente.
— Não vai agradecer? — sussurrou ele, apenas para receber um olhar irritado de Peter.
— Não! — retrucou o príncipe, em voz alta. — Ela é mulher, não fez mais que a obrigação.
A frase ecoou pela sala, despertando a ira de Anya. A princesa levantou-se rapidamente, empurrando a cadeira com força.
— Já chega. Não vou ficar ouvindo essas besteiras! — declarou com firmeza, antes de pedir licença à mãe e sair da sala com passos decididos.
Anya caminhou pelos corredores do castelo, a raiva evidente em cada movimento, até encontrar Maxwell na ponte.
— Princesa? — perguntou o guarda, notando sua expressão. — Está tudo bem?
— Estava. — respondeu ela sem parar, a voz carregada de frustração.
— O que aconteceu? — insistiu ele, preocupando-se.
Anya parou, virando-se parcialmente. — Aquele... aquele príncipe mesquinho é um idiota! — disparou, cruzando os braços.
Maxwell a observou em silêncio, mas antes que pudesse oferecer ajuda, Anya já retomava sua caminhada.
— Aonde vai? — Gritou, buscando compara sua voz com a distância da princesa.
— Ao jardim, Maxwell, ao jardim!
Anya seguiu para o jardim, mas desviou do caminho planejado, indo diretamente para a floresta. Sua raiva a conduzia, e, ao chegar à margem da mata, respirou fundo, buscando um lugar para se acalmar. Encontrou um banco de pedra próximo à trilha e decidiu se sentar.
Relaxou os músculos tensos, esticando os braços até ouvir o som satisfatório de seus ossos estalando. O sol tocava suavemente seu rosto, trazendo uma sensação de conforto. O vento leve balançava seus cabelos negros, e, por um momento, a serenidade parecia possível.
De longe, um garoto a observava, tentando se esconder entre as árvores. Anya notou sua presença e decidiu abordá-lo.
— Ei, você! — chamou ela, caminhando em sua direção.
Assustado, o menino correu, afastando-se rapidamente.
— Nossa, que recepção agradável. — murmurou Anya, contrariada, mas curiosa.
Sem hesitar, ela seguiu pela trilha que o garoto havia tomado, seus passos lentos e atentos. Enquanto caminhava, admirava a misteriosa beleza da floresta, deixando-se envolver pela tranquilidade do ambiente.
Após algum tempo, Anya encontrou algo inesperado: uma pequena vila escondida entre as árvores. Era um lugar simples, mas encantador, tão distante de tudo que ela conhecia. A princesa caminhou pelas ruas de terra batida, observando com fascínio cada detalhe.
Seu sorriso, gentil e discreto, não passou despercebido pelos moradores, que a olhavam com curiosidade. Sentindo-se deslocada, Anya decidiu retornar ao castelo. Voltou pela trilha, agora com passos rápidos, enquanto os pensamentos sobre o príncipe arrogante começavam a ressurgir.
Ao avistar o castelo, seu semblante sereno deu lugar à expressão de aborrecimento. De longe, viu Peter, e a lembrança do motivo que a levara à floresta a atingiu como um golpe.
— Nessas horas, o castelo devia ter uma porta dos fundos. — resmungou, aproximando-se da entrada com passos pesados.
Maxwell estava na ponte levadiça, como sempre, e a saudou com um sorriso respeitoso.
— Obrigada, Max. — disse Anya, mantendo sua habitual gentileza.
— Por nada, princesa Anya! — respondeu o guarda, em tom cortês.
Antes que pudesse entrar, a voz irritante de Peter ecoou pelo pátio.
— Voltou da caça às bruxas, Anitta?
Anya respirou fundo, mantendo a compostura. Virou-se lentamente. — É Anya. Princesa Delence, para você. — respondeu, firme, sem perder a serenidade.
— Tanto faz. Eu te chamo do que quiser. — provocou o príncipe, com um sorriso zombeteiro.
— Me chame do que quiser, mas fora do meu reino. Ou melhor, não me chame. — disse ela, encarando-o por um instante antes de entrar no castelo.
Peter tentou chamá-la novamente, mas Anya o ignorou completamente. Caminhou pelos corredores do castelo até chegar às escadas que levavam aos aposentos reais. No entanto, em vez de subir, desviou para a sala das empregadas.
Com passos leves, abriu a porta lentamente, evitando qualquer barulho que pudesse denunciá-la. No interior escuro da sala, Anya encontrou o que procurava: um simples uniforme de uma das empregadas. Ela segurou a roupa com cuidado, admirando sua simplicidade.
— Acho que assim consigo me misturar. — murmurou, esboçando um sorriso.
Enquanto se preparava para sair, ouviu vozes no corredor. Alarmada, Anya escondeu-se atrás da porta, torcendo para não ser descoberta. Seu coração batia rápido, mas ela manteve o silêncio absoluto.
Indíce
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